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quarta-feira, 17 de julho de 2013

Carta/Manifesto do Dr. Carlos França para a Presidente Dilma e o Ministro Padilha

Sr Padilha e Sra Dilma, esta é a minha unidade de saúde UBS Itaipuaçu - Maricá-RJ, há 6 anos governada pelo seu partido. 
É uma casa adaptada com infiltrações e mofo. 
Quando chove, cai água nas salas de atendimento, o arquivo médico inunda e os prontuários....
Falta de tudo, luvas, remédios básicos, mas sobra dedicação para um salário bruto de R$ 1.200,00.

Sabe Padilha/Dilma, 

Não faltam médicos que queiram fazer saúde pública, Isto é mais uma das mentiras de sua ditadura da informação, onde o governo se apoia na premissa "UMA MENTIRA REPETIDA MIL VEZES TORNA-SE VERDADE". 
A minha sala de atendimento não possui ventilador, o de teto é apenas enfeite. O verão nas regiões litorâneas beira os 42 graus, a água potável é disponibilizada à temperatura ambiente. A cidade de Itaipuaçu - do seu governo - não possui rede de água e esgoto. 
Já prescrevi as medicações em qualquer tipo de papel por falta de receituário oficial. 
Apesar de tudo, trabalho e me esforço bastante. 
Em Maricá a saúde foi devastada pelo atual governo, o aparelho de RX está quebrado há 1 ano. 
O ecocardiograma e ultra-som foram roubados (SIC Gestor Público), 
ECG funciona 1 mês e fica 3-4 meses em manutenção. 
Há 8 meses temos a debandada de especialistas, devido ao salário irrisório sem benefícios legais (férias, décimo-terceiro salário, horas extras, insalubridade, etc). Perdemos o endocrinologista, o cardiologista, o reumatologista, o oftalmologista, o neurologista, o nefrologista, o pneumologista, e o ortopedista, etc. 
Então, Padilha/Dilma, a saúde pública que os Srs. querem oferecer à população mais humilde é esta? 
As suas mentiras não vão conseguir se sustentar por tanto tempo mais...

"Não faltam médicos! 
Falta governo!"
Sou médico do SUS, não fujo a luta...
Mas não faço milagres sem infra-estrutura."

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Carta/Manifesto do Dr. Simon Píres, para a Presidente do Brasil

"Oito anos é atualmente o tempo máximo de mandato de presidente da república,não é ? 
Oito anos, presidente, se não estou enganado, é também o tempo limite para que uma pena de prisão em regime fechado possa ser convertida em semiaberto (apreendi isso assistindo na TV o julgamento de alguns conhecidos seus na Ação Penal 470) e por aí vai... 
Enfim, presidente, oito é um número aplicável a tantas coisas... rss ... 
Na China se costuma dizer que oito é o número da sorte. Mas hoje vai ser do seu azar. Explico-lhe brevemente o porquê:
Hoje à tarde, li perplexo na internet as notícias que dão conta do lançamento do seu Programa “Mais Médicos”. 
Não vou aqui gastar seu tempo detalhando um por um os aspectos dele. Nosso tema aqui, presidente, é bem específico – nós vamos falar do aumento do tempo da formação médica de seis para oito anos obrigando-nos a prestar dois anos de serviço no SUS antes de receber reconhecimento oficial como médicos.Presidente Dilma, a senhora sabe o que são “doutorandos” e médicos “residentes”? 
Não sabe, né? 
Lá vai a explicação – doutorandos são, normalmente, estudantes no ultimo dos seis anos da tradicional formação médica que a senhora e os gênios que lhe assessoram querem mudar. 
Médicos residentes já se formaram – tem responsabilidade legal e, trabalhando sob supervisão de colegas mais experientes, fazem uma determinada especialização. 
A senhora sabe o que eles tem em comum, presidente? 
Eu lhe respondo – eles “carregam nas costas os hospitais universitários brasileiros”. 
Eles, para sua informação, já trabalham, na sua gigantesca maioria, em hospitais públicos ou vinculados ao seu maravilhoso Sistema Único de Saúde! 
São eles que atendem a gigantesca massa daqueles que a senhora e seus correligionários do Partido-Religião chamam de “usuários” e nós chamamos de pacientes. 
Enquanto eles estão dentro de hospitais públicos com teto e paredes desmoronando nos ambulatórios, enfermarias e blocos cirúrgicos, a senhora e o Lula são atendidos por outros médicos dentro, por exemplo, do Hospital Sírio Libanês! 
Alguns desses colegas que atendem a senhora e nosso ex-presidente deveriam estar junto com os doutorandos e residentes supervisionando a sua
formação como médicos e especialistas. A senhora sabia disso, presidente??

Mas, por favor, não quero lhe constranger... Vamos dizer que essa sua medida desesperada para se reeleger seja realmente implantada... 
Gostaria de tirar com a senhora algumas duvidas: tem a senhora a noção de que a rede hospitalar brasileira inteira está completamente sucateada, presidente? 
Sabe por quê ? 
Porque malditos colegas meus e seus ajudaram a transformar um país que tem quase o tamanho da China num gigantesco posto de saúde! 
Diga de uma vez por todas isso ao povo, presidente Dilma. Mesmo que a senhora “derrame” 12.000 médicos dentro do SUS de uma hora para outra eu lhe pergunto – Onde e em que condições eles vão trabalhar??? 
Dentro dos famosos pronto-atendimentos? 
A senhora sabe o que é um pronto-atendimento, presidente? Eu lhe explico – é um lugar onde se atende tudo aquilo que não é suficientemente grave e deveria estar num posto de saúde ou é tão sério que deveria estar dentro de uma emergência de verdade! 
Sabe por que esse tipo de imundície foi inventado? 
Para esconder que não existem mais hospitais nesse maldito país. 
Seu antecessor, que nos anos 70 perdeu esposa e filho num hospital público preferiu emprestar dinheiro para Cuba, perdoar a dívida da Bolívia e comprar deputados no Congresso nacional em vez de construir hospitais !

Nas últimas duas semanas, presidente, a senhora propôs ao povo brasileiro um plebiscito, depois um referendo e agora – sempre maravilhosamente assessorada – vem com um absurdo que nem mesmo a ditadura militar quis impor: estender o tempo de formação dos médicos brasileiros por razões ligadas ao fracasso do plano de poder do PT.
Presidente, cada vez que lhe escrevo fico divido. Não sei se expresso a indignação de quase 400.000 médicos brasileiros ou se fico com pena da senhora. Até quando vai esse seu desgoverno? Até onde a senhora acha que pode enganar tanta gente durante tanto tempo?
Afaste-se imediatamente dessa corja de colegas MEUS que lhe assessora, que esqueceram que são médicos, e que depois de formados jamais atenderam ninguém no sistema público. 
Se a senhora não fizer isso, vai apreender de uma maneira dolorosa que políticos podem ter partido..podem ser liberais ou democratas, progressistas ou conservadores..podem até ser ditadores... mas jamais vão ter poder suficiente para aliviar a dor ou evitar a morte. 
Essa função é nossa e, dia após dia, cada vez mais a senhora vem nos impedindo de exercê-la.

Dr. Milton Simon Pires"

Trecho da carta de um médico portoalegrense para a Presidente Dilma, publico como recebi, vem datada de 08 de julho deste ano. 
Charge, da NET

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Triângulo - Ken Follet - livro essencial para estes dias

O coronel Rostow, da KGB, para aliviar a tensão entre ele e o agente egípcio, Hassan, narra a seguinte piada russa:
"Brejnev estava dizendo à sua velha mãe como subira na vida. 
Mostrou seu apartamento, imenso, com móveis ocidentais, máquina de lavar louça, freezer, criados, tudo, emfim. 
Ela não disse uma só palavra. Brejnev levou-a para sua dacha no mar Negro, imensa, com piscina, praia particular, mais criados. Mesmo assim, a mãe continuou a não se impressionar. Brejnev levou-a apar sua cabana de caça, em sua limusine Zil, mostrou os deslumbrantes campos de caça, as armas, os cães. E finalmente disse:
-Mãe, mãe, porque não fala nada? Não está orgulhosa de seu filho?
Ao que ela disse:
Tudo isso é maravilhoso, Leonid. Mas o que você vai fazer se os comunistas voltarem?"

Extraído do livro Triângulo, de Kenn Follet. 
Triângulo foi lançado no Brasil em 1984. No romance eletrizante, o autor pinta um cenário situado durante a competição de vida ou morte entre agentes secretos israelenses e egípcios para a aquisição do urânio necessário para a construção da primeira bomba atômica de ambos os países.  
A trama concebida por Follet, estrutura-se dando ênfase a participação ativa da agência russa KGB, que estimula e manipula entranhada nos bastidores das escaramuças da competição entre os países rivais.
Foto: Selo comemorativo, da NET

terça-feira, 2 de julho de 2013

Carta /Manifesto do Médico Miguel Srougui, a Presidente do Brasil

"Como cidadão, fiquei deslumbrado com o clamor que varre a nação. 
Como médico, e ligado à saúde, mergulhei em esperanças. 
Contudo, com a mesma velocidade que esse sentimento aflorou, fui tomado por uma angústia incontida ao observar as manifestações oficiais.
Anunciou-se solenemente que seriam importados milhares de médicos estrangeiros e injetados R$ 7 bilhões em hospitais e unidades de saúde. 
Também se propôs a troca de R$ 4,8 bilhões de dívidas dos hospitais filantrópicos por atendimento médico e foi anunciada a criação de 11.400 vagas de graduação em escolas médicas.
Perplexo, gostaria de dizer que essas propostas são tão surrealistas que não podem ter sido idealizadas por autoridades sérias, mas sim por marqueteiros afeitos à empulhação. 
Piores do que os depredadores soltos pelas ruas, já que destroem vidas humanas.
A medicina exercida condignamente pressupõe equipes qualificadas, não apenas com médicos, mas também com enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais.
 Exige instalações minimamente equipadas, para permitir diagnósticos e tratamentos mais simples.
Necessita do apoio de farmácias, capazes de prover sem ônus para os necessitados, as medicações essenciais. 
Requer processos de higiene, assepsia e certo conforto, para dar segurança e respeitar a dignidade humana dos pacientes.
O que farão os médicos estrangeiros nas áreas remotas do Brasil apenas com termômetros e estetoscópios nas mãos? 
Irão receitar analgésicos, antidiarreicos e remédios para tosse, o que poderia ser mais bem executado por qualquer prático de farmácia, também afeito às doenças regionais. 
Médicos, que nos casos mais delicados nem atestado de óbito poderão assinar, pois não conseguirão identificar a causa da infelicidade.
Pior ainda, como esses médicos conseguirão atuar limitados pela dificuldade de comunicação, desqualificados para tratar doenças já erradicadas em países sérios, frustrados por viverem em regiões destituídas de condições mais dignas de existência para eles próprios, suas mulheres e seus filhos? Certamente tratarão de migrar para centros mais prósperos, abandonando aqueles que nunca conseguirão expressar a desilusão.
Não custa lembrar que muitos países desenvolvidos aceitam médicos estrangeiros, contudo nenhum deles atua sem ser aprovado em exames extremamente rigorosos, que atestam a elevada competência profissional.
Igualmente falaciosa é a proposta de incrementar os recursos para a saúde. Num país como o Brasil, que gasta apenas 8,7% do seu Orçamento em saúde --muito menos que a Argentina (20,4%) e Colômbia (18,2%)-- somente mal-intencionados poderão acreditar que um aporte de recursos de 0,7% corrigirá a indecência nacional.
Também enganadora é a ideia de se recorrer às instituições filantrópicas. 
Em situação falimentar, deixam de pagar tributos porque não recebem do governo federal os valores justos pelo trabalho. 
Pelo mesmo motivo, serão incapazes de aumentar o já precário atendimento.
Quanto à criação de novas vagas para alunos de medicina, nada mais irrealista. 
Para acomodar os números apresentados, o governo teria que criar entre 120 e 150 escolas médicas. 
Com que recursos? 
Com que professores? 
Com que hospitais?
Presidente, termino pedindo desculpas pela minha insolência. Você, que é digna e tem história, não pode tergiversar perante o clamor de tantos filhos da nação. 
Faça ouvidos moucos ao embuste e combata de forma sincera os malfeitos.
Assuma, de forma sincera e não dissimulada, a determinação política de priorizar os recursos para as áreas sociais. 
Para não ser tomada por angústia infinita ao cruzar com a multidão, entoando com indignação o canto de Chico Buarque: 
"Você que inventou a tristeza/ 
Ora, tenha a fineza/ 
De desinventar/ 
Você vai pagar e é em dobro/ 
Cada lágrima rolada/ 
Nesse meu penar".

Este importante manifesto é de autoria do Dr. MIGUEL SROUGI, 66 anos, pós-graduado em urologia pela Universidade de Harvard, é professor titular de urologia da Faculdade de Medicina da USPe presidente do conselho do 
Instituto Criança é Vida

Foto: fiz durante o protesto que saiu da Sé, foi até a Prefeitura e depois à Avenida Paulista

A Vida Examinada - Sócrates


Vídeo produzido e dirigido por John Almann, apresentado e comentado no programa Sala de Aula da TV Educativa