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sábado, 24 de dezembro de 2011

Lev Semenovích Vigostsky - Dialética

    Para Vigotsky, o fundamento do funcionamento psicológico tipicamente humano é cultural, e, portanto, histórico. Os elementos mediadores na relação entre o homem e o mundo - instrumentos, signos de todos os elementos do ambiente humano carregados de significado cultural - são construídos nas relações entre os homens. 
    O papel mediador do trabalho e das ferramentas relaciona-se, nos estudos de Vigotsky, a dados sobre o desenvolvimento de outras espécies animais, principalmente aqueles oriundos das investigações disponíveis nas décadas de vinte e trinta do século passado, sobre os chipanzés. O olhar de Vigotsky para a filogênese busca raízes das características humanas no comportamento dos primatas superiores, ao mesmo tempo que enfatiza a importância da diferença qualitativa entre o homem e o animal. Emerge, ai, a importância da língua e suas relações com o funcionamento psicológico humano.
    O sistemas simbólicos e, particularmente a língua, exercem um papel fundamental na comunicação entre os sujeitos e no estabelecimento de significados compartilhados que permitem interpretações dos objetos, eventos e situações do mundo real. Na ausência de um sistema de signos compartilhado e articulado como a língua humana, somente o tipo de comunicação mais primitivo e limitado é possível. A comunicação entre os gansos, no exemplo de Vigostky, se dá por contágio afetivo, num processo difuso e genérico em que medo gera medo, e não pela transmissão de informações precisas sobre o tipo, a localização ou a dimensão do perigo.
    O surgimento do pensamento verbal e da língua como sistema de signos é crucial no surgimento e desenvolvimento da espécie humana, momento mesmo em que o biológico transforma-se no histórico e em que emerge a centralidade da mediação semiótica na constituição do psiquismo humano. O surgimento da língua é atribuído, por Vigostky à necessidade de intercâmbio dos indivíduos durante o trabalho, atividade especificamente humana. 
É de sua filiação marxista que vem a importância dada por ele ao trabalho na história da espécie humana.
    É o trabalho, que pela ação transformadora do homem sobre a natureza une homem e natureza e cria a cultura e a história humanas.
No trabalho desenvolve-se a atividade coletiva, portanto, as relações sociais e também a criação e utilização de instrumentos, ampliando as possibilidades de transformação da natureza. O trabalho exige planejamento e ação coletiva, e, portanto uma comunicação que permita troca de informações precisas e compartilhamento de significações. O uivo do lobo produz em mim como excitante os reflexos somáticos e mínimos do medo; a mudança de respiração, as batidas do coração, o tremor, a secura da garganta (reflexos) me fazem dizer ou pensar: "tenho medo". (O significado histórico da crise da psicologia")
Diferentes do ganso que contagia o bando com seu medo o homem opera no plano da consciência e utiliza um sistema semiótico articulado e internalizado.
Sabe que tem medo e é capaz de transmitir aos outros essas informações de uma maneira muito mais complexa e precisa do que a contaminação emocional possível entre os animais.
Conceitua o mundo, os outros, e seus próprios estágios interiores: vive e sabe que vive, pensa e sabe que pensa, se auto-observa, age deliberadamente sobre seu próprio universo psicológico. A consciência, que não é um estado interior preexistente, mas uma construção de natureza histórico cultural fortemente relacionada ao processo compartilhado de construção de signos e significações, tem claro papel na auto-regulação dos sujeitos humanos.
     O sujeito humano é constituído por aquilo que é herdado fisicamente e pela experiência individual, mas sua vida, seu trabalho, seu comportamento também se baseiam claramente na experiência histórica e social, isto é, aquilo que não foi vivenciado pessoalmente pelo sujeito, mas está na experiência dos outros e nas conquistas acumuladas pelas gerações que o precederam.
Além disso, o homem é, o único animal que utiliza a experiência duplicada, isto é, vivida mentalmente antes de ser vivida concretamente, o que lhe permite uma adaptação ativa ao meio, inexistente nas outras espécies.
Vigotsky explora a idéia da experiência duplicada a partir de famosa citação de Marx, utilizando-a como epígrafe de seu texto de 1925, "A consciência como problema da psicologia do pensamento": "A aranha realiza operações que lembram o tecelão e as caixas suspensas que as abelhas constroem envergonham o trabalho de muitos arquitetos. Mas até mesmo o pior dos arquitetos difere, de início, da mais hábil das abelhas, pelo fato de que, antes de fazer uma caixa de madeira, ele já a construiu mentalmente. No final do processo de trabalho, ele obtém um resultado que já existia em sua mente antes de começar a construção. O arquiteto não só modifica a forma que lhe foi dada pela natureza dentro das restrições impostas pela natureza, como também realiza um plano que lhe é próprio, definindo os meios e o caráter das atividades aos quais ele deve subordinar sua vontade".
     A consciência invade até os experimentos dos reflexologistas e modifica consideravelmente o quadro do comportamento.
Faça sair a consciência pela porta e ela entrará pela janela. ("O significado histórico da crise da psicologia")
    Num importante contraponto ha uma possível interpretação determinista da abordagem histórico cultural que encontramos em Vigotsky, a postulação de um mundo interior, em constante movimento, e da existência de uma margem de controle do próprio sujeito sobre sua vida psicolóica, e isto é, sua autonomia enquanto sujeito.
Extraído do Especial Vigotssky publicado na Memória da Pedagogia - Viver Mente & Cérebro, escrito por Marts Kohl de Oliveira, professora da Faculdade de Educação da USP. 
Fotos: Vistas da Saída Radial Leste da estação Penha do Metrô. A bonita Igreja  da Penha, e uma trombetinha roxa estendida para os primeiros raios de sol da manhã, cresceu numa fenda do muro interno da saída do metrô, só pega sol  nesta hora do dia. Fotografei enquanto esperava a carona para o trabalho de cenografia da peça teatral Família Adams vem da Brodway, estréía no Brasil em março). Estou trabalhando na equipe de efeitos especiais em pintura, na equipe de Wilson Castro.
E no link O Litle Drummer Boy - Charlotte Church 
com carinho e votos de muita Paz e Luz para nós nesta 
véspera linda de Natal...esperando pelo retorno do menino:
http://youtu.be/fUHYnOTJ_uk 

Um comentário:

  1. Olá estou passando por aqui para convidar você para conhecer meu DOCE blog.

    Quando puder passe por lá, vai ser um prazer ter sua companhia!

    FELIZ ANO NOVO!!!

    www.tatidesignercake.blogspot.com

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