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domingo, 26 de fevereiro de 2012

John Nascimento- Quaresma

O Evangelho de hoje fala-nos do chamamento de Mateus (Levi) que era um cobrador de impostos e, portanto, considerado por todos como um pecador público. Mas Jesus chamou-o e todavia. “Ele, deixando tudo, levantou-se e seguiu-O”. (Lc.5,28).
E, para além disso: “Levi ofereceu-lhe, em sua casa, um grande banquete e encontravam-se com ele, à mesa, grande número de publicanos e de outras pessoas”.(Lc, 5,29).
Ora, toda esta gente (os publicanos) era considerada como sendo pecadores e, como tal, isto causou gande escândalo aos fariseus e aos escribas, que eram considerados aqueles que cumpriam as leis e eram fiéis aos preceitos de Deus. Daí as suas reações: “Os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo aos discípulos: Porque comeis e bebeis com os publicanos e pecadores ?”.(Lc.5,30).
Mas foi Jesus quem lhes respondeu, dizendo-lhes  :
- “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os que estão doentes. Não foram os justos, mas os pecadores, que Eu vim chamar ao arrependimento”.(Lc5,31-32).
E depois disto, seguiu-se uma saturada discussão sobre o Jejum. 
O chamamento de Mateus (Levi), que era considerado como pecador por ser cobrador de impostos, e a sua resposta pronta ao convite de Jesus,
“Segue-me”, é um “Programa de vida”. É uma conversão. Importa, porém, que a preocupação deste programa de vida  se instaure  com tal força na nossa consciência que, de meio se transforme em finalidade. Na verdade, qualquer que seja  a nossa programação quaresmal, ela tem de estar ao serviço duma única finalidade : A promoção do amor que vem de Deus e toma corpo nas nossas relações inter-pessoais. Esse deve ser o programa fundamental de toda a nossa existência  : Um serviço de amor, uma disponibilidade constante para escutar e acolher, uma decisão firme de servir e de dar, uma obediência atenta às inspirações do Espírito Santo.
A conversão que temos de fazer é só uma : Adotarmos aquelas atitudes existenciais, que nos colocam em melhor condição para refletirmos a paciência e a fidelidade do amor de Deus. É no coração daqueles que são fáceis ao amor, que o próprio Deus marca encontro com cada homem a quem chama à aliança consigo como fez com Mateus. Por isso, a nossa conversão tem valor missionário : Convertemo-nos para servir melhor este projeto de Deus e não para melhorarmos a nossa imagem pessoal. Devemos seguir o chamamento de Jesus, caminhar na Sua Luz todos os dias e confiar em que a nossa conversão seja uma resposta aos amáveis planos de Deus para a nossa vida.
imagens e texto recebidos de John Nascimento/Mahavidya

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Todos Somos Um

"Queridos amigos,
A vida deve ser celebrada, valorizada, pois é o nosso maior presente!
No entanto, quase  uma dezena de  jovens Irmãos nossos da etnia Karajá se suicidaram  nesse começo de ano.  E nesse ultimo fim de semana, um  adolescente com 14 anos da Aldeia Santa Isabel do Morro - Município de São Félix do Araguaia, Ilha do Bananal (Tocantins). As causas  estão sendo levantadas: a desesperança, pobreza, invasão do consumismo,  o consumo de bebidas alcoólicas, drogas... Enfim, nossa responsabilidade. 
Uma força tarefa está sendo acionada. 
Mas, podemos ajudar também enviando energia de alegria, conforto, amor, paz, esperança, coragem, verdade; perdão  a essas famílias enlutadas e esse povo irmão.
Proponho:
No dia 13 de fevereiro/2012, segunda que vem às 21 horas, onde vc estiver, junte-se com um grupo de amigos, ou sozinho... e celebre a vida!! 
Coloque música  de alguma etnia indígena e cante, dance e nessa vibração. 
Peça que seja tirado toda energia desqualificada que está comprometendo o povo Karajá. 
E depois envie energia de alegria, conforto, amor, paz, esperança, coragem, verdade; perdão para as crianças, jovens , idosos, mulheres, enfim as famílias que estão sofrendo com essa tragédia. A atuação deve acontecer em todas as dimensões.
Você pode  também orar, vibrar, rezar.... mas direcione a energia como um lazer para esse povo. É uma experiência, é um aprendizado, é uma caridade... é amor ao próximo!!
                                      Tânia Maria Ribeiro Cavalcante, Tocantins - Movimento Pela Vida 
                                                                                  (taniaiansa@gmail.com)"
carta recebida por reencaminhamento da amiga Mirtzi

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

EVANGELHO Jo 19, 28-37

Naquele tempo, sabendo que tudo estava consumado e para que se cumprisse a Escritura, Jesus disse: 
-Tenho sede. 
Estava ali um vaso cheio de vinagre. 
Prenderam a uma vara uma esponja embebida em vinagre e levaram-Lha à boca. Quando Jesus tomou o vinagre, exclamou: «Tudo está consumado». E, inclinando a cabeça, expirou. 
Por ser a Preparação da Páscoa, e para que os corpos não ficassem na cruz durante o sábado – era um grande dia aquele sábado –  os judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. 
Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro, depois ao outro que tinha sido crucificado com ele. 
Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto, não Lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. 
Aquele que viu é que dá testemunho e o seu testemunho é verdadeiro. 
Ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis. 
Assim aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: «Nenhum osso lhe será quebrado». Diz ainda outra passagem da Escritura: «Hão-de olhar para Aquele que trespassaram».
 Compreender a Palavra
Celebramos hoje a Festa das Cinco Chagas do Senhor. O que queremos celebrar é o Mistério da Paixão. Cristo salva-nos dando a vida na cruz que é “loucura para os que se perdem mas, para os que se salvam, para nós, é força de Deus”. 
Estamos, portanto, a celebrar a nossa salvação. As marcas dos cravos e da lança são para nós motivo de louvor.
O evangelho é retirado da narração da paixão descrita por João. Os pormenores pretendem mostrar que Jesus no mistério da sua morte cumpre tudo o que estava dito pelos profetas. Jesus leva à total realização as promessas de salvação anunciadas por Deus através dos profetas.
 Meditar a Palavra
Do lado aberto de Jesus saiu sangue e água. 
Esta afirmação de João no seu evangelho mostra-me Cristo como a fonte de água viva. De facto a minha vida está toda empenhada no mistério da água saída do lado de Jesus. 
Do mistério da sua paixão nasce a água com que fui purificado, lavado e transformado na minha natureza carnal para participar da natureza divina. 
No mistério da morte de Cristo encontra sentido o meu batismo, princípio de vida nova e eterna, que me faz herdeiro do reino inaugurado por Cristo na sua ressurreição. 
O meu coração fica apreensivo diante de tanto amor e a minha alma deseja contemplar este mistério no silêncio sagrado do meu santuário interior.
 Rezar a Palavra
Guarda-me no Teu lado Senhor e banha-me na Tua água purificadora. 
Branqueia a minha veste no teu sangue e deixa-me participar no teu banquete eterno. Reconhece em mim, aquele por quem derramaste o teu sangue e não tenhas em conta o meu pecado, nem fixes os teus olhos sobre a minha culpa. 
Que a tua misericórdia seja a minha proteção e o teu amor o meu advogado.
 Compromisso
O meu coração guarda silêncio diante das Chagas de Cristo.
                                                                          recebido de Mariano Araújo/Mahavidya

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O Cão e o Cavalo

      "No tempo do Rei Moabar havia em Babilônia um jovem chamado Zadig, cuja boa índole se aprimorara pela educação. Embora moço e rico, sabia moderar as paixões  e não afetava nada, não pretendia ter sempre razão, e costumava respeitar a fraqueza dos homens." 
      Zadig casou-se com Azora, que se tornara dificílima de trato, enquanto ele pensava: Ninguém pode ser mais feliz do que um filósofo que lê nesse grande livro colocado por Deus ante nossos olhos. É dono das verdades que descobre; alimenta e eleva a alma; vive tranquilo; nada teme dos homens, e sua extremosa mulher não pode feri-lo.
      Penetrado dessas idéias, retirou-se para uma casa de campo à margem do Eufrates. Ali, não se preocupava ele em calcular quantas polegadas de água corriam por segundo sob os arcos de uma ponte, ou se caía mais uma linha cúbica de chuva no mês do rato do que no mês do carneiro. Não planejava fabricar seda com as teias de aranha, nem porcelana com cacos de garrafa; mas dedicou-se principalmente ao estudo dos animais e das plantas, adquirindo em breve uma agudeza que lhe desvendava mil diferenças onde os outros não viam mais que uniformidade.
      Ora, estando um dia a passear pelas proximidades de um bosque, acorreu-lhe ao encontro um eunuco da rainha, seguido de vários oficiais que demonstravam a maior inquietação e vagavam de um lado para outro, como pessoas desorientadas que houvessem perdido a maior preciosidade deste mundo.
- Jovem - disse-lhe o primeiro eunuco -, não viste o cão da rainha?
- É uma cadela, e não um cão - respondeu Zadig discretamente.
- Tens razão - tornou o primeiro eunuco.
- É caçadeira, e por sinal que muito pequena - acrescentou Zadig. Deu cria há pouco; manqueja da pata dianteira esquerda e tem orelhas muito compridas.
-Viste-a então - perguntou o primeiro eunuco, esbaforido.
- Não - respondeu Zadig -, nunca a vi na minha vida, nem nunca soube se a rainha tinha ou não uma cadela.
       Ao mesmo tempo, por um capricho comum da sorte, sucedeu escapar das mãos de um palafreneiro o mais belo exemplar das cavalariças do rei, extraviando-se nos campos de Babilônia. O monteiro-mor e todos os outros oficiais corriam à sua procura com mais inquietação do que o primeiro eunuco em busca da cadela. O monteiro-mor dirigiu-se a Zadig e perguntou-lhe, se por acaso não vira o cavalo do rei.
- É - respondeu Zadig - o cavalo de melhor galope; tem cinco pés de altura e os cascos pequenos; a cauda mede três pés e meio de comprimento; o freio é de ouro de vinte e três quilates; e as ferraduras de prata de onze denários.
_ Que direção tomou ele? Onde está? - perguntou o monteiro-mor.
- Não o vi - respondeu Zadig - nem nunca ouvi falar nele.
      O monteiro-mor e o primeiro eunuco não tiveram mais dúvidas de que Zadig houvesse roubado o cavalo do rei e a cadela da rainha; levaram-no perante a assembléia do grande desterham, que o condenou ao knut e a passar o resto da vida na Sibéria. Mal se encerrava o julgamento, foram encontrados o cavalo e a cadela. Viram-se os juízes na dolorosa obrigação de reformar sua sentença; mas condenaram Zadig a desembolsar quatrocentas onças de ouro, por haver dito que não vira o que tinha visto. Primeiro foi preciso pagar a multa; depois concedeam-lhe licença para se defender perante o conselho do grande desterham. Zadig falou nos seguintes termos:
_ Estrelas de justiça, abismos de ciência, espelhos da verdade, ó vós que tendes o peso do chumbo, a dureza do ferro, o fulgor do diamante e tanta afinidade com o ouro! Já que me é dado falar perante esta augusta assembléia, juro-vos por Orosmade que jamais vi a respeitável cadela da rainha, nem o sagrado cavalo do rei dos reis. Eis o que me aconteceu. Passeava eu pelas cercanias do bosque onde vim a encontrar o venerável eunuco e o ilustríssimo monteiro-mor, quando vi na areia as pegadas de um animal. Descobri facilmente que eram as de um cão pequeno. Sulcos leves e longos, impressos nos montículos de areia, por entre os traços das patas, revelaram-me que se tratava de uma cadela cujas tetas estavam pendentes e que portanto não fazia muito que dera cria. Outras marcas em sentido diferente, que sempre se mostravam no solo ao lado das patas dianteiras, denotavam que o animal tinha orelhas muito compridas; e, como notei que o chão era sempre manos amolgado por uma das patas que pelas três outras, compreendi que que o animal de nossa augusta rainha manquejava um pouco, se assim posso me exprimir. Quanto ao cavalo do rei dos reis, seja-vos cientificado que, passeando pelos caminhos do referido bosque, divisei marcas de ferradura que se achavam todas em igual distância.
"Eis aqui", considerei, "um cavalo que tem galope perfeito." A poeira dos troncos, num estreito caminho de sete pés de largura, fora levemente removida á esquerda e a à direita, a três pés e meio do centro da estrada.
"Esse cavalo", disse eu comigo, "tem uma cauda de três pés e meio, a qual, movendo-se para um lado e outro, varreu assim a poeira dos troncos." Vi debaixo das árvores, que formavam um dossel de cinco pés de altura, algumas folhas recém tombadas, e concluí que o cavalo lhes tocara com a cabeça, e que tinha, portanto, cinco pés de altura. quanto ao freio, deve ser de ouro de vinte e três quilates; pois ele lhe esfregou a parte externa contra certa pedra que eu identifiquei como uma pedra de toque. E, enfim, pelas marcas que as ferraduras deixaram em pedras de outra espécie, descobri eu que era prata de onze denários.
     Todos os juízes pasmaram do profundo e sutil discernimento de Zadig, o que logo chegou aos ouvidos do rei e da rainha. Só se falava em Zadig nas antecâmaras, na câmara e no gabinete; e, embora vários magos opinassem que o deviam queimar como feiticeiro, ordenou o rei que lhe restituíssem as suas quatrocentas onças de ouro em que fôra multado. O escrivão, os meirinhos, os procuradores compareceram em grande pompa à presença de Zadig, para lhe entregar suas quatrocentas onças; apenas retiveram trezentas e noventa e oito para as custas do processo, e os seus ajudantes reclamaram gratificação.
     Zadig compreendeu como era às vezes perigoso ser demasiado sábio, e jurou consigo que, na próxima ocasião, nada diria do que acaso houvesse testemunhado.
     Essa oportunidade não se fez esperar. Um prisioneiro de estado, que fugira, passou pelas janelas de sua casa. Zadig, interrogado, nada respondeu; mas provaram-lhe que ele olhara pela janela. Foi multado, por esse crime, em quinhentas onças de ouro, e ele agradeceu a indulgência dos juízes, segundo o costume da Babilônia. "Como é lamentável, meu Deus," dizia ele consigo, "ir a gente passear num bosque por onde passaram a cadela da rainha,e o cavalo do rei! Que perigoso chegar à janela! E que difícil ser feliz nessa vida!"
                                   Extraído de "Contos", de Voltaire, Editora Abril, 
tradução de Mário Quintana
Foto que tirei na Estação Ciência/Lapa/2011

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Nicks

"Quanto aos pecados cometidos por um crítico anônimo, a pessoa que publicou e redige uma coisa assim deve ser diretamente responsabilizada como se ela mesmo tivesse escrito a resenha; da mesma maneira que tronamos o mestre artesão responsável pelo trabalho malfeito de seus aprendizes. 
Além disso, deve-se lidar com aquele sujeito da maneira que seu ofício merece, sem a menor cerimônia.
-O anonimato é a canalhice literária contra a qual se deve proclamar: 
"Se você não quer, patife, assumir o que diz contra outras pessoas, cale sua boca difamadora!" 
-Uma resenha anônima, não tem mais autoridade do que uma carta anônima, e por isso deveria ser recebida com a mesma desconfiança. Ou será que o nome de uma pessoa que se presta a liderar uma autêntica societé anônima, deve ser tomado como garantia da veracidade de seus associados?"


Schopenhauer - A arte de Escrever - L&PM POCKET
Foto: Vila Madalena, SP