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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Konstantinos Kaváfis

Amadas vozes ideais
Dos que morreram, ou que se perderam como se tivessem morrido
Por vezes em sonhos nos falam;
Por vezes a imaginação as escuta.
E com seus ecos outros retornam
Da primeira poesia de nossa vida
Como uma música noturna perdida na distância.

Poema extraído do livro "A Irmandade do Santo Sudário", 
publicado pela Ediouro. Alguns fatos históricos transmitidos 
de forma romanceada pela autora, a jornalista Julia Navarro.
Foto: Camille, minha filha, que escolheu seu nome antes de nascer

sábado, 24 de dezembro de 2011

Lev Semenovích Vigostsky - Dialética

    Para Vigotsky, o fundamento do funcionamento psicológico tipicamente humano é cultural, e, portanto, histórico. Os elementos mediadores na relação entre o homem e o mundo - instrumentos, signos de todos os elementos do ambiente humano carregados de significado cultural - são construídos nas relações entre os homens. 
    O papel mediador do trabalho e das ferramentas relaciona-se, nos estudos de Vigotsky, a dados sobre o desenvolvimento de outras espécies animais, principalmente aqueles oriundos das investigações disponíveis nas décadas de vinte e trinta do século passado, sobre os chipanzés. O olhar de Vigotsky para a filogênese busca raízes das características humanas no comportamento dos primatas superiores, ao mesmo tempo que enfatiza a importância da diferença qualitativa entre o homem e o animal. Emerge, ai, a importância da língua e suas relações com o funcionamento psicológico humano.
    O sistemas simbólicos e, particularmente a língua, exercem um papel fundamental na comunicação entre os sujeitos e no estabelecimento de significados compartilhados que permitem interpretações dos objetos, eventos e situações do mundo real. Na ausência de um sistema de signos compartilhado e articulado como a língua humana, somente o tipo de comunicação mais primitivo e limitado é possível. A comunicação entre os gansos, no exemplo de Vigostky, se dá por contágio afetivo, num processo difuso e genérico em que medo gera medo, e não pela transmissão de informações precisas sobre o tipo, a localização ou a dimensão do perigo.
    O surgimento do pensamento verbal e da língua como sistema de signos é crucial no surgimento e desenvolvimento da espécie humana, momento mesmo em que o biológico transforma-se no histórico e em que emerge a centralidade da mediação semiótica na constituição do psiquismo humano. O surgimento da língua é atribuído, por Vigostky à necessidade de intercâmbio dos indivíduos durante o trabalho, atividade especificamente humana. 
É de sua filiação marxista que vem a importância dada por ele ao trabalho na história da espécie humana.
    É o trabalho, que pela ação transformadora do homem sobre a natureza une homem e natureza e cria a cultura e a história humanas.
No trabalho desenvolve-se a atividade coletiva, portanto, as relações sociais e também a criação e utilização de instrumentos, ampliando as possibilidades de transformação da natureza. O trabalho exige planejamento e ação coletiva, e, portanto uma comunicação que permita troca de informações precisas e compartilhamento de significações. O uivo do lobo produz em mim como excitante os reflexos somáticos e mínimos do medo; a mudança de respiração, as batidas do coração, o tremor, a secura da garganta (reflexos) me fazem dizer ou pensar: "tenho medo". (O significado histórico da crise da psicologia")
Diferentes do ganso que contagia o bando com seu medo o homem opera no plano da consciência e utiliza um sistema semiótico articulado e internalizado.
Sabe que tem medo e é capaz de transmitir aos outros essas informações de uma maneira muito mais complexa e precisa do que a contaminação emocional possível entre os animais.
Conceitua o mundo, os outros, e seus próprios estágios interiores: vive e sabe que vive, pensa e sabe que pensa, se auto-observa, age deliberadamente sobre seu próprio universo psicológico. A consciência, que não é um estado interior preexistente, mas uma construção de natureza histórico cultural fortemente relacionada ao processo compartilhado de construção de signos e significações, tem claro papel na auto-regulação dos sujeitos humanos.
     O sujeito humano é constituído por aquilo que é herdado fisicamente e pela experiência individual, mas sua vida, seu trabalho, seu comportamento também se baseiam claramente na experiência histórica e social, isto é, aquilo que não foi vivenciado pessoalmente pelo sujeito, mas está na experiência dos outros e nas conquistas acumuladas pelas gerações que o precederam.
Além disso, o homem é, o único animal que utiliza a experiência duplicada, isto é, vivida mentalmente antes de ser vivida concretamente, o que lhe permite uma adaptação ativa ao meio, inexistente nas outras espécies.
Vigotsky explora a idéia da experiência duplicada a partir de famosa citação de Marx, utilizando-a como epígrafe de seu texto de 1925, "A consciência como problema da psicologia do pensamento": "A aranha realiza operações que lembram o tecelão e as caixas suspensas que as abelhas constroem envergonham o trabalho de muitos arquitetos. Mas até mesmo o pior dos arquitetos difere, de início, da mais hábil das abelhas, pelo fato de que, antes de fazer uma caixa de madeira, ele já a construiu mentalmente. No final do processo de trabalho, ele obtém um resultado que já existia em sua mente antes de começar a construção. O arquiteto não só modifica a forma que lhe foi dada pela natureza dentro das restrições impostas pela natureza, como também realiza um plano que lhe é próprio, definindo os meios e o caráter das atividades aos quais ele deve subordinar sua vontade".
     A consciência invade até os experimentos dos reflexologistas e modifica consideravelmente o quadro do comportamento.
Faça sair a consciência pela porta e ela entrará pela janela. ("O significado histórico da crise da psicologia")
    Num importante contraponto ha uma possível interpretação determinista da abordagem histórico cultural que encontramos em Vigotsky, a postulação de um mundo interior, em constante movimento, e da existência de uma margem de controle do próprio sujeito sobre sua vida psicolóica, e isto é, sua autonomia enquanto sujeito.
Extraído do Especial Vigotssky publicado na Memória da Pedagogia - Viver Mente & Cérebro, escrito por Marts Kohl de Oliveira, professora da Faculdade de Educação da USP. 
Fotos: Vistas da Saída Radial Leste da estação Penha do Metrô. A bonita Igreja  da Penha, e uma trombetinha roxa estendida para os primeiros raios de sol da manhã, cresceu numa fenda do muro interno da saída do metrô, só pega sol  nesta hora do dia. Fotografei enquanto esperava a carona para o trabalho de cenografia da peça teatral Família Adams vem da Brodway, estréía no Brasil em março). Estou trabalhando na equipe de efeitos especiais em pintura, na equipe de Wilson Castro.
E no link O Litle Drummer Boy - Charlotte Church 
com carinho e votos de muita Paz e Luz para nós nesta 
véspera linda de Natal...esperando pelo retorno do menino:
http://youtu.be/fUHYnOTJ_uk 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

É o fim da decoração clean para lares com crianças?

A Beach, da Universidade Yale, mostrou que o estrógeno, os hormônios reprodutivos femininos, regulam reações como agressão e sexualidade em hamsters, ratos, gatos e cães.Trabalhos semanais posteriores de Daniel S. Lehman e Jay S. Rosenblatt, então no Instituto de Comportamento Animal da Universidade de Rutgers, demonstraram que os mesmos hormônios eram necessários para a manifestação do comportamento maternal em ratas. Em 1984 Robert S. Bridges, hoje na Faculdade Cummings de Medicina Veterinária, da Universidade Tufts, relatou que a produção de estrógeno e progesterona aumentavam em certos momentos durante a gestação e que o surgimento de comportamento maternal dependia do jogo entre hormônios e seu decréscimo. Bridges e seus colegas demonstraram ainda que a prolactina, o hormônio indutor da lactação, estimulava o comportamento maternal nas ratas já expostas a progesterona e estrógeno.
 Além dos hormônios, outras substâncias que afetam o sistema nervoso parecem influenciar a geração dos impulsos maternos.
Em 1980, Alan R. Gintzler, da Universidade Estadual de Nova York, observou aumento das endorfinas - proteínas analgésicas produzidas pela glândula pituritária e pela região cerebral conhecida como hipotálamo - durante a gestação de ratas, especialmente nos momentos que antecedem o nascimento. Além de preparar a mãe para o desconforto do parto, as endorfinas podem dar início ao comportamento maternal. Juntos, os dados demonstram que a regulação desse comportamento requer a coordenação de muitos sistemas hormonais e neuroquímicos, e que o cérebro feminino reage de maneira perfeita as mudanças.
    Na identificação das regiões do cérebro que governam o comportamento materno, Michael Numan e Marylin Numan,do Boston College, mostraram que parte do hipotálamo no cérebro feminino, a área preóptica medial (mPOA), é em grande parte responsável por essa atividade:lesionar a mPOA ou injetar morfina nesse local perturba o comportamento caracterísrtico das mães ratas.      Mas outras áreas também estão envolvidas, todas repletas de receptores de hormônios e outros neuroquímicos. O célebre neurocientista Paul McLean, do Instituto Nacional da Sáude Mental dos EUA, propôs que as vias neurais que vão do tálamo, a central distribuidora do cérebro, até o córtex cingulado, que regula as emoções, são parte importante do sistema  de comportamento maternal. Dano ao córtex cingulado das mães ratas também o eliminam.
     É interessante observar também que, quando os hormônios reprodutivos dão início a reação maternal, a dependência que o cérebro tem deles parece diminuir, e a prole por si só causa o estimulo. 
     Embora um mamífero recém-nascido seja uma criaturinha muito exigente e pouco atraente em muitos aspectos - cheira mal, é dependente demais e só dorme de forma intermitente - a devoção da mãe é mais motivada de todas exibições animais, mais até do que o sexo ou a alimetação. Joan I. Moreell, da Universidade Rutgers, sugeriu que a própria prole possa ser a recompensa:
"Quando pode escolher entre cocaína e ratinhos recém nascidos,uma mãe rata escolhe os ratinhos."
    Craig Ferris, da Faculdade de Medicina da Universidade de Massachusetts, há pouco estudou o cérebro de mães ratas lactantes com imageamento por ressonância magnética funcional(fMRI).
    Descobriu que a atividade do nucleus accumbens, região que integra o sistema de estímulo e recompensa, aumentava significativamente quando a mãe cuidava de seus filhotes. E Ronald J. Gandelman, da Rutgers, mostrou que quando uma mãe camundongo recebia a oportunidade de receber filhotes adotivos - ao pressionar uma alavanca, faz bebês escorregarem por uma rampa - "Ela aperta a alavanca até encher a gaiola com essas coisinhas rosadas."
    Vários pesquisadores teorizam que, quando os filhotes lactantes abocanham os mamilos maternos, podem liberar pequenas quantidades de endorfinas. Esses analgésicos naturais podem agir como um ópiaceo, fazendo com que a mãe procure por mais e mais contato com seus filhotes. A amamentação é o contato também liberam o hôrmonio oxitocina, que pode ter um efeito similar. Espécies inferiores de mamíferos, como ratos e camundongos, que não têm os princípios e motivações dos seres humanos, podem tomar conta de seus filhotes simplesmente por isso os faz se sentir bem.
    Mas e as motivações da mãe humana? Jeffrey P. Lorberbaum, da Universidade Médica da Carolina do Sul, usou fMRI para examinar o cérebro delas quando ouviam seus bebês chorando. Os padrões de atividade foram semelhantes aos das mães roedoras - a região mPOA do hipotálamo e os córtices pre-frontal e orbitofrontal acenderam. Além disso, Andreas Bartels e Semir Zeki, da University College de Londres, descobriram que as áreas cerebrais que regulam a recompensa eram ativadas até mesmo quando as mães humanas simplesmente olhavam para os filhos. A semelhança entre as reações de pessoas e roedores sugere a existência de um circuito maternal no cérebro dos mamíferos.
   Para entender o funcionamento desse circuito, estudou-se como o cérebro feminino se modifica em diferentes estágios reprodutivos. Na década de 1970, Marian C. Diamond, da Universidade de Claifórnia em Berkeley, encontrou algumas das primeiras evidências ao estudar o córtex de ratas prenhes. A camada mas externa do cérebro recebe e processa informação sensorial e também controla os movimentos voluntários. Ratos criados em ambientes sensoriais mais ricos, cercados de rodas, túneis e brinquedos, geralmente desenvolvem córtices enrugados de forma mais complexa do que ratos criados em gaiolas sem nada. Diamond, no entanto, descobriu que o córtex de ratas prenhes de ambientes pobres era tão complexo quanto o das companheiras de ambientes ricos.
    Duas décadas mais tarde, depois que estudos demonstraram a importância da mPOA no comportamento maternal, começou-se a procurar mudanças naquela região específica do cérebro. Em meados da década de 1990, Lori keyser, do laboratório de Kinsley na Universidade de Richmond, demonstrou que os corpos celulares dos neurônios da mPOA em ratas prenhas aumentam de volume. Mais: a extensão e o número de dendritos nos neurônios da mPOA aumentam a medida que a gestação progride. O mesmo foi observado nos neurônios mPOA em meio a cultura tratados com progesterona e estradiol, o mais poderoso dos estrógenos naturais. Essas alterações neuronais em geral acompanham um aumento na síntese e atividade das proteínas. Em essência, os hormônios da gravidez "turbinam" os neurônios da mPOA em antecipação ao parto e ás demandas da maternidade. Depois do nascimento, os neurônios da mPOA dirigem a atenção da mãe para a prole, capacitando-a a cuidar dos filhotes, alimetá-los e protege-los, fazendo uso do conjunto de ações conhecidos coletivamente como comportamento maternal.
    Mas com esse comportamento abrange variás facetas além do cuidado direto dos pequenos,ocorreu-nos que outras regiões do cérebro também podem passar por mudanças. Por exemplo, uma mãe rata precisa correr riscos para manter o ninho e os filhos.Com frequência, é necessário sair para procurar comida, tornando-se ela mesma e seus filhotes, mais vulneráveis a predadores. Podemos prever duas mudanças cognitivas que melhorariam a relação custo-beneficio para elas. Primeiro um aumento na capacidade de procurar comida - por exemplo, em sua habilidade espacial - minimizaria o tempo fora do ninho. Segundo, uma redução do medo e da ansiedade tornariam o ato de sair mais fácil, permitindo que a mãe procurasse comida mais rápido e se fortalecesse para possíveis confrontos.
   Em 1999 encontramos evidências da primeira previsão ao mostrar que a experiência reprodutiva aprimorou o aprendizado espacial e a memória dos ratos. Fêmeas jovens que tinham passado por uma ou duas gestações eram muito melhores do que virgens da mesma idade em localizar comida em dois tipos diferentes de labirinto: um radial de oito braços e uma versão de terra firme do labirinto de Morris, grande cercado circular com nove buracos com iscas. Maior habilidade para procurar alimento foi observada tanto em fêmeas lactantes quanto em mães cujos filhos adotivos tiveram desempenho semelhante ao de lactantes. Esse resultado sugere que a simples presença das crias pode melhorar a memória espacial, talvez ao estimular atividades cerebrais que alteram as estruturas neuronais ou provocar secreção de oxitocina.
    Em um trabalho recente das alunas de graduação Naomi Hester, Natalie Karp e Angela Otrhmeyer, no laboratório de Kinsley, mostrou que as mães ratas são mais rápidas do que as virgens na captura de presas.
Ratas virgens com fome foram colocadas em um cervado de cerva de 0,5 m², onde um grilo foi escondido. As virgens levaram em média 270 segundos para achar o inseto e comê-lo, comparando a pouco mais de 50 segundos no caso das lactantes. Mesmo quando as virgens estavam famintas ou quando o som do grilo era mascarado, as mães ratas obtiveram sua presa com mais facilidade.
   No que diz respeito a segunda previsão, Inga Neumann, da Universidade de Regensburg na Alemanha, documentou várias vezes que ratas prenhes e lactantes têm menos medo e ansiedade(medidos pelo nível de hormônios de stress no sangue) do que as outras quando confrontadas com desafios como natação forçada.
Jennifer Wartella, então no laboratório de Kinsley, ampliou esses resultados ao examinar o comportamento de animais no cercado  de  0,5 m ²: mães tem tendência maior a explorar o espaço e menor a ficar paralisadas, duas marcas registradas de coragem. Além disso, descobrimos uma redução de atividade neuronal na região CA3 no hipocampo e da amígdala basolateral, que regulam o stress, aliada ao aumento de da capacidade espacial, assegura que a mãe rata consiga deixar a segurança do ninho, buscar comida com eficiência e voltar para casa com rapidez para tomar conta de seus indefesos filhotes.
    Alterações no hipocampo, que regula a memoria e o aprendizado, bem como as emoções, parecem desempenhar papel fundamental nesse processo. Trabalho fascinante de Catherine Woolley e Bruce McEwen, da Universidade Rockefeller, mostrou variações de fluxo e refluxo na região CA1 do hipocampo durante o estro de uma fêmea de camundongo(o equivalente em humanos ao ciclo menstrual). A densidade dos espinhos dendríticos - pequenas projeções que fornecem mais área para a recepção de sinais nervosos - aumentava nessa região á medida que os níveis de estrógeno subiam. Se as flutuações hormonais relativamente breves do estro produziram mudanças estruturais tão notáveis, nos perguntamos o que aconteceria com o hipocampo durante a gravidez, quando os níveis de estrógeno e progesterona permanecem altos por um longo período.
Graciela Stafisso-Sandoz, Regina Trainer e Pricy Quadros, pesquisadoras do laboratório de Kinsley, examinaram o cérebro de ratas nos estágios mais avançados da gestação, bem como fêmeas tratadas com hormônios, e descobriram que a concentração de espinhos dendíticos na área CA1 era maior do que o normal. uma vez que essas projeções dirigem os impulsos para os neurõnios a elas associados, o aumento em sua densidade pode contribuir para maior habilidade das mães em se orientar em labirintos e capturar presas.A oxitocina, hormônio que dispara as comtrações do parto e da lactação, também parece ter efeitos no hipocampo. Kazuhito Tomizawa e colegas da Universidade de Okayama, Japão, relataram que a oxitocina promove o estabelecimento de conexões de longa duração entre os neurônios no hipocampo. Injeções de oxitocinas no cérebro de camundongos fêmeas virgens aprimoraram sua memória de longo prazo, presumivelmente por meio do aumento da atividade enzimática que fortalece as conexões neurais. Pela mesma lógica, injeção de inibidores de oxitocina no cérebro de mães ratas prejudicou seu desempenho em tarefas que exigiam memória.


Fragmento de texto extraído da revista Scientific American. Autores: Craig Howard e Kelly G Lambert, que passaram as duas últimas décadas investigando os efeitos da gravidez e da maternidade no cérebro feminino. Kinsley é professor de neurociência da Universidade de Richmond. Lambert é professora de neurociência comportamental e psicologia, chefe do departamento de psicologia e co-diretora do Escritório de Pesquisa de Graduação na Faculdade Randolph-Macon.



O homem não precisaria extirpar respostas contidas nos animais, se tomasse atitudes seguindo a voz de sua alma imperecível...penso...Recebi as frases abaixo de Tânia/Grupo Mahavydia:
‎"Virá o dia em que a matança de um animal será considerada crime tanto quanto o assassinato de um homem." (Leonardo da Vinci)
"Não me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhoram nem tomam em consideração as condições dos animais." (Abraham Lincoln)
"A força é o direito dos animais." (Cícero)
"A natureza delicia-se na comida mais simples. Todos os animais, exceto o homem, comem um só prato." (Joseph Addison)
"Aquele que conhece verdadeiramente os animais é por isso mesmo capaz de compreender plenamente o caráter único do homem." (Konrad Lorenz)
"A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados." (Mahatma Gandhi)
"A compaixão pelos animais está intimamente ligada a bondade de caráter, e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem." (Arthur Schopenhauer)
"O animal selvagem e cruel não é aquele que está atrás das grades. É o que está na frente delas." (Axel Munthe)
"Enquanto o homem continuar a ser destruidor impiedoso dos seres animados dos planos inferiores, não conhecerá a saúde nem a paz. Enquanto os homens massacrarem os animais, eles se matarão uns aos outros. Aquele que semeia a morte e o sofrimento não pode colher a alegria e o amor." (Pitágoras)
"Não podemos ver a beleza essencial de um animal enjaulado, apenas a sombra de sua beleza perdida." (Julia Allen Field)
"Primeiro foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem. Agora é necessário civilizar o homem em relação a natureza e aos animais." (Victor Hugo)
"O animal é tão ou mais sábio do que o homem: conhece a medida da sua necessidade, enquanto o homem a ignora." (Demócrito)
"A vida é valor absoluto. Não existe vida menor ou maior, inferior ou superior. Engana-se quem mata ou subjuga um animal por julgá-lo um ser inferior. Diante da consciência que abriga a essência da vida, o crime é o mesmo." (Olympia Salete)




E no link, um vídeo que se explica no final - filhotes e banho 
(presente lindo recebido de Anabela de Araújo): 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Eletrônica

     Para a Física Quântica quando um elétron faz uma transição de um estado de energia para outro, dentro de um átomo, ele o faz de uma forma aparentemente aleatória e sem causa detectável. 
    Mas de repente um átomo que estava quieto e tranqüilo pode assistir em suas camadas eletrônicas um verdadeiro caos de movimentos, como se fosse um videogame que ficou fora de controle. E os elétrons podem fazer transições de estados de energia mais altos para mais baixos ou vice e versa com a mesma probabilidade. Por este motivo pode-se afirmar que no nível quântico de uma realidade existe reversibilidade do tempo, porque os eventos podem acontecer em qualquer direção.
    Aquela célebre pergunta feita por uma criança: “por quê?” não pode ser respondida pela física para explicar, até o presente momento, as coisas que acontecem dentro deste átomo perturbado, por que não há uma relação de causa e efeito as interligando e, pior, porque elas acontecem ao mesmo tempo em todas as direções.
    Quando um elétron resolve mudar de uma órbita para outra ele se revela como uma entidade onipresente e se comporta como se estivesse espalhado por uma vasta região do espaço, aparecendo em muitas órbitas ao mesmo tempo. Ele transita temporariamente, e simultaneamente, por todas as órbitas possíveis a sua disposição até escolher a sua morada definitiva.
Estas transições de órbita simultâneas são chamadas em Física Quântica de transições virtuais e a transição do elétron para a sua morada definitiva de transição real. É preciso, no entanto, evitar tirar conclusões precipitadas a respeito do que seja “virtual” e “real”, no sentido que damos cotidianamente a estas palavras, pois no mundo das micro partículas as transições virtuais são extremamente importantes, pois muitas delas interferem concreta e diretamente na produção de um número expressivo de processos físicos. Nele um pai e uma mãe virtuais podem perfeitamente gerar um filho real que irá crescer e ter uma vida normal.
    Imagine-se agora como sendo um elétron e resolvendo viver 100.000 experiências de família simultaneamente com 100.000 mulheres, para somente após um certo tempo optar pela definitiva. E pasme em saber que os seus 100.000 vizinhos se lembrariam, cada um deles, de aspectos seus e que você deixaria vários rastros reais destas experiências de família transitórias. E imagine se seus amigos escandalizados com seu alto grau de liberalidade resolvessem lhe escrever cartas a esse respeito e, então, descobrissem que precisavam enviar-lhe, cada um deles, 100.000 cartas, pois você, na verdade, estaria em todas as 100.000 casas ao mesmo tempo.
Meu amigo leitor, isto é pura realidade quântica e deu origem a Teoria dos   Múltiplos Mundos.
    Resumindo o que lhe informei até agora gostaria que ficasse atento às seguintes conclusões:
1ª) O tempo para os elétrons que o compõem é totalmente reversível e o passado, o presente e o futuro podem ser atingidos e vividos todos ao mesmo tempo.
2ª) Seus elétrons vivem simultaneamente uma quantidade enorme de realidades virtuais para então escolher, ou serem conduzidos, cada um quem sabe, a uma definitiva chamada de real.
3ª) E estas realidades virtuais deixam traços reais, e muitas vezes filhos, durante sua efêmera existência.
4ª) Ao tentar localizá-lo seus amigos teriam que buscá-lo simultaneamente em todas estas realidades virtuais, pois você estaria em todas elas ao mesmo tempo.
Mas caberia a seguinte pergunta: O que o levou a escolher a sua família definitiva? E o que é que faz a vida de uma pessoa ser bem mais fácil do que outra?
    Posso lhe afirmar que até 1 ano de idade a realidade que envolvia sua vida era produzida aleatoriamente, como se sua sorte fosse determinada por um jogo de dados honesto. Mas a partir daí os dados começaram a ficar viciados com o surgimento do seu conjunto de crenças inconscientes. Suas crenças passaram a produzir campos de fótons que passaram a manipular suas transições virtuais de realidade, determinando algo que eu chamaria de nível de qualidade de uma bolha de existência (NQE), lembrando que a bolha de existência de uma pessoa é um padrão específico de realidade vivido somente por ela.
    O NQE é um indicador que mede a probabilidade de alguém ser feliz e realizado ao longo da vida e possui um valor que varia entre zero e 1. Zero indicando uma impossibilidade total de ser feliz e 1 uma certeza total de uma vida plena e maravilhosa. E evidentemente estes valores extremos são raros e a maioria dos seres humanos tem seu NQE com valores intermediários.
Um NQE alto, acima de 0,8, significa uma grande probabilidade da sua morada final, a cada mudança de realidade que experimentar, ser muito boa e que dentro dela possíveis adversidades poderão ser superadas com muita facilidade.
     Para a Engenharia Dimensional um bom nome e uma boa data de nascimento devem em conjunto produzir um NQE acima de 0,8.
Mas posso lhes garantir que após ter estudado mais do que 48.000 nomes, em 33 anos de trabalho e pesquisa, cheguei a conclusão de que a raça humana possui um NQE médio aproximadamente em torno de 0,32. E que este é um valor muito baixo. E que a felicidade que é tão buscada por todos é algo totalmente inalcançável para a maioria. E que, portanto, você não pode ser culpado em hipótese alguma por seus desacertos, por mais que eles pareçam ter sido originados por comportamentos inadequados seus ao longo da vida.
    Desconfie de quem deseja culpá-lo, porque ai com certeza existe alguém desonesto ou, no mínimo, bastante ignorante a respeito da formação da realidade que envolve cada ser humano.
Todos nós vivemos a Síndrome do Elétron e dela jamais poderemos nos libertar. No entanto, se dentro dela nossas crenças inconscientes produzirem um NQE alto, seremos brindados com uma existência maravilhosa.
     E, com certeza, todos nós merecemos isto.
Há muitos anos atrás, percebi que precisava criar uma forma de aumentar o NQE das pessoas, pois tal empreitada estava totalmente além do alcance das terapias comportamentais, da hipnose, da abordagem da programação neurolingüística, da adoção de filosofias e muito mais ainda das teorias e práticas de pensamento positivo.
Assim sendo desenvolvi uma terapia denominada Edição de Realidade cujo objetivo é transformar o conjunto original de crenças inconscientes de uma pessoa, com mantras criados especificamente para este fim, de forma elevar o valor do seu NQE, gradativamente, como se melhora o funcionamento do corpo humano numa boa academia de ginástica.
     E a cada 6 meses passei a criar novos mantras com o objetivo de desabilitar as crenças inconscientes que faziam a síndrome do elétron do meu cliente prejudicá-lo, levando-o a se lançar em transições virtuais de realidade desastrosas, na sua maioria, para finalmente acabar “amarrando o seu burro” numa transição de realidade definitiva pior ainda.
Como sempre faço, no final dos artigos complexos e polêmicos que produzo para vocês, criei o sucessor, ou no mínimo um grande parceiro, do mantra ZENGOLDÁBIL. Ele é o mantra PALONVITAS.

     Ele é um anulador poderoso de transições virtuais de realidade ruins e o seu uso contínuo, ao longo de uns 12 meses, fará você migrar para uma transição de realidade definitiva maravilhosa

    Ele cria condições reais do Universo se tornar um grande parceiro seu nas caçadas que empreender em busca dos seus objetivos de felicidade sejam eles os quais forem não importa.
      E lhe garanto que não existe nada melhor na vida do que assistir o Universo lhe trazer numa bandeja as coisas que sempre desejou.
Texto de Gilson Chveid Oen, recebido de Ana lúcia/Mahavydia

Imagem, bolo do dia da benção do Sol, 
feito por Camille com colaboração de Joseph

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Ruas & Fragrâncias

Dia destes fui ao super mercado e trouxe o que deu na telha no bagageiro da moto, trouxe ovos também. Conversa vai, conversa vem, esqueci de limpá-lo. Dali dois dias, na próxima saída denunciou-se o percalço do primeiro ovo quebrado em um ano de transporte sobre duas rodas. 
Na bela tarde, o meu lenço cor-de-rosa no pescoço e os cumprimento de batom caprichado não foram misancene suficiente para disfarçar o odor très característico. Ao destoar foi que percebi que as mulheres que passavam pilotando motos, além de madeixas ao vento, deixam como rastros, seus perfumes no ar, e de longe. 
Aceita a marca, adesão inconteste, agora carrego até sachê nos múltiplos bagageiros. Tenho visto a cada dia uma novata a mais nas ruas. Galopam econômicos cavalos de aço, puro-sangues ou pangarés, mas sempre guiados por  amazonas vaidosas, cuidadosas a mais não poder.
A arrojada esportista da foto acima é a Renata Gardino, programadora de sistema que corre somente no Ibirapuera. Pilotando, declarou que só usa os corredores na Avenida Rebouças, e olhe lá. Tem a motocicleta desde junho, mas curte andar mais aos finais de semana.
Mulheres de moto nas ruas de São Paulo, é uma onda, ou um tsunami?


"Não se pode mudar o mundo sem mudar as pessoas. Mudar o mundo e mudar as pessoas são processos interligados. Mudar o mundo depende de todos nós: é preciso que cada um tome consciência e se organize. O vazio ideológico e a crise de utopia provocados pelo fim do socialismo autoritário de tipo soviético nos anos 90, resultaram, no ano 2000, numa reunião de movimentos sociais no FSM, como uma "convergência", sob uma nova lógica, com bases em dois princípios básicos: a construção da alterglobalização e o respeito ao pluralismo, contra o monolitismo dos paradigmas socialistas clássicos. A maior lição a tirar desses fóruns é que eles mostram como o povo pode fazer história. Os fóruns colocaram o povo, a multidão, como grande sujeito. Só o povo organizado pode fazer história. Os movimentos sociais contemporâneos não querem ficar na platéia, na arquibancada. A sociedade civil não pode ficar assistindo.
Tem que ser protagonista deste "outro mundo possível", fazendo cobranças para que a esperança se torne realidade."
Trecho da entrevista que o filósofo Moacir Gadotti 
concedeu logo após lançar "Educar para um outro mundo possível" 
a Faoze Chibli, da revista Ciência Vida & Filosofia


E se tu és daquele que tenta sempre, clique no link tarde Clarice: http://youtu.be/IujKqJ8WcyI

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Ministra Elsa, de Corpo e Alma

    Ministra do Trabalho da Itália, Elsa Fornero , se emociona e chora durante anúncio de plano contra crise na Itália.
O Conselho de Ministros do governo italiano, presidido por Mario Monti, aprovou neste domingo o primeiro ajuste orçamentário do Executivo de tecnocratas, o qual será explicado pelo primeiro-ministro nesta segunda-feira no Parlamento da Itália, informaram fontes governamentais.
    A ministra do Trabalho, Elsa Fornero, abordou um dos temas mais conflituosos, a modificação do sistema de previdência, e chorou ao anunciar as mudanças. A previdência italiana passará a ter o mínimo de 42 anos (para os homens) e 41 (para as mulheres) para poder receber o benefício "antecipado" sem recorrer ao sistema de cotas. No setor privado, em 2012, a aposentadoria para as mulheres será a partir dos 62 anos e para os homens aos 66 anos, com uma penalização de 3% anual para aqueles que quiserem retirar antes, enquanto a equiparação total de idades será de 66 anos em 2018.
    Depois que a ministra concluiu seu emocionado discurso, Monti assinalou que o plano visa congelar as aposentadorias superiores aos 960 euros mensais, mantendo a revisão das aposentadorias mínimas em função da inflação. A aprovação do pacote de medidas econômicas e financeiras estava prevista para segunda-feira, porém, os políticos decidiram antecipar o Conselho de Ministros, que durou mais de três horas, depois que Monti apresentasse o plano aos sindicatos, empresários, agentes sociais e partidos políticos. Em entrevista coletiva, Monti disse que seu governo tem "um mandato de curta duração" e "o firme compromisso de ajudar à Itália a sair de uma crise gravíssima, de uma crise internacional e de um mal-estar da economia e da sociedade italiana que colocava em risco tudo o que foi construído por quatro gerações de italianos". O presidente do governo se dirigiu aos italianos antes de proceder a explicar o plano de ajuste. "É um momento que a Itália tem potencial para enxergar que é um grande país, capaz de encontrar força em si mesmo para resolver os problemas" Monti também afirmou que "a grande dívida pública italiana não é culpa dos europeus, mas culpa dos italianos que no passado não deramimportância ao futuro das crianças do país". "Temos necessidade de criar condições para buscar o crescimento da Itália e pôr sob controle o déficit e a dívida pública. Temos dado também um peso muito particular ao equilíbrio", declarou o primeiro-ministro. "Também tivemos que distribuir os sacrifícios e tivemos cuidado ao distribuí-los. Vão ver que nossas medidas são, sobretudo, incisivas em relação à evasão fiscal", completou Monti, acrescentando que "a pluralidade de sacrifícios deve ser vista como um novo despertar da economia italiana e da sociedade".
    O presidente do governo, que deseja que o decreto se chame "Salva-Itália", anunciou que apoiará a proposta de um imposto sobre as transações financeiras nas instituições europeias, um ponto que a Itália tinha sido contra até o momento. Monti também afirmou que haverá "sacrifícios", mas também ações em apoio das empresas e da liberalização em interesse dos consumidores e da concorrência. Ao mesmo tempo em que a luta contra a evasão fiscal será
prioridade do governo, Monti exclui a opção de recorrer às anistias.


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04 de dezembro de 2011 • 19h48 • atualizado 21h08
Recebido de Madalena Piga/Mahavydia

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Carta de Macchu Picchu

Corichancha

Passaram-se quase 45 anos desde que o CIAM elaborou um documento sobre teoria e metodologia de planejamento, que recebeu o nome de Carta de Atenas.
Muitos fenômenos novos emergiram durante esse tempo e exigem uma revisão da carta que a complemente com um documento de enfoque e amplitude mundiais, a ser analisado interdisciplinarmente em uma discussão internacional que inclua intelectuais e profissionais, institutos de pesquisas e universidades de todos os países.
Houve alguns esforços para atualizar a Carta de Atenas e o presente documento só pretende ser ponto de partida para tal empresa, devendo salientar, em primeiro lugar, que a Carta de Atenas, de 1933, é ainda um documento fundamental para a nossa época. Que pode ser atualizado mas não negado. Muitos de seus noventa e cinco pontos são válidos, ainda, como testemunho da vitalidade e da continuidade do movimento moderno, tanto em planejamento como em arquitetura.
Atenas, 1933; Machu Picchu, 1977. Os lugares são significativos.
Atenas se ergueu como o berço da civilização ocidental; Machu Picchu simboliza a contribuição cultural independente de outro mundo. Atenas representou a racionalidade personificada por Aristóteles e Platão. Machu Picchu representa tudo o que não envolve a mentalidade global iluminística e tudo o que não é classificável por sua lógica.

Cidade e região
A Carta de Atenas reconheceu a unidade essencial das cidades e suas regiões circundantes.
A fraqueza da sociedade ao enfrentar as necessidades do crescimento urbano e as mudanças sócioeconômicas requer a reafirmação desse princípio em termos mais específicos e urgentes.
Hoje, características do processo de urbanização, através do mundo, tornaram crítica a necessidade de uso mais efetivo dos recursos naturais e humanos. Planejar, como um meio sistemático de analisar necessidades, incluindo problemas e oportunidades e guiando o crescimento e desenvolvimento urbanos dentro dos limites dos recursos disponíveis, é uma obrigação fundamental dos governos, no que concerte aos núcleos humanos.
O planejamento, no contexto contemporâneo de urbanização, deve refletir a unidade dinâmica das cidades e suas regiões circundantes, tanto como as relações funcionais essenciais entre bairros, distritos e outras áreas urbanas.
As técnicas e disciplinas do planejamento devem ser aplicadas a toda a escala de grupos humanos - bairros, cidades, áreas metropolitanas, estados, regiões e nações - para orientar sua localização, sequência e características de desenvolvimento.
O objetivo do planejamento geral, incluindo o planejamento econômico, o projeto e o planejamento urbano e a arquitetura, é, afinal, a interpretação das necessidades humanas e a realização em um contexto de oportunidades de formas e de serviços urbanos apropriados para a população.
E isso requer um processo contínuo e sistemático de interação entre os profissionais do projeto, os
moradores das cidades e seus líderes comunitários e políticos.A desarticulação entre o planejamento econômico em nível nacional e regional e o planejamento para o desenvolvimento urbano onerou e reduziu a eficiência de ambos.
As áreas urbanas muito frequentemente refletem os efeitos adversos e específicos de decisões econômicas baseadas em considerações amplas e relativamente abstratas, assim como em estratégias de planejamento econômico a longo prazo. E tais decisões, em nível nacional, não têm considerado diretamente as prioridades nem as soluções dos problemas das áreas urbanas, nem as conexões operacionais entre a estratégia econômica geral e o planejamento do desenvolvimento urbano. Por isso, os benefícios potenciais do planejamento e da arquitetura não chegam à grande maioria.

O crescimento urbano
Desde a Carta de Atenas até nossos dias a população do mundo duplicou, dando lugar à chamada crise tripla: - ecológica, energética e alimentícia.
A elas temos que somar as crises de moradia e de serviços urbanos, agravadas pelo fato de o ritmo de crescimento populacional das cidades ser muito superior ao demográfico geral.
As soluções urbanísticas propugnadas pela Carta de Atenas não levaram em conta esse crescimento acelerado, que constitui a raiz do problema de nossas cidades.
Dentro do crescimento caótico das cidades, podemos diferenciar duas categorias de movimentos:
- a primeira corresponde à dos países industrializados, onde se dá a migração das populações mais
abastadas em direção aos subúrbios, consequência do uso de automóveis, abandonando as áreas centrais das cidades que, assim, tendem a se deteriorar por deficiência de recursos.
- A segunda categoria corresponde à das cidades dos países em desenvolvimento, caracterizandose pela maciça migração rural, que se instala em bairros marginais carentes de serviços e de infraestrutura urbana.
Essas transferências quantitativas produzem transformações qualitativas fundamentais, determinando que o processo urbano se nos apresente totalmente diferente. Esse fenômeno não pode ser resolvido nem sequer controlado pelos dispositivos e medidas que estão ao alcance do planejamento urbano.
Tais técnicas podem apenas tentar a incorporação das áreas marginais ao organismo urbano e, muitas vezes, as medidas que se adotam para regularizar a marginalização (dotação de serviços públicos, saúde ambiental, programas de moradia, etc.) contribuem paradoxalmente para agravar o problema, convertendo-se em incentivo que incrementa os movimentos migratórios para as cidades.

Conceito de setor
A Carta de Atenas assinala que as chaves do urbanismo se encontram nestas quatro funções básicas: de habitar, trabalhar, divertir-se e circular e que os planos devem fixar sua estrutura e implantação.
Ela determinou cidades setorizadas em funções, onde um processo analítico de clarificação tem sido usado como um processo sintético de ordenação do espaço urbano. O resultado é a existência de cidades com uma vida urbana amena, no nível do relacionamento humano, onde, afinal, cada sítio arquitetônico resulta num objeto isolado e onde não se considera que a mobilidade humana determine um espaço influente.
Atualmente, adquiriu-se consciência de que o processo urbanístico não consiste em setorizar, mas em criar definitivamente uma integração polifuncional e contextual.Moradia
Diferentemente da Carta de Atenas, consideramos que a comunicação humana é um fator
predominante na razão de ser da cidade. O planejamento da cidade e da moradia, portanto, devem reconhecer este fato.
Consideramos, igualmente, que a qualidade de vida e a integração com o meio ambiente natural devem ser objetivo básico na concepção dos espaços habitáveis.
A casa popular não será considerada um objeto de consumo subsidiário, mas um poderoso instrumento de desenvolvimento social.
O projeto da casa deve ter a flexibilidade necessária para adaptar-se à dinâmica social, facilitando portanto a participação criadora do usuário. Devem ser projetados elementos construtivos que possam ser fabricados massificadamente para serem utilizados pelos usuários e que, economicamente, estejam a seu alcance.
O mesmo espírito de integração que faz da comunicação entre os moradores da cidade um elemento básico da vida urbana deve regular a localização e a estruturação de áreas residenciais para diversas  comunidades e grupos, sem impor distinções inaceitáveis para o decoro humano.

Transportes nas cidades
As cidades deverão planejar e manter o transporte público de massa, considerando-o como um elemento básico no processo do planejamento urbano. 0. custo social do sistema de transporte deverá ser apropriadamente avaliado e devidamente considerado no planejamento do crescimento de nossas cidades.
Na Carta de Atenas está explícito que a circulação é uma das funções urbanas básicas e implícito que ela depende principalmente do uso do automóvel como meio de transporte individual.
Depois de quarenta e quatro anos, comprovou-se que não há solução ótima para diferenciar, multiplicar e solucionar cruzamentos de ruas. É necessário, portanto, enfatizar que a solução para a função de circulação deve ser pesquisada mediante a subordinação do transporte individual ao transporte coletivo de massa.
Os urbanistas devem conscientizar-se de que a cidade é uma estrutura em desenvolvimento, cuja forma final não pode ser definida, razão pela qual devem considerar as noções de flexibilidade e expansão urbanas.
O transporte e a comunicação formam uma série de redes interconectadas que servem como sistema articulador entre espaços interiores e exteriores e deverão ser projetados de forma que permitam experimentar indefinidamente mudanças de extensão e forma.

Disponibilidade do solo urbano
A Carta de Atenas mostrou a necessidade de uma legislação que permitisse dispor, sem impedimentos, do solo urbano para satisfazer as necessidades coletivas. Para tanto, estabeleceu que o interesse privado devia subordinar-se ao interesse coletivo.
Apesar de diversos esforços realizados desde 1933, as dificuldades de disponibilidade de solo urbano se mantêm como um obstáculo básico para o planejamento urbano. Por isso, é desejável que se criem e se adotem soluções legais eficientes capazes de produzir uma melhora substantiva a curto prazo.
Recursos naturais e contaminação ambiental Uma das formas mais atentatórias contra a natureza é, hoje, a contaminação ambiental, que tem se agravado em proporções sem precedentes e potencialmente catastróficas, como conseqüência direta da urbanização não planejada e da excessiva exploração de recursos.
Nas áreas urbanizadas do mundo a população está cada vez mais sujeita a condições ambientais que são incompatíveis com normas e conceitos razoáveis de saúde e bem estar humanos.
Entre as características não aceitáveis se incluem a prreviewência de quantidades excessivas de perigosas substâncias tóxicas no ar, na água e nos alimentos da população urbana, além dos níveis danosos de ruídos.
As políticas oficiais que regem o desenvolvimento urbano deverão incluir medidas imediatas para evitar que se acentue a degradação do meio ambiente urbano e conseguir a restauração da integridade básica do meio ambiente, de acordo com as normas de saúde e de bem estar social.
Estas medidas devem ser consideradas no planejamento urbano e econômico, no projeto arquitetônico, nos critérios e normas de engenharia e nas políticas de desenvolvimento.
Preservação e defesa dos valores culturais e patrimônio histórico-monumental
A identidade e o caráter de uma cidade são dados não só por sua estrutura física, mas, também, por suas características sociológicas. Por isso, é necessário que não só se preserve e conserve o patrimônio histórico monumental, como também que se assuma a defesa do patrimônio cultural, conservando os valores que são de fundamental importância para afirmar a personalidade comunal ou nacional e/ou aqueles que têm um autêntico significado para a cultura em geral.
Por isso mesmo, é imprescindível que na tarefa de conservação, restauração e reciclagem das zonas monumentais e dos monumentos históricos e arquitetônicos, considere-se a sua integração ao processo vivo do desenvolvimento urbano como único meio que possibilite o financiamento da operação.
No processo de reciclagem dessas zonas, deve ser considerada a possibilidade de se construírem edifícios de arquitetura contemporânea da melhor qualidade.

Tecnologia
A Carta de Atenas referiu-se tangencialmente ao processo tecnológico, ao discutir o impacto da atividade industrial na cidade.
Nos últimos quarenta e cinco anos o mundo experimentou um desenvolvimento tecnológico sem precedentes, que tem afetado nossas cidades e também a prática da arquitetura e do urbanismo.
A tecnologia se desenvolveu explosivamente em algumas regiões do mundo e sua difusão e aplicação eficaz é um dos problemas básicos de nossa época.
Hoje, o desenvolvimento científico e tecnológico e a intercomunicação entre os povos permitem superar as condicionantes locais e oferecer os mais amplos recursos para resolver os problemas urbanísticos e arquitetônicos.
O mau uso dessa possibilidade determina que, frequentemente, se adotem materiais, técnicas e características formais como resultado de pruridos de novidade e complexos de dependência cultural.
Neste sentido, usualmente, o impacto do desenvolvimento tecnológico-mecânico tem determinado que a arquitetura seja um processo de criar ambientes artificialmente condicionados a um clima e a uma iluminação não naturais. Isso pode ser uma solução para determinados problemas, mas a arquitetura deve ser um processo de criar ambientes condicionados em função de elementos naturais.
Deve-se entender que a tecnologia é meio e não fim e que ela deve ser aplicada em função de uma realidade e de suas possibilidades como resultado de um sério trabalho de investigação e experimentação, trabalho que os governos devem ter em conta.
A dificuldade de utilizar processos altamente mecanizados ou materiais construtivos eminentemente industrializados não deve significar uma diminuição de rigor técnico ou de cabal resposta arquitetônica às exigências do problema a resolver, mas, pelo contrário, um maior rigor no planejamento das soluções possíveis para o meio.
A tecnologia construtiva deve considerar a possibilidade de reciclar os materiais fim de conseguir transformar elementos construtivos em recursos renováveis.
Implementação
O planejamento, os profissionais e as autoridades pertinentes devem ter presente que o processo não termina na formulação de um plano e em sua subsequente execução, mas que, sendo a cidade um organismo vivo, é necessário considerar e prover os processos de sua manutenção.
Deve-se entender também que cada região e cada cidade, no processo de sua implementação, deve criar e importar suas normas legais, de acordo com seu meio ambiente, recursos e características formais próprias.
Projeto Urbanístico e Arquitetônico
A Carta de Atenas não cuidou do projeto arquitetônico. Aqueles que a formularam não o consideraram necessário, porque concordavam que a arquitetura era um jogo sábio de volumes puros sob a luz, la Ville Radieuse, composta de tais volumes, aplicou uma linguagem arquitetônica de origem cubista, perfeitamente coerente com o conceito que separou as cidades em partes funcionais.
Durante as últimas décadas, para a arquitetura contemporânea o problema principal não é mais o jogo visual de volumes puros, mas a criação de espaços sociais para neles se viver. A ênfase não está no continente, mas no conteúdo, não na embalagem isolada, por mais bela e sofisticada que seja, mas na continuidade da textura urbana.
Em 1933, o esforço foi para desintegrar o objeto arquitetônico e a cidade em seus componentes.
Em 1977, o objetivo deve ser reintegrar esses componentes, que, fora de suas relações formais, perderam vitalidade e significado. Para precisar melhor, a reintegração, tanto na arquitetura como no planejamento, não significa a integração a priori do classicismo.
Deve ficar claramente estabelecido, que as recentes tendências para o ressurgimento da tradição das Beaux-Arts são anti-históricas em um grau grotesco e não têm a importância que justifique sua discussão. Mas são sintomas de uma obsolescência da linguagem arquitetônica para a qual devemos ficar alertas, para não voltarmos a uma espécie de cínico ecletismo do século XIX, e sim avançar em direção a uma etapa mais madura do movimento moderno.
As conquistas dos anos trinta, quando a Carta de Atenas foi promulgada, são ainda válidas. Elas dizem respeito a:a) a análise dos edifícios e de suas funções;
b) o princípio de dissonância;
c) a visão espaço-tempo antiperspectiva;
d) a desarticulação do tradicional edifício-caixa;
e) a reunificação da engenharia estrutural e da arquitetura; A estas "constantes" ou "invariáveis" da
linguagem arquitetônica têm se somado.
f) a temporalidade do espaço;
g) a reintegração edifício-cidade-paisagem.
A temporalidade do espaço é a maior contribuição de Frank Lloyd Wright e corresponde à visão dinâmica do espaço-tempo-cubista, enfoque aplicado não só aos volumes, como também aos espaços humanos, não apenas ao visual, mas também aos valores sociais.
A reintegração edifício-cidade-paisagem é uma consequência da unidade entre cidade e campo.
É tempo de recomendar aos arquitetos que tomem consciência do desenvolvimento histórico do movimento moderno e cessem de multiplicar paisagens urbanas obsoletas, feitas de volumes monumentais, sejam horizontais ou verticais, opacos, reflexivo ou transparentes.
O novo conceito de urbanização pede a continuidade de edificação, o que implica que cada edifício não seja um objeto finito, mas um elemento do continuum, que requer um diálogo com outros elementos para completar sua própria imagem.
O princípio do não-finito não é novo.
Foi explorado pelos maneiristas e, de uma forma explosiva, por Michelangelo.
Não obstante, em nossa época não é apenas um princípio visual, mas fundamentalmente social.
A experiência artística nas últimas décadas, na música e nas artes visuais, tem demonstrado que os artistas já não produzem um objeto finito, que eles se detêm no meio ou nas três quartas partes do processo, de maneira que o espectador não seja um contemplador passivo da obra artística, mas um fator ativo de mensagem polivalente.
No campo construtivo, a participação do usuário é ainda mais importante e concreta. Significa que o povo deve participar ativa e criativamente em cada fase do projeto, podendo, assim, os usuários integrar-se no trabalho do arquiteto.
O enfoque do finito não diminui o prestígio do planejador ou do arquiteto.
As teorias da relatividade e da determinação não diminuíram o prestígio dos cientistas.
Ao contrário, incrementa-o, porque um cientista não dogmático é muito mais respeitado que o velho deux ex machina. Se o povo for incluído no processo do projeto, a relevância do arquiteto será enfatizada e a inventiva arquitetônica será maior e mais rica. No momento em que os arquitetos se libertarem dos conceitos acadêmicos do finito, sua imaginação será estimulada pelo imenso patrimônio da arquitetura popular, dessa arquitetura sem arquitetos, que tanto se tem estudado nas últimas décadas.
Quanto a isso, não obstante, deve-se ser cuidadoso. O fato de reconhecer que os edifícios vernaculares muito contribuem para a imaginação arquitetônica não significa que devam ser imitados. Tal atitude, hoje, é tão absurda como foi a cópia do Partenon.
O problema é totalmente diferente da imitação.
Está provado que o enfoque cultural do projeto arquitetônico, as ordens vitruvianas e as Beaux Arts, tanto como os Cinco Princípios de Le Corbusier, de 1921, se encontram e se fundem naturalmente com os idiomas populares. A participação dos usuários faz mais orgânico e verdadeiro o encontro entre a linguagem altamente cultural e a popular. Algumas vezes se compararam, por sua monumentalidade, as construções do antigo Peru com as pirâmides do Egito. Fisicamente, pelo grandioso em ambas as concepções, procede o paralelo. Mas estas foram construídas como um monumento à morte, exaltando a glória do monarca e, aquelas se levantaram por obra e para o sustento das comunidades, como um monumento à vida. Elas expressam volumétrica e espiritualmente o rumo diferente de duas grandes civilizações que edificaram para a eternidade.

Documento elaborado no Encontro Internacional de Arquitetos, ocorrido em dezembro de 1977
Fotos: da net, artefatos arqueológicos de triscas eras e as cópias modernas