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domingo, 30 de junho de 2013

Lúcia Hippólito descreve a construção do Nunca Antes

NASCIMENTO DO PT
O PT nasceu de cesariana, há 29 anos. O pai foi o movimento sindical, e a mãe, a Igreja Católica, através das Comunidades Eclesiais de Base.
Os orgulhosos padrinhos foram, primeiro, o general Golbery do Couto e Silva, que viu dar certo seu projeto de dividir a oposição brasileira.Da árvore frondosa do MDB nasceram o PMDB, o PDT, o PTB e o PT... Foi um dos únicos projetos bem-sucedidos do desastrado estrategista que foi o general Golbery.
Outros orgulhosos padrinhos foram os intelectuais, basicamente paulistas e cariocas, felizes de poder participar do crescimento de um partido puro, nascido na mais nobre das classes sociais, segundo eles: o proletariado.
CRESCIMENTO DO PT
O PT cresceu como criança mimada, manhosa, voluntariosa e birrenta. Não gostava do capitalismo, preferia o socialismo. Era revolucionário. Dizia que não queria chegar ao poder, mas denunciar os erros das elites brasileiras.
O PT lançava e elegia candidatos, mas não "dançava conforme a música". Não fazia acordos, não participava de coalizões, não gostava de alianças. Era uma gente pura, ética, que não se misturava com picaretas.
O PT entrou na juventude como muitos outros jovens: mimado, chato e brigando com o mundo adulto.
Mas nos estados, o partido começava a ganhar prefeituras e governos, fruto de alianças, conversas e conchavos. E assim os petistas passaram a se relacionar com empresários, empreiteiros, banqueiros.
Tudo muito chique, conforme o figurino.
MAIORIDADE DO PT
E em 2002 o PT ingressou finalmente na maioridade. Ganhou a presidência da República. Para isso, teve que se livrar de antigos companheiros, amizades problemáticas. Teve que abrir mão de convicções, amigos de fé, irmãos camaradas.
Pessoas honestas e de princípios se afastam do PT.
A primeira desilusão se deu entre intelectuais. Gente da mais alta estirpe, como Francisco de Oliveira, Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho se afastou do partido, seguida de um grupo liderado por Plínio de Arruda Sampaio Junior.
Em seguida, foi a vez da esquerda. A expulsão de Heloisa Helena em 2004 levou junto Luciana Genro e Chico Alencar, entre outros, que fundaram o PSOL.
Os militantes ligados a Igreja Católica também começaram a se afastar, primeiro aqueles ligados ao deputado Chico Alencar, em seguida, Frei Betto.
E agora, bem mais recentemente, o senador Flávio Arns, de fortíssimas ligações familiares com a Igreja Católica.
Os ambientalistas, por sua vez, começam a se retirar a partir do desligamento da senadora Marina Silva do partido..
QUEM FICOU NO PT?
Afinal, quem do grupo fundador ficará no PT? Os sindicalistas.
Por isso é que se diz que o PT está cada vez mais parecido com o velho PTB de antes de 64.
Controlado pelos pelegos, todos aboletados nos ministérios, nas diretorias e nos conselhos das estatais, sempre nas proximidades do presidente da República.
Recebendo polpudos salários, mantendo relações delicadas com o empresariado. Cavando benefícios para os seus. Aliando-se ao coronelismo mais arcaico, o novo PT não vai desaparecer, porque está fortemente enraizado na administração pública dos estados e municípios. Além do governo federal, naturalmente.
É o triunfo da pelegada.

Este texto é de autoria de Lucia Hippólito, que é cientista politica, historiadora e conferencista brasileira, especialista em eleições, partidos políticos e Estado brasileiro. Ela sofreu, recentemente, um ataque de uma doença auto-imune. Os adoradores do PT não se furtaram a comentários hediondos como: "Ela ter pago pela língua".
 O que observo com maior perplexidade, neste Estado PT, é a instalação desta modalidade de pensamento, raciocínio revanche pessoal inadmissível para governantes e partidários sérios. 
Nem mesmo ousam rebater os argumentos de forma madura, franca e transparente, a truculência cresce e torna-se abominável, é execrável, para nós que assistimos a tudo financiando o circo com nossos impostos, é inaceitável.

Abaixo, paralelos históricos importantes, praticamente uma autópsia deste partido que literalmente morreu ao entrar no poder e hoje, morto -vivo nos assombra com suas exibições do que Nunca Antes testemunhamos com tanta condescendência:
Diamantina, Interior de Minas Gerais, 1914.
O jovem 'Juscelino Kubitschek', de 12 anos, ganha seu primeiro par de sapatos.
Passou fome. Jurou estudar e ser alguém. Com inúmeras dificuldades, concluiu o curso de Medicina e se especializou em Paris.
Como Presidente, modernizou o Brasil.
Legou um rol impressionante de obras e; humilde e obstinado, era (E AINDA É) querido por todos.
Brasília, 2003. 

Lula assume a presidência. Arrogante, se vangloria de não haver estudado.
Acha bobagem falar inglês. 'Tenho diploma da vida', afirma. E para ele basta. Meses depois, diz que 'ler é um hábito chato'.
Quando era 'sindicalista', percebeu que poderia ganhar sem estudar e sem trabalhar - sua meta até hoje.
Londres, 1940.
Os bombardeios são diários, e uma invasão aeronaval nazista é iminente. O primeiro-ministro W. Churchill pede ao rei George VI que vá para o Canadá.
Tranqüilo, o rei avisa que não vai. Churchill insiste: então que, ao menos, vá a rainha com as filhas. Elas não aceitam e a filha entra no exército britânico; como 'Tenente-Enfermeira', e, sua função é recolher feridos nos bombardeios.
Hoje ela é a 'Rainha Elizabeth II'.
Brasília, 2005. 
A primeira-dama (? que nada faz para justificar o título) Marisa Letícia, requer 'cidadania italiana' - e consegue.
Explica, candidamente, que quer 'um futuro melhor para seus filhos'.

Washington, 1974.
A imprensa americana descobre que o presidente Richard Nixon está envolvido até o pescoço no caso Watergate. Ele nega, mas jornais e o Congresso o encostam contra a parede, e ele acaba confessando.
Renuncia nesse mesmo ano, pedindo desculpas ao povo.
Brasília, 2005. 
Flagrado no maior escândalo de corrupção da história do País, e tentando disfarçar o desvio de dinheiro público em caixa 2, Lula é instado a se explicar.
Ante as muitas provas, Lula repete o 'eu não sabia de nada', e ainda acusa a imprensa de persegui-lo.
Disse que foi 'traído', mas não conta por quem.

 
Londres, 2001.
O filho mais velho do primeiro-ministro Tony Blair é detido, embriagado, pela polícia.
Sem saber quem ele é, avisam que vão ligar para seu pai buscá-lo.
Com medo de envolver o pai num escândalo, o adolescente dá um nome falso.
A polícia descobre e chama Blair,' que vai sozinho à delegacia buscar o filho'.
Pediu desculpas ao povo pelos erros do filho.
Brasília, 2005. 
O filho mais velho de Lula é descoberto recebendo R$ 5 milhões de uma empresa, financiada com dinheiro público. Alega que recebeu a fortuna vendendo sua empresa, de fundo de quintal, que não valia nem um décimo disso.O pai, raivoso, o defende e diz que não admite que envolvam seu 'filhinho nessa sujeira'.

 
Nova Délhi, 2003.
O primeiro-ministro indiano pretende comprar um avião novo para suas viagens.
Adquire um excelente, brasileiríssimo 'EMB-195', da 'Embraer', por US$ 10 milhões.
Brasília, 2003. 
Lula quer um avião novo para a presidência. Fabricado no Brasil não serve.
Quer um dos caros, de um consórcio franco-alemão. Gasta US$ 57 milhões e,
AINDA, manda decorar a aeronave de luxo nos EUA. 'DO BRASIL NÃO SERVE'.
'O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons.'
Martin Luther King

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Bóris Fausto - Sobre a Ditadura

Em 1964, Bóris Fausto tinha 34 anos, era graduando em história pela Universidade de São Paulo -USP.
Não sabia como seria o destino da democracia brasileira e se mantinha positivo, pensando, "inclusive que o novo regime poderia não contrariar nenhuma norma moral, já que a tomada de decisão do golpe estava sendo feita em nome da recuperação e promoção de valores democráticos. 
Não se realizaram esforços para organizar as massas em apoio ao governo; não se tentou construir um partido único, acima do Estado, nem uma ideologia capaz de ganhar setores letrados. 
Pelo contrário, a ideologia de esquerda continuou a ser dominante nas universidades e nos meios culturais em geral." 
O historiador em momento algum nega a existência da ditadura durante o regime militar, entretanto põe em questões que esse momento da história brasileira teve,  mesmo de forma esparsa(e refutável), centelhas de democracia. 
"O regime implantado em 1964 não foi uma ditadura pessoal. Poderíamos compará-lo a um condomínio em que um dos chefes militares - general de quatro estrelas - era escolhido para governar o país com prazo definido. A sucessão presidencial se realizava de fato no interior da corporação militar. Na aparência, de acordo com a legislação, era o congresso que elegia o presidente da República, indicado pela Arena. Mas o Congresso, descontados os votos da oposição, apenas sacramentava a ordem vinda de cima."
...
CULT: E como foi com as pessoas do seu convívio? Como os acontecimentos do ano de 1064 interferiram no seu momento de graduação?
B.F.: Minha posição como estudante era bastante excepcional. Eu era um aluno muito mais velho do que os demais da turma. eu não tinha nenhum grande envolvimento, do ponto de vista universitário. Mas o golpe, nas suas consequências, imediatas para certas pessoas, não todas, não a maioria, mas uma grande parte, tinha algumas coisas de possível. Havia alguma coisa no ar que poderia ir para a esquerda ou para a direita numa situação particularmente tensa. Muita gente não imaginava qual seria a profundidade do golpe. eu me lembro, numa discussão com amigos: será que vão cassar mandatos? Se eles estão falando tanto em restauração da democracia, como é que eles vão compatibilizar isso com cortes no Congresso? Isso é muito contraditório, complicado. Não avaliávamos muito a profundidade daquelas iniciativas. E na universidade se instalou um clima de caça as bruxas, de tensão, de medo. O caso mais típico foi o de medicina, nesse ano de 1964. Havia divisões de carreira e também por razões políticas. Então quando você mistura essas duas coisas, você tem dinamite preparado. Quando houve o golpe, uma situação excepcional, então se criaram muitas condições de dentro para fora, inclusive, a direita da faculdade passasse a dedurar o pessoal que era da esquerda.

CULT:Em que medida o golpe foi ditadura desde o princípio. Havia uma dúvida, na ocasião, se ele era uma ditadura ou não?
B.F.: Naquele momento, a gente, eu, não chegava a perceber qual seria o alcance dessa interrupção de um sistema democrático. "Eles vão fazer uma limpeza, purificar a democracia e nós vamos logo retomar o quadro constitucional. Ou vai haver uma ditadura que vai se aprofundar?" Essa era a dúvida que havia em 64 e 65. Essa dúvida ficou inteiramente resolvida em 1968; com o AI5 ficou claro que tinha se instalado um regime militar autoritário e que tinha vindo para ficar e por muito tempo. até 68 havia uma situação de tensão, de exceção, de violência. a gente não sabia muito bem como seria o desfecho disso, se seria uma transição com muita violência ou se ele consolidaria como uma opção. Hoje se afirma claramente que foi uma ditadura, mas é preciso tomar cuidado para distinguir. Porque quando a gente diz que foi uma ditadura é uma afirmação que cabe de tudo, então é preciso classificar. Foi uma ditadura com algumas características particulares: o Congresso ficou aberto, houve partidos políticos, etc. se você for comparar com a Argentina, é muito diferente. Foi uma ditadura, no Brasil, porque não houve eleições livres, porque quem ficou com o poder foi a cúpula militar. Porque não houve liberdade de imprensa, porque houve violência - a partir de um momento a tortura se tornou instrumento do regime - está claro que foi uma ditadura. A nossa foi muito mais regrada do que a da Argentina.

CULT: E lá ocorreu uma guerra civil.
B.F: Você não tem uma guerra civil aqui, você tem choques, mas choques localizados, aqui você tem um quadro institucional regular; presidências que se sucederam, por meio de eleições fechadas, sacramentadas no Congresso, depois no Colégio Eleitoral. Na Argentina você teve atos mais caóticos e, inclusive muito mais violência.

CULT: Mas essa relativa ausência de choques, essa relativa menor violência, enfim, essa trajetória diferente se deve a quê?
B.F.: Tem a ver com circunstâncias de determinados países e de determinadas situações. No caso brasileiro, 
você tem o fato de que não há uma polarização muito grande da sociedade, 
das diferentes classes sociais, 
então isso reduziu muito o impacto dos choques, porque não houve choques, e possibilitou a existência de uma ditadura que operou uma série de reformas, que era pouco mobilizadora e que se apoiava nos seus êxitos econômicos e também na fraqueza da oposição, além da percepção de certos atores políticos como o Geisel que, por exemplo, permitiu que se fizesse uma transição suave para o regime democrático.

CULT: Poderia me explicar quais são essas características?
B.F.: Uma sociedade que tem como característica um maior grau de composição entre os diferentes atores políticos.
...
CULT: Quatro décadas representam uma distância razoável para podermos contar a história de 1964? A documentação é, de fato, acessível?
B.F.: A respeito de distância, hoje, é muito corrente entre os historiadores a ideia de fazer história do dia anterior, uma história imediata; não há mais preconceito em se falar do passado próximo. eu ainda peguei um tempo em que os velhos professores diziam não ser possível estudar a Primeira República porque era muito cedo, "isso vira política, e não história". 
Os brasileiros entraram nesse campo, porque ninguém trabalhava nesse campo. Dá para fazer história recente, dá, mas há limites. Entram nossas opiniões, a nossa paixão. se você controlar um pouco essa paixão e usar o seu testemunho procurando ser um pouco mais objetivo, pode-se ganhar muito com isso, pode-se apresentar com um relato uma análise muito mais interessante. com relação a documentação, falta de documentação, geralmente é pretexto. a respeito de 64, existem lacunas. Mas existe uma quantidade de coisas abertas, uma parte dos arquivos americanos estão abertos, existe o material de imprensa, mesmo que a imprensa em certos períodos tenha sido censurada, existem inúmeros depoimentos de pessoas que viveram essa época, problemas de documentação, sinceramente, não existem. O episódio da guerrilha do Araguaia, foi bastante exposto. uma das vantagens da distância, é o de se olhar mais para o conjunto, de se ter um pouco mais de frieza em relação a esse período, que não se revela só coisas negativas. todo esse período do regime militar é um período contraditório, ele não tem apenas aspectos negativos - são eles que saltam à vista, mas eles não explicam todo o conjunto do regime militar.

CULT: Você nunca foi ameaçado por ele?
B. F.: Eu tive apenas duas breves prisões, uma em 64, por três dias, e outra no começo dos anos 70, quando fui detido por algumas horas.

CULT: Porque o levaram, já que não era engajado?
BF.: Em 64 fui levado por causa de um inquérito policial militar. Fui processado e ganhei um habeas corpus. O caso terminou aí.
No começo dos anos 70, fui preso apenas porque recebia uma pessoa que tinha envolvimento com opositores. Acharam, então, que eu poderia ter. A diferença é que depois de 68 tudo era arbitrário, pois se quisessem me deixar preso, realmente poderiam. Veja a diferença do quadro de 64, fui pelo caminho judicial e consegui. a repressão se agravou muito. Depois de 68 você já não tinha direito ao habeas corpus e não tinha para quem apelar; se alguém desaparecesse, não se sabia a quem procurar. Nesse sentido, pode-se falar que houve uma democratização da violência, porque isso atingia todo mundo, aqueles contatos de classe média, a ideia de que vou falar com fulano ou sicrano para me ajudar, tudo isso desapareceu.

CULT: E o que teria acontecido se não tivesse ocorrido o golpe de 64?
B.F.: É verdade que nós havíamos chegado a uma situação econômica grave, paralisação no Congresso, radicalização do setor organizado, tudo isso tornou as chances de um golpe algo muito grande. É difícil imaginar o que teria sido o Brasil sem o golpe, mas é evidente que o Brasil estava precisando de uma série de medidas de contenção do plano econômico que teriam de ser feitas no âmbito do regime democrático, mas isso não se realizou. O que ganhou realmente força foi a opção por um golpe.
Eu acho que a lição da época, para as pessoas de hoje é justamente a lição que diz respeito à questão da democracia mais do que a qualquer outra coisa, porque em 64, a direita realmente não apostava no regime democrático, mas a esquerda também não apostava na democracia como um valor muito importante, relevante era uma reforma social, ou para certos grupos, a revolução. Democracia, para alguns, era até um entrave para essa perspectiva de grande transformação social, então, uma das tragédias desse período foi esse abandono da crença na democracia e na necessidade de preservar um sistema político. era muito difícil preservar um sistema político, mas quado não há consciência disso, as coisas se tornam muito mais complicadas. Havia pessoas que buscavam um ajuste do sistema democrático. Mas a tendência na época era de que a democracia era um instrumento, e pode ser um instrumento útil e pode não ser. O que isso tem a ver com os dias de hoje? As gerações novas vivem um clima democrático, com todos os problemas de hoje (violência urbana, etc) mas com tudo isso você tem um regime que se discute, opiniões são ditas, pessoas são eleitas e a imprensa fala. Tudo isso faz parte do ar que se respira. É preciso dizer que essas são conquistas de enorme importância e que, para quem viveu em uma situação de fechamento, ficou registrado que essa época foi uma lição para que isso não aconteça novamente.


Trechos da entrevista do historiador Bóris Fausto, concedida a  Janaina Rocha, publicada na Revista Cult em março de 2004

Foto: fiz em 12 de Setembro de 2011, durante a  manifestação em frente ao mostrador digital que registra o montante de impostos arrecadados. O impostômetro é uma iniciativa da Associação Comercial de São Paulo e foi instalado na diagonal do Páteo do Colégio - Marco Zero de São Paulo.




Todos querem a mudança - O Tempo é Chegado

Porque me criei no Rio Grande do Sul, no interior, não vivi no foco da repressão mais intensa do governo militar. 
Ainda fico penalizada e assustada pela maneira preconceituosa como o pessoal do centro do país se porta e educa seus filhos em relação aos militares. Delicadamente, tenho comentado que tenho amigos militares que admiro e respeito, são  professores, historiadores, estudiosos e especialmente os cariocas, gente espiritualizada, de muito fino trato.
Mas conheço histórias dos que lutaram contra o regime, dos que foram na frente e foram pegos, como o emblemático Stuart Angel.
Se sobre ontem, lemos, somos informados, hoje testemunhamos criminosos que andam a ser privilegiados pelo atual sistema. 
O período do governo militar, pelos seus excessos é um assunto nevrálgico e triste como todo episódio em que há a cessação dos direitos constitucionais e abuso da violência. 
Os culpados pelos crimes daquela ou desta época não devem ser absolvidos sob pena da nódoa não ser removida do poder que foram criados para manter, cumprindo deveres legais e mantendo salva a livre expressão
Se somente simular as condições relatadas por quem viveu na área e na época de maior repressão já é deprimente, me pergunto o que faz com que os contemporâneos das atrocidades se calem. O mesmo velho calo, a mesma velha fraqueza:individualismo.
Pelo que sinto, ninguém sonha com melhorias que tenham como condição o retorno de um governo militar, muito menos os militares, os bons profissionais que conheço. 
Dias atrás passei para os amigos uma carta de um oficial reformado, que consternado com a situação em que o Brasil se encontra, devido a corrupção e desgovernos, se manifestou dizendo que se antes se manteve discreto, agora fará campanha aberta contra o partidão mar de lama. Sua carta chega encimada pela apresentação de outro militar, provavelmente na ativa, que diz: "Esta é a maior batalha sem uso de nenhum artefato bélico. Não somente nós, militares, mas todos os brasileiros insatisfeitos com as mentiras deslavadas, vamos usar apenas um tipo de arma, que causará em todos os enganadores do Brasil, ferimentos mortais. Esta arma é a mais simples de todas: o nosso voto. Vamos a luta, Brasil!"
Já o militar aposentado reclama do que reclamamos, e  finaliza:"Precisamos mostrar que temos força, não estamos mortos e eles passarão a se acautelar e nos enxergarão com o justo respeito e dignidade. Essa é a melhor forma... Vamos nos unir, não se acovardem...Votem em quem quiserem, exceto, apenas que não seja alguém do PT ou de seus aliados, pelo amor ao País, vamos impactar com o comodismo que domina o governo federal e mostrar que temos - junto com o povo que é sobreano - a maior força, da internet e do poder do voto.
Já passou da hora de virar a mesa!!!
 "O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que  observam e deixam o mal acontecer."
(Albert Einstein)
"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. E por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso"
Imediatamente alguém se manifestou escandalizado, sugerindo que o oficial reformado vestisse o seu pijama e fizesse o favor de não se manifestar. Escreve:"Quanta tristeza me abate ao ler tão medíocre texto, presunçoso e discriminatório. Existe mesmo algum militar desempregado? Suas filhas já estão casando? Ou abdicaram da pensão "eterna"...Não se trata de política partidária, mas sim de um sistema econômico/político falido. Tributos que nos esmagam, herança corrupta - uma sociedade que se edificou no jeitinho anti-ético, amoral e alienado."
Tem suas razões, na minha opinião, o que não exime os atuais governantes de suas responsabilidade pelo que acontece no nosso tempo.
É evidente que uma sociedade não é culpada, mas se torna cúmplice quando não possui mecanismos para evitar e combater os crimes, mas um partido ou corporação que não identificam nem punem integrantes, indivíduos ou facções que não agem dentro da justiça instituída, é culpada e condenável.
Quem pode condenar o juízo radical que generaliza nas acusações, como tem sido o caso dos familiares ou descendentes das vítimas de tortura? 
O maior descalabro, a origem do sopro infernal que a tudo deforma e desequilibra, põe-se em movimento  quando os responsáveis pela manutenção da seguridade física do indivíduo, tornam-se os violadores da mesma.
Na elucidação das Chaves das Parábolas Maçônicas, precisamente no relato da emboscada preparada contra Hiram, o arquiteto do Templo nomeado pelo Rei Salomão, no momento em que um dos três, o segundo atacante, Miphiboseth, golpeia Hiram com uma alavanca, Éliphas Lévi comenta:

"As reações populares contra a tirania, tornam-se da mesma forma, tirania e atentam mais fatalmente ainda contra o reinado da Sabedoria e da Virtude."
Obviamente se refere às ações violentas. Ao círculo infindável.


Penso que a interrogação, bifurcação vital, que fica é: 
Qual é a nossa posição diante da tortura, ainda hoje oficialmente praticada pelo homem universal contra o homem universal?


Foto: quadro que pintei em óleo sobre um desenho que Joseph fez aos 05 anos de idade

terça-feira, 18 de junho de 2013

Revolução do Vinagre, ou Movimento Acorda Brasil

 O Movimento Acorda Brasil, ou a Revolução do Vinagre reuniu-se às 17:00h deste 18 de junho na Praça da Sé, e cresceu em direção a Prefeitura Municipal. 
Quem foi para se manifestar, manifestou que foi muito bem criado, que não se criou para canga. As mães e pais da geração que ficará conhecida como a Vinagre, estão de parabéns. 
Fiz alguns cartazes, imprimi outros e fui ao protesto com minha filha. Não foi uma ideia criativa, visto que numerosas mães tiveram a mesma. Só quem sofreu foram os despolitizados revoltados, posto que a rapaziada não deixava que os focos de manifestação revoltosa exacerbada se alastrasse. Olhe, observar o barulho de algo sendo arremessado rumo a prefeitura é um livro composto de dez tomos, para quem sabe ler sinais, mas então era de dar pena dos afoitos que tinham que baixar a crista recebendo pito da massa - em público e ao som de coro. O decoro da família brasileira fermentou em torno das mesas nos lares, nos refeitórios tristes da escolas cárceres, e fez crescer o bolo da indignação, pela falta de saúde, educação, respeito com o cidadão, o manjar coberto com uma excessiva pasta de impostos foi deglutido, digerido e os filhos alimentados nesta mesa cresceram e tem ideias próprias. A cereja do bolo, talvez seja o vô ou a vó roubados pelo governo, pelos bancos sem ficalização em suas pensões e aposentadorias. A Geração Vinagre é ácida e cortante. Expõe agora suas ideias avinagradas, que se Deus quiser, haverão de temperar a dúvidas o paladar da classe espúria que encrustou-se no comando do país, acostumada a dóceis cidadãos, sempre boa massa de manobra. 
Os monstros do marketing já lançaram a contra-ofensiva que tenciona dispersar a atenção: votação da "cura gay". 
Enquanto o alvo corre para apagar o fogo, eles cospem o bocado ardido, quem sabe as manifestações, exalações do Vinagre dissipam...








 Nesta altura, parte dos manifestantes parou em frente dos prédios cujas janelas estavam abarrotadas de expectadores, o coro subiu convocando: 
"Tira a gravata 
desce para a 
passeata!" 
Do céu desciam adesões serpenteantes em forma de gravatas. Foi poético.



Estes têm caras de líderes, heim?! imagem que fiz logo após o tumulto da tentativa de entrada na prefeitura. Minha filha e eu, estávamos ao lado. A logística natural do que é para dar certo, do que está maduro e é impecável; grades de contenção derrubadas? Vinha gente de todo lado e repunha. E o respeito com as mães? "Saiam daqui, vamos até ali, aqui pode ficar perigoso". Eu, heim?! Se o mundo todo fosse uma passeata como essa não haveria o que temer, é só ficar entre eles, que é "o melhor dos mundos", estas moças e rapazes e mães do movimento são mais articulados e gentis, civilizados e solidários que a maioria das pretensas damas com poder, por ai.
Com sorte até fazem uma reorganização boazinha no País; fazemos - que mães, professores e gays, gays professores, gays mães e gays pais - vamos lá, é para sentir orgulho e ajudar a encorpar a massa. 
Dando tudo certo, este Feliciano raspará fora em dois tempos, sai com a corja que o usa como cortina de fumaça.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Protestos em 124 cidades no Brasil

Os protestos começaram em São Paulo, pelo aumento da passagem de ônibus, ganharam força e tomam conta das ruas do Brasil recebendo o apoio de brasileiros e simpatizantes pelo mundo afora.
Até este momento a maior parte da imprensa brasileira insiste em declarar que os protestos são pelos 20 centavos de aumento na passagem do ônibus e contra a ação da polícia, que na primeira manifestação interveio efetuando prisões e lançando gás lacrimogênio para dispersar a multidão. O que se vê nas manifestações seguintes são focos pontuais de conflito entre polícia e arruaceiros que se juntam às marchas predominantemente pacíficas. 
Se o equívoco inicial dos policiais (que hoje, de forma anônima divulgaram notas de apoio e solidariedade as mobilizações) foi revisto, a ânsia por encampar o movimento por parte de certos intelectuais do oportunismo, já dá mostras de querer determinar quem pode ou não fazer parte da nação dos que marcham despertos, dos que se taparam de nojo pela apatia, para não dizer covardia dos seus representantes em qualquer e toda área; os que muito têm favorecido os esquemas de mensalões, que têm  possibilitado que uma corja como Nunca Antes se viu, mas há anos está identificada, com seus crimes e desmandos vastamente documentados em filmes e flashes, gravações e dossiês, se tornassem os paxás refestelados de um país que educa crianças na lei do mais forte nas escolas penitenciárias em que professores, se confrontados, esgotados e mal pagos choram ao admitir que acuados pelas circunstâncias gerais perderam completamente o controle da situação. Hoje a convulsão social é iminente, agora à noite manifestantes investiram contra os portões do Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, tentaram invadir o Congresso em Brasília, mas a imprensa noticia que é em função do aumento da passagem de ônibus e contra a polícia. Talvez, não é mesmo? Estou doente, hoje fui procurar socorro no posto de saúde do SUS. Posso descrever o que aconteceu? Tu já sabes, não? 
Mas e a Copa, heim? 
Como será que o Brasil vai se sair? 
Antes que os jovens do dia a dia, os do aperto das lotações começassem as marchas, não sei, mas agora, acho que o Brasil é capaz de ir bem, muito bem.
Estas fotos são da marcha na Avenida Paulista.









Protestos em 124 cidades no Brasil em 24 estados e 58 cidades no exterior em 25 países 

Fotos e cartaz da NET