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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

I° Plano Nacional de Cultura

Era final da tarde, Sergio Mamberti, Secretário de Política Cultural do MinC e os demais componentes da mesa do Seminário - Metas do Plano Nacional de Cultura, engatilharam-se para deixar o espaço atrasados em mais de uma hora para o compromisso seguinte. Entre os integrantes da mesa, Américo Córdula( diretor para estudos e monitoramento de políticas culturais do MinC), e Valério da Costa Benfica (Chefe da Representação Regional do Ministério da Cultura de São Paulo). O Seminário realizou-se na sala Guiomar Novaes, da FUNARTE, e a platéia foi composta por representantes de entidades culturais, artistas, produtores, empresários do ramos cultural e os integrantes dos pontos culturais da grande São Paulo.
Ao sinal de encerramento juntei meus pensamentos e saí correndo, que também tinha compromisso depois, não cheguei lá, perdi-me no caminho, em conclusões, confusões e endereços trocados. A Barra Funda ao anoitecer é final de feira, rápidos fios neurais do tecido urbano deslizam vermelhos faróis, farás, serás, porque, mas onde eu estava mesmo? Saindo do Seminário promovido pela Representação Cultural do MinC, elaborando, agarrada ao livro de poesias onde anotei tudo o que foi dito para contar para ti, e daquele dia em diante, cada vez que o abri para rever uma indicação, uma poesia me tomou, ainda agora, que busco a concentração, uma me desconcerta, decerto fala do tempo que se esgota para que entres no portal www.cultura.gov.br e faça tua contruibuição, dê um pitaco, um piti - que pelo que senti, aceitam bem democraticamente - sugira saídas, lance moda, comente a idéia alheia, mas não se negue, é participação essencial, esta tua, para que o Plano Nacional de Cultura tenha a nossa cara, venha a ser a mistura homogênea de nossas idéias, ideais, sonhos, e já que é Cultura, excentricidades, talvez...dirá quem não participar. Assim como os que criticam o acarajé e o queijo-minas elevados ao pódium do tombamento como Patrimônio Nacional, e não se mobilizam pela gastronomia como um todo. Mobilizar é chegar lá, escrever carta, procurar o representante. É compromisso deste ministério, asseguraram os representantes da mesa do Seminário, fazer valer a vontade da maioria. "A Gastronomia não se mobilizou, ainda assim está inclusa no Plano de Economia Criativa, Moda e Design se mobilizaram."
O portal te espera aberto de para à par, mas só até o dia vinte, e eu que queria tanto falar nele antes, andei amadurecendo poesias esquecida do prazo - até dia vinte de outubro!
"O tempo é um fio
bastante frágil.
Um fio fino
que à toa escapa.
O tempo é um fio
Tecei! Tecei!
Rendas de bilro
com gentileza.
Com mais empenho
franças espessas.
Malhas e redes
com mais astúcia.
O tempo é um fio
que vale muito.
Franças espessas
carregam frutos.
Malhas e redes
apanham peixes.
O tempo é um fio
por entre os dedos.
escapa o fio,
Perdeu-se o tempo.
Lá vai o tempo
como um farrapo jogado à toa!

Soltai os potros
aos quatro ventos,
mandai os servos
de um pólo a outro,
vencei escarpas,
dormi nas moitas,
voltai com  tempo
que já se foi!..."
Na margem desta poesia de Henriqueta Lisboa, escrevi que Ana Neri Castro, representando o Instituto Cultural de São Paulo, sugeriu que as reuniões das Representações Culturais de cada estado sejam transmitidas ao vivo via net para que possamos conhecer a cara real da cultura brasileira, disse que sentiu esta necessidade, viu a luz, ali, durante a reunião, ao presenciar a riqueza dos relatos e sugestões dos universos alheios, mas nem distantes, ainda assim novidadosos, quão lindo seria saber dos anseios dos outros Estados, da nação pela boca dela mesma. Ver o nervoso da cara dos culturativos-Brasil-continental, disse com outras palavras, eu me entusiasmei e retransmito assim.
Américo Córdula, falou bonito e ponderado, um asimoviano, talvez inconsciente, mas um profissional que admiravelmente segura a frigideira emocional e cultural pelo cabo, lembrou que temos que superar as dicotomias, quanto aos Pontos de Cultura está claro que "Tem gente que precisa do ponta-pé inicial, outros de apoio permanente (o caso da maioria dos Pontões). Isaac Asimov em seu livro O Início e o Fim, à certa altura relata um episódio acontecido quando tinha cinco anos, quando andava com sua mãe, recém chegados da Rússia, pelas ruas dos EUA: "Até hoje, cerca de meio século depois, posso recordar a cena exata e meu exato sentimento - uma sensação de quase insuportável deleite de compreender. São poucos os descobrimentos que a gente faz quase que inteiramente por si mesmo; e ali, eu havia feito dois. Em primeiro lugar, descobri que havia coisas tais como "letras mudas", e isso me tornou mais fácil a tarefa experimental de elaborar palavras. Em segundo lugar, descobri que os trens tinham letreiros indicando o seu destino, e isso tornava menos milagroso o fato de as pessoas adultas saberem para onde estavam indo.
Conheci o meu prazer desde então; muitos estímulos deliciosos das várias percepções dos sentidos, muitas subtis bolhas de antecipação e muitos duradouros sorrisos de memória -mas tudo isso é de todo trivial, evanescente, vindo e indo sem afetar o mundo.
Aprender -tanto quanto possível por si mesmo, depois de intriga e de esforço -é algo inteiramente diferente, e não pode ser comparado a nenhum outro prazer, pois se difunde para fora, até onde os olhos da mente podem ver. Aprender e saber são uma alegria de mistura com uma ampla maravilha, visto que o universo parece expandir-se dentro do conceito mental, mudar e assumir uma nova forma e uma nova cor, que nunca mais perderá. é o caso do "consegui" (do eureka grego), que, por um momento relampagueante, se sobrepõe a tudo o mais; à vida , à morte, a tudo.
Não, ninguém pode fazer tudo por si mesmo. Tem de haver uma espécie de ajuda que assente os alicerces, prepare o trampolim, oriente até a posição. Alguém tinha que recitar o alfabeto para  mim, de dizer-me o que aquilo era, depois escrevê-lo para mim, e a seguir mostrar-me como é quer soava cada letra. Havia vezes, até, que intrigado, eu chegava a chorar, e pedia a alguém que me destrinçasse alguma coisa que eu não podia solucionar.
É exato, porém, quer ninguém vive num vácuo intelectual. Nós observamos, somos informados, e mesmo quando não perguntamos, a informação aparece.
Podemos reagir passivamente à torrente da informação; deixamos que ela se quebre em ciam de nós, ao passo que ignoramos tudo quanto possível com a mais bovina estolidez." E vai o livro, e nós que de bovinos nada temos, vamos ao portal registrar nossa opinião.
Há muito que se discutir, falou-se quer para o ano que vem os recursos para a área estarão mais escassos, previsto no orçamento, diante dessa afirmação, resignação?
O portal, até vinte de outubro. Cultura é primeira necessidade, é o que determina a capacidade do povo questionar a qualidade de ensino da saúde. O portal, até dia vinte deste mês. Durante a reunião, Ana Guedes, perguntou qual é a posição do MinC sobre a inclusão do ensino musical nas escolas, e Américo Córdula, respondeu que a questão é da área do Ministério da Educação, mas que dificilmente acontecerá em breve, por falta de recursos, de profissionais suficientes capacitados para o ensino, falta de recursos para pagar estes profissionais... que a Ação Griô desenvolve um projeto voluntário nas PECS. Vamos ao portal, país musical! Eneida Soller,  a ativa Presidente do Conselho Brasileiro de Entidades Culturais questionou a equivalência da contribuição do individuo e da entidade, em um levantamento aberto como este proposto pelo MinC, Valério Benfica esclareceu que todas as contribuições serão avaliadas no mesmo patamar, mas que será levada em conta a questão da representatividade.
 Os palestrantes, ainda, reiteraram que tão somente a elaboração e aprovação do Plano. não garantem a execução, é preciso que os Estados e Municípios "que aderirem", se comprometam com a realização.
É um plano democrático e e exige maturidade cultural, que devemos ter. E temos? A Associação das Escolas  de Samba de São Paulo esteve presente, e quase ao final da reunião levantou o braço no fundo do auditório, no que soltou a voz, a companhia se levantou toda, e veja, a reunião foi séria e produtiva, ainda que não tivesse sido, assim mesmo, por aquele momento valeria a viagem até a Barra Funda e valeria uma ida  à Brasília, se fosse para fazer coro da fala deles: "Nós temos o mapa completo dos nossos pontos culturais e atividades, independente de ajuda continuaremos nossa ação cultural, inclusive disponibilizando nossas informações e estrutura para apoiar ações culturais.
Estes seguramente se farão presentes no novo Plano Nacional de Cultura.
Eis: Cultura é o que a gente vive enquanto espera condições ideias para andar no figurino, e se, como diz Asimov, e também muito bem, Córdula, ninguém pode fazer TUDO por sí mesmo, por outro lado, nada pode ajudar a desenvolver o que mendiga ajuda para tudo.  Em dezembro deste ano, a Presidente aprovará o I Plano Nacional de Cultura. O centro do governo está maduro para compreender a importância da Cultura, que verba destinada a Cultura não é despesa, é investimento?

No vídeo, o Secretário Mamberti dando a tônica, encerrando o produtivo e esclarecedor encontro.

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