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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Marsicano, Jorge e Rimbaud

Este Rimbaud; Uma Estadia no Inferno, Poemas Escolhidos e A Carta do Vidente, foi traduzido por Daniel Fresnot e publicado pela Martins Claret. O poema O Barco Embriagado foi traduzido em conjunto com Alberto Marsicano, o citarista do Alfa e do Ômega das cordas. Não sei se é o lambrusco há tempos aberto, hoje gelado, ontem uva, sempre dourado África ao entardecer, ou será o cachorro branco perfumado do banho aos meus pés embolado...não sei se é o filho que casa, as mãos loucas, a voz que anda rouca, e ouvir-se a si mesmo em outro tom...bem...gera indagações...mas não sei, talvez tudo:
Enquanto eu acompanhava rios impassíveis,
Não me senti mais guiado pelos rebocadores:
Índios aos berros os tomavam por alvo,
Pregando-os nus aos troncos de cores.
(Os índios que cavalgavam agarrados na ilharga de seus cavalos, achatados como carrapatos ao lado, invisíveis, pelos pampas, eu vou assim, Giane ao lado de Rimbaud, agarrada na barriga de sua poesia, por que é noite de Independência e preciso, ah, o lambrusco! E gritam berros de gelar a alma que parece que fugia pelas costas por uma fenda negra como corte no fígado.)

Não me preocupei com todas as equipagens,
Carregando trigo flamengo ou algodão inglês.
Quando com meus rebocadores acabou a gritaria, 
Os rios me deixaram descer onde queria.
(Vão embolando encaracoladas alaranjadas águas. Avisaram que o Tinte desapareceu depois de jantar na granja da namorada e encurtar o caminho da volta, da morte, pelo rio.)

Através dos furiosos murmúrios das marés,
No outro inverno, mais surdo que mentes infantis, 
Eu corri! E as penínsulas desgarradas
Nunca tiveram tão triunfais algazarras.
(Sempre chovendo e grama molhada, o milagre e não molhar os dedos e faço o esforço-pé de sandália, apanho azedinhas)

A tempestade abencoou meus despertares marinhos.
Mais leve que a rolha dancei sobra as ondas
que são para as vítimas eternos redemoinhos,
Dez noites, sem lamentar o olho dos faróis!
(Enjoava por saber que árvore não passa correndo pelas janelas do ônibus e constatava que nada do que vemos é verdade, somente o que investigamos, pode.)
Mais doce que às crianças a carne das maçãs,
Penetra a água verde meu casco de pinho
e das manchas de vômitos e do azulado vinho
Me lava, dispersando o leme e o arpão.
(Elas batiam roupa nas pedras do rio. Quando não estavam, as brancas lages reclamavam a falta das pancandas, secas e feias sem as perucas de espumas.)

Desde então mergulhei no Verso
Do Mar, leitoso e de astros mesclado.
Devorando os azuis verdes; onde, lívido imerso
E arrebatado, desce um pensativo afogado;
(Até que os lábios racharam e desdobrou-se aquele pedaço de corpo que ela nunca sentiu que existia, a goela.)

Onde tingindo num instante os azuis, delírios
E ritmos lentos no chão dos dias,
Mais fortes que o álcool, mais vastas que as liras,
Fermentam do amor, acres rubras melancolias!
(Passaram vendendo tapetes, e era só aquele dia, tão grandes quanto a sala, depois que o menino deitou nele, só se podia negociar.)

Sei de céus que estalam em raios, de tormentas
Ressecas e correntes; sei da noite e do Alvorecer
Exaltado tal o revoar da miríades de pombas,
E vi certas vezes o que o homem acredita ver!
(A tempestade vivida dentro dágua!)

Sonhei a verde noite de neves deslumbrantes,
Beijo afluindo aos olhos dos mares lentamente,
A circulação de seivas espantosas,
E o despertar azul amarelo dos fósforos cantantes!

(Então entrei na noite de neve em um túnel com arestas carregando na mão o papel que indicava em chamas iluminando o caminho, noutra ponta era a manhã, a mãe - a saída noutra neve.)

Vaguei por meses como gado histérico,
As ondas arrebentando os recifes,
Sem pensar que os luminosos pés das Marias
Pudessem cavalgar o oceano asmático!

Atingi, como sabem, incríveis Flóridas
Mesclando Às flores olhos de panteras
Com pele humana! Arcos-íris tensos qual rédeas 
Som o horizonte dos mares, em glaucos rebanhos!

Vi fermentar enormes pântanos, ardis
Onde entre juncos um Leviatã apodrece!
Despencam águas em meio a calmarias,
E horizontes para os abismos descem!

(Entre as colinas colunas ardis. Testemunho impotente potente traição, não tenho voz!)

Geleiras, sóis de prata, vagas de nácar, céus de brasa!
Encalhe odioso no fundo de golfos negrumes
Onde cobras gigantes devoradas por percevejos
Caem, de tortos ramos, com negros perfumes!
(Andando na encosta serpenteava estradinha, e de barriga pulsante a moça subia, um feto feliz pela viagem sofria, Cavaleiros Semeadores na caravana seguiam, escoltando na encosta o retiro dos dois, ou três...que do martírio fugiam -França!)

Queria mostrar às crianças estas douradas
Na onda azul, estes peixes dourados, estes peixes cantantes,
-Espumas de flores embalaram minhas fugas
E inefáveis ventos me alaram por instantes.
(Longa viagem uma tenda uma veste uma dona - fui vendida
Emboscada decidida longa viagem - Estava salva.)

Ás vezes mártir cansado dos pólos e das zonas,
O mar cujo soluço adoçava os meus vagueios
Me alçou suas flores de sombra de ventosas amarelas
E eu ficava qual mulher de joelhos...
(Ajoelhada com o casal esperando os padres chegarem -era um passeio uma missão um adeus.)

Quase ilha, balançando em minhas margens as brigas
E os excrementos de pássaros dos olhos loiros gritando
E eu navegava quando através dos meus tênues laços
Afogados desciam dormir, recuando!

E eu, barco perdido sobre os cabelos das angras
Pelo furacão no éter sem pássaro lançado,
A quem os Monitores e os veleiros das Hansas
Não teriam a carcaça ébria de água resgatada;
(Saídas ao sol comida frugal vestido forrado cetim e bordado, sapatos, pernas finas algum seio. Corredores, pedras, arcos, pedras grades.)

Livre, fumando, alçado de brumas violetas,
Eu perfurava o céu rubro como o muro,
que traz confeito doce aos bons poetas,
Liquéns de sol e escarros azulados;
(Nas manhãs de São Paulo, mulheres de cabelos secos passeando cães apontam dedos de cigarro.)

Que corria manchado de luas elétricas,
Prancha louca, poripocampos negros escolatado,
Quando julho desmoronava a bastonadas
Os céus ultramarinos ardentes fundados;
(Fundar nova vida de sóbria assembléia rolando os seixos horizonte infinito)

Eu que tremia, ouvindo gemer de ciquenta léguas
O cio dos demônios e dos abismos estreitos,
Tecelão eterno das imobilidades azuis,
Lamento a Europa dos antigos parapeitos!
(Sempre tecendo, nós nos dedos calos dos fios finos vermelhos pretos trançados)

Vi arquipélagos siderais! E ilhas
Cujos céus delirantes se abrem ao vogar:
Tração é nestas noites sem fundo que dormes e exilas.
Bilhão de pássaros de ouro, ô futuro vigor?
(Branca suave luz de múltiplos focos de tarde olhos pequenos sobre o corpo esvoaçavam vaga lumes.)

Mas, verdade, chorei muito!
As auroras são magoantes.
Toda luz é atroz e todo sol, amargo:
O acre amor me inflou de torpezas embriagantes.
(O tempo passava cheio de funções enquanto lutando aguardava a chegada -Joseph!)

Ô que minha quilha estale!
Ô que eu vá ao mar!

Se desejo uma água da Europa, é o charco
Negro e frio onde no crepúsculo perfumado
Cheio de tristeza um menino agachado
Como borboleta de maio solta o tênue barco.

Não posso mais banhado por vossos langores, ô ondas, 
Levar seus sulcos dos carregadores de algodões,
Nem atravessar o orgulho das bandeiras e das chamas,
Nem nadar sobre os horríveis lagos dos pontões.
Fotos1 : Cristo na minha visão de 2000, pintura em óleo, registro antes de acabar, e foto 2, durante a gravação do DVD do Show do tremendo Ciro Pessoa no auditório do Ibirapuera em 2010, com a cenografia de Jorge Ferreira e equipe, e participação especial do multi mídia André Petikov o cara das flores astrais e bolhas psicodélicas das imagens projetadas, e Alberto Marsicano que alterou o tecido cósmico com sua citara que perdura, que imprime-se, deeneafica-se, ondulando infinitamente, Marsicano aparelhado, alienado no seu som é must! Estive lá acompanhando meu filho Marcelo, que nos próximos dias se casa com Chrissie. Felicidades e Amor, PAZ E LUZ, sempre com boa música!
São meus votos!

Para ver Marsicano num blues para Hendrix, ative o link: 
http//youtu.be/jZzgYW9k4xs:

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