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domingo, 30 de setembro de 2018

Kavanaugh e as mulheres que não sabem ficar quietas quando devem

Por que as mulheres resolveram entregar os podres de Kavanaugh justamente quando ele foi indicado para a Suprema Corte americana pelo presidente Trump?
Esta deveria ser uma pergunta proibida pois formulá-la indica que o proponente não vive no mundo real e muito menos consegue compreender a importância do posto para o qual ele foi indicado no topo, do topo do mundo.
Somente no ano passado as mulheres americanas conseguiram se organizar em torno de um movimento que procura garantir às vítimas de assédio e agressão sexual a segurança para denunciar e a garantia de que ante a revanche do denunciado, o grupo se mobilizará. 
Mas espere aí! 
As mulheres da indústria do cinema  se organizaram no ano passado para lançar o movimento Me Too, não as mais simples e anônimas, mas as divas, as estrelas admiradas que servem de modelo para o resto das mortais do universo, até o ano passado, estavam caindo nas unhas dos chefes para os testes de sofá antes de conseguir papéis.
Me pergunte porque uma menina de um bairro de uma cidade pequena que foi apertada contra uma parede e apalpada e silenciada pela mão do agressor tampando sua boca, não foi à delegacia nos anos 80! 
Pergunte também porque um rapaz que assistiu um estupro coletivo e vibrou se deliciando com a cena ao invés de tomar uma atitude humanitária para com a vítima não sofreu qualquer consequência porque atuou "apenas" como olheiro para os estupradores.
Pergunte-me porque uma estudante não denunciou o colega nojento que durante uma festa na universidade tentou encaixar o pênis na cara dela, por que ela não foi até a delegacia levando consigo colegas testemunhas.
A resposta para as perguntas é a mesma. 
Por sentimento de impotência, pelo risco de passarem vergonha e serem acusadas de incentivar ou de estarem onde isso "pode" acontecer.
Elas não falaram antes porque o rapaz não ia ser dono do destino das mais importantes causas e pessoas do seu país e arbitrar negócios internacionais.
Por que elas vieram à público somente agora?
Uma palavra responde, e nem o indicado à Suprema Corte, nem quem o indicou e está aquecendo-lhe as costas conhecem: patriotismo.
Que pelo visto não compensa nos Estados Unidos do governo Trump.
Se antes estas mulheres foram vitimas e se calaram por vergonha, pelo bem do seu país, agora vencem o pudor e se atiram no vazio.
Outra pergunta que não deve ser feita é como é que elas se recordam de cada detalhe tantos anos passados, porque é falta de conhecimento da psicologia humana.
Quem sofre humilhação em âmbito sexual jamais esquece os mínimos detalhes, pode deixar para lá e viver sua vida, mas esquecer? Jamais! Pode perdoar se for da sua natureza, se o dano de denunciar ou cobrar judicialmente pelo dano for maior do que seu sofrimento permite suportar, mas esquecer? 
Somente o estuprador ou molestador, se ele tem molestado e estuprado displicentemente, assim como quem toma um drinque, esquece algum detalhe, mas as vítimas não esquecem.
O alarme toca muito alto quando quem impôs as violações vai se sentar na cadeira mais alta do país para pegar a maior fatia de poder que um ser humano pode ostentar, em suas mãos.
Quem pergunta porque as mulheres não falaram oficialmente antes, ou porque se recordam de tudo, não entenderá o que está escrito aqui, mas está escrito para ficar registrado.


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