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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Questões debatidas no período vizinho, pré e pós encarnação de Cristo

Pomar entre Saint Julien e Chabliz, França, maio de 2009
*A questão da preexistência das almas foi aceita por Orígenes(nascido na Alexandria, viveu entre 185 e 253) da forma como Platão havia ensinado, mas essa doutrina foi considerada herética pela Igreja porque era considerada contraditória.
*Considerando o neoplatonísmo, Orígenes fala em nous e alma, sendo esta o estado decaído da primeira; porém, quando redimida, volta ao estado original. A obra de Platão será muito estudada durante séculos após a sua morte, gerando outra corrente de pensamento;o neoplatonismo.
* Os escritos platônicos relativos à alma - Timeu e Fedro - foram aproveitados pelos primeiros padres, sobretudo, Santo Agostinho, que também se vale dos neoplatônicos, sobretudo Plotino.
*Embora Platão seja herdeiro da tradição onde prevalece a doutrina da transmigração das almas, esta ideia não foi aproveitada em sua íntegra pelos escritores cristãos, mas tão somente no que diz respeito ao seu retorno a Deus.
* Esse retorno a Deus - em Platão: conhecimento noético - ou seja, a contemplação da Ideia Perfeita - Deus - será chamado na teologia cristã de visão beatífica.
*Especial ênfase deve ser dada ao "mundo das ideias" de Platão, enquanto teoria aproveitada pela teologia cristã. Aquilo que chamamos de realidade empírica e sensível neste mundo nada mais é do que o pálido reflexo das ideias perfeitas e imutáveis que se encontram no mundo inteligível - espiritual. Esse mundo das ideias levou a teologia a chegar à noção de paraíso, onde estão as belezas universais e eternas, isto é, a beleza absoluta. Portanto as noções de belo e bom, enquanto verdadeiras ideias, serão atribuídas a Deus na teologia cristã.
* A ideia de "amor" pode ser encontrada no Banquete (Platão) e parte dela pode ser utilizada também na teologia, não obstante alguns teólogos refutarem fortemente esta idéias.
* Opinião de Santo Agostinho sobre Platão: ao se referir aos filósofos pré-socaráticos, Agostinho os chama de materialistas, mas considera Platão altamente espiritualizado, considerando que, na visão paltônica Deus é algo totalmente imaterial e incorpóreo; todavia, todas as coisas do mundo receberam sua forma de Deus, ou seja, de algo totalmente imutável. Este pensador considera também importante a postura de Platão ao dizer que a percepção não é a ponte da verdade (os sentidos podem enganar), pois temos um pálido reflexo das coisas (a República).
* Agostinho considera também os platônicos superiores na lógica e na ética e estão mais próximos do cristianismo. Ele elogia Plotino como sendo aquele que melhor entendeu Platão. considera também Aristóteles inferior a Platão, no entanto, está acima dos demais filósofos. em contrapartida, não aceita a posição de Platão e Aristóteles no sentido de que todos os deuses são bons e devem ser adorados.
Evidentemente, Agostinho tem uma postura monoteísta e não pode aceitar a existência de outros deuses.
* A cidade de Deus termina com uma descrição que os santos teem do Céu, contemplando Deus (a felicidade eterna). Isto pode ser entendido como o conhecimento no ético platônico.
* Ainda com relação à  ideia de Logus, já preconizada por Orígenes, uma ideia da filosofia grega pode significar ordem, um discurso que expressa a própria ordem e também a razão em sí. Esta foi uma maneira de pensar ainda na era pré-socrática, voltada para o agir prático na polis. Platão e Aristóteles desenvolvem este conceito. Para Platão: a essência das ideias e suprema ideia do bem. Ambos os conceitos são aproveitados na teologia cristã, principalmente por Agostinho.
* Platão divide a realidade em dois mundos (República), sendo um sensível que compreende tudo o que chamamos de real e empírico e outro que eterno e imutável, onde estão as formas perfeitas (ideias), enquanto dimensão incorpórea, mas sendo causa verdadeira do citado mundo sensível. Estas duas realidades estão também na Cidade de Deus, de Agostinho.
* Ainda com relação ao homem, encontra-se no Fedon (Platão) a visão de dualidade do homem em corpo e alma. esta visão faz parte da teologia cristã desde os seus primórdios.
* Platão concilia dois pensadores opostos: Eráclito e Parmênides. o primeiro fala do movimento de vir, enquanto que o segundo fala na imobilidade. 
Santo Agostinho, por seu turno, promove o diálogo do pensamento platônico com o cristão; mundo das ideias e imortalidade da alma com o paraíso e a ressurreição dos mortos. 
* Agostinho mostra que cada coisa foi criada de acordo com uma idéia específica que está na mente do criador, assim ele está em concordância com o mundo paltônico das idéias.

Fonte:artigo Idéias Platônicas Utilizadas 
Pelo Cristianismo, do professor Carlos Copelli Neto
para a revista Filosofia, da Editora Escala.

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