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terça-feira, 19 de maio de 2020

Treze mortos em confronto entre traficantes e polícia no Rio de Janeiro

É difícil dizer com exatidão o que acontece no Rio de Janeiro, amigo Shamim, mas na cidade do Alemão, ou em outras cidades favelas que somente nos documentos oficiais integram o Rio de Janeiro, em muitas delas o crime assumiu a administração e criou um sistema paralelo de governança com todas as características reproduzidas na superfície terrena no filme Elysium. 
Só que a rebelião não é por direito à Saúde, não é por nada digno ou justo, é por território e cada vez poder maior que o institucional. A maioria das pessoas leva vida normal, trabalha, estuda e se equilibra num universo que está sujeito a abalos constantes quando a polícia confronta os criminosos ou na guerra pelo domínio entre os bandidos. Um universo muito cruel que segue as normas dos comandos e não a Constituição e leis vigentes no país, e onde não há espaço para questionar ordens dadas pelos bandidos. 
Uma amiga é filha de uma senhora que viveu toda vida numa das favela do Rio, minha amiga nasceu e cresceu lá, é uma verdadeira dama, quisera que fosse ela o modelo de mulher brasileira e só isso já livraria o país dos horrores que a gente vê em todas as classes. A mãe dela descia o morro trabalhava e sustentou a família quando ficou viúva, criou uma linda família, eu conversava com ela sobre a violência que a tevê mostrava e ela dizia que qualquer cidade tem os problemas que a favela enfrenta, que se você procura ver só o pior e fazer programas somente sobre as maiores mazelas de cada cidade vai ficar horrorizado com o que os redutos mais pobres e  inacessíveis apresentam. Desta forma, com alguma sorte e muita discrição, é possível morar no morro e viver uma vida longa e formar um lar modelar, 
Para pensar no problema de distribuição de renda do Rio, tenho que evocar minha experiência em um Comité Técnico Urbano em São Paulo, nas reuniões e pesquisa de campo estudávamos e debatíamos melhorias possíveis visando aumentar a qualidade de vida das pessoas que vinham das favelas a trabalhar no centro, As conclusões daquele Comité integrariam o Plano Diretor de São Paulo, antes da eleição de Haddad, ele o oficializaria. Infelizmente no Brasil sempre que muda o mandatário a cada eleição. ele coloca no lixo as soluções dos governos anteriores, as que não eram boas e as ótimas, na maior parte das vezes ele nem tem um projeto de governo razoável, mas parece que eliminar todas as iniciativas dos antecessores já é sua meta de governo todinha.
Durante a elaboração do Plano de Pinheiros, concluímos que se as empresas que absorviam maior número de pessoas das periferias se instalassem dentro das comunidades de onde elas vinham,  ou nas imediações, resolveríamos o problema do trânsito e levaríamos a estrutura cidadã essencial para onde ela é mais necessária, isso desmonta a criminalidade por falta de opção, isso se consegue com incentivo público mas é uma solução que contempla a problemática paulista. 
Outra hipótese era repovoar o centro oportunizando moradias de baixo custo que trariam a mão de obra para perto do trabalho e consequentemente para a infra estrutura já existente e essencial a dignidade humana. O centro de São Paulo se encontrava em franca deterioração e nos finais de semana era reduto de vandalismo e abandono, muitos tópicos se resolveriam com a repovoação dele por famílias com trabalho no entorno.
O Rio de Janeiro é diferente devido a geografia  e a vocação turística da cidade, também quanto a cronicidade do abandono que criou uma aparência de orgulho da tradição de fazer a coisa "nas coxas". Para resolver a problemática da criminalidade nas favelas cariocas, não há meios termos, haveria que se dar prioridade a instalação de polos tecnológicos, com escolas e empresas que produzissem componentes eletrônicos a preço competitivo internacionalmente e com subsídio do governo inicialmente, priorizar e subir o morro com demandas que a cidade, o centro da cidade em si não pode projetar devido as tais tradições. 
Se a criminalidade do Rio é um assunto nacional e internacional, a resolução dos problemas centenários do Rio também. e sempre que este problema foi entregue às autoridades municipais ou estaduais de lá, para ser resolvido, mitigado, ela mostrou-se incompetente e um nível a mais nas hierarquias maginais foi fomentado. 
Existem aproximadamente 6 milhões de reféns da má gestão pública no Rio de Janeiro. Os políticos são bandidos, a polícia tem bandidos infiltrados, e os vizinhos podem ser bandidos, o da esquerda, o da direita, e a da frente...agora me diga, amigo Shamim, quando a polícia quer impedir uma grande movimentação  de seja lá o que for, armas ou drogas, e ela sobe o morro numa operação e todos estes vizinhos têm granadas de mãos e fuzis, a polícia deve dizer tchau como se o serviço em si deixasse de dever ser feito porque houve reação, os policiais deveriam, descer com um leve e gentil aceno e voltar para a base fazer serviço burocrático? 209 milhões de cidadãos brasileiros foram feitos reféns do conceito de que traficar drogas é profissão durante a administração de duas décadas de Lula e Dilma. 
Cada um que for traficar vai desejar ter armas...fuzis, granadas de mão, e armas que a polícia nem pode sonhar em ter. Você me diga, Shamim, que espécie de país o Brasil se tornou, que ensina que traficar drogas é profissão? 
Que a polícia não pode dar tiro, só levar? Ou, segundo os líderes políticos da gestão passada defendiam, o policial poderia atirar somente se tivesse sido alvejado antes. Assim não dá. 
Mas eu concordo que nenhuma mãe deveria passar pelo horror de perder um filho numa atividade mortal como o tráfico, só que vai seguir acontecendo enquanto elegemos gente que não é séria, ou que está envolvida na criminalidade. Mas se o político da frente, do lado esquerdo, do lado direito estão envolvidos na criminalidade, o que sobra para o eleitor? 
Ser considerado o grande culpado pelo padrão das bancadas que assumem? 
A solução para o problema do Rio não é fácil nem há ação possível com efeito imediato, a solução é a gente subir e se misturar, é derrubar as fronteiras, talvez seja descriminalizar as drogas, mas eu não estudei como fazer isso, vou estudar e ver como seria se a maconha que está sendo consumida livremente passasse a ser comercializada por empresas formais. Temos que averiguar como isso se deu em países que fizeram esta opção. 
Armas e drogas na mão de adolescentes não são algo com o que podemos conviver, e é por isso que veremos notícias de mortandades assim seguirem se dando. 
O artigo cita a conspurcação dos corpos e tem razão em denunciar, não está certo desrespeitar os corpos de ninguém, nem dos criminosos abatidos em confronto, mas a gente não estava lá para saber como as coisas se deram e julguei a fonte um pouco tendenciosa. 
Quem saberá o que estes policiais viram e passaram para chegar a este ponto? A selvageria é um dos estados que tiram do ser humano qualquer filtro. Ninguém sobe o morro para matar ou morrer se não estiver com o estado emocional diferente do que quando não está dando cada passo potencialmente um passo na direção da morte. Componentes eletrônicos, escolas técnicas científicas, empresas asseguradas por uma estrutura de segurança forte, e a consciência que o moço que morreu tinha assassinado outro que ele julgou que podia aniquilar uma semana antes de a polícia encontrá-lo e matá-lo em combate. Ele tinha mãe, mas o que ele matou também tinha, e se ele julgou e puxou o gatilho, em um ano quantos ele mataria? Não estou à par deste confronto, o artigo conforme você enviou parece tendencioso e a pessoa que escreveu parece determinada a entregar a autoridade máxima aos narcotraficantes, ou seja, fruto da política de educação comunista destas últimas décadas. 

Link para a matéria no jornal The Guardian, que o amigo do Facebook, Ali Shamim, pediu para eu comentar. Ele pediu para eu dar minha opinião sobre o que acontece no Rio de Janeiro.
https://www.theguardian.com/world/2020/may/18/rio-de-janeiro-police-raid-coronavirus?CMP=Share_iOSApp_Other&fbclid=IwAR28bgAZPZLw9Rbz_zATdtdNaRXTjW0AwoHG8raOsdZ1Ms8onpi5U_TgyPYEu