Hoje, recebi notícias do estimado jornalista Sérgio de Castro que acaba de lançar novo livro - promete detalhes.
Aguardo com a leveza da primavera, pelos dados que virão, com certeza, com a seriedade e delicadeza que mereço.
Hoje, recebi notícias da artista renomada mundialmente, a aquarelista inglesa Shirley Felts, que conheci quando ela esteve no Brasil para desenvolver um projeto para o IPÊ, no interior do estado de São Paulo.
Shirley viaja o mundo com seus projetos de murais e aquarelas, mas sua sede, seus jardins ficam em Londres, bem como a família.
A foto é de uma aquarela que fez da vista da janela de seu quarto, recebi-a no natal de 2008 com notícias: "Muito trabalho, Derek (o marido arquiteto) desenvolvendo um grande projeto, ela intercambiando com artistas de Guiana, projeto para um mural seu, e em janeiro fará uma cirurgia no joelho...Shirley=atividade."
Ô dia...tem dias que deslizam cheios de aromas deliciosos, a alma hidratada agradece.
E, veja, consegui em um sebo a um preço inacreditável um CD que passou instantaneamente a ser um grande e apreciado tesouro: A Flauta Mágica - Wiener Staatspernchor, com uma impagável Emmy Loose como Papaguena.
A foto acima é de uma aquarela de Shirley que recebi no natal de 2010, a imagem que é casamento feliz com a faixa 2 do CD, Tamino por Leopold Simoneau, mas...não, é mais conectada à faixa sete, O Primeiro Sacerdote por Harald Pröglhof.
Enfim, recarregam as baterias, dias assim, não?
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Integra do discurso da Presidente do Brasil, Dilma Rousseff na Assembleia da ONU, hoje -12h22
A presidente Dilma Rousseff foi nesta quarta-feira a primeira mulher a abrir a Assembleia Geral da ONU, em Nova York. "Senhor presidente da Assembleia Geral, Nassir Abdulaziz Al-Nasser, Senhor secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, Senhoras e senhores chefes de Estado e de Governo, Senhoras e senhores, Pela primeira vez, na história das Nações Unidas, uma voz feminina inaugura o Debate Geral. É a voz da democracia e da igualdade se ampliando nesta tribuna que tem o compromisso de ser a mais representativa do mundo. É com humildade pessoal, mas com justificado orgulho de mulher, que vivo este momento histórico. Divido esta emoção com mais da metade dos seres humanos deste Planeta, que, como eu, nasceram mulher, e que, com tenacidade, estão ocupando o lugar que merecem no mundo. Tenho certeza, senhoras e senhores, de que este será o século das mulheres. Na língua portuguesa, palavras como vida, alma e esperança pertencem ao gênero feminino. E são também femininas duas outras palavras muito especiais para mim: coragem e sinceridade. Pois é com coragem e sinceridade que quero lhes falar no dia de hoje. Senhor Presidente, O mundo vive um momento extremamente delicado e, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade histórica. Enfrentamos uma crise econômica que, se não debelada, pode se transformar em uma grave ruptura política e social. Uma ruptura sem precedentes, capaz de provocar sérios desequilíbrios na convivência entre as pessoas e as nações. Mais que nunca, o destino do mundo está nas mãos de todos os seus governantes, sem exceção. Ou nos unimos todos e saímos, juntos, vencedores. Ou sairemos todos derrotados. Agora, menos importante é saber quais foram os causadores da situação que enfrentamos, até porque isto já está suficientemente claro. Importa, sim, encontrarmos soluções coletivas, rápidas e verdadeiras. Essa crise é séria demais para que seja administrada apenas por uns poucos países. Seus governos e bancos centrais continuam com a responsabilidade maior na condução do processo, mas como todos os países sofrem as conseqüências da crise, todos têm o direito de participar das soluções. Não é por falta de recursos financeiros que os líderes dos países desenvolvidos ainda não encontraram uma solução para a crise. É, permitam-me dizer, por falta de recursos políticos e algumas vezes, de clareza de ideias. Uma parte do mundo não encontrou ainda o equilíbrio entre ajustes fiscais apropriados e estímulos fiscais corretos e precisos para a demanda e o crescimento. Ficam presos na armadilha que não separa interesses partidários daqueles interesses legítimos da sociedade. O desafio colocado pela crise é substituir teorias defasadas, de um mundo velho, por novas formulações para um mundo novo. Enquanto muitos governos se encolhem, a face mais amarga da crise - a do desemprego - se amplia. Já temos 205 milhões de desempregados no mundo. 44 milhões na Europa. 14 milhões nos Estados Unidos. É vital combater essa praga e impedir que se alastre para outras regiões do Planeta. Nós, mulheres, sabemos, mais que ninguém, que o desemprego não é apenas uma estatística. Golpeia as famílias, nossos filhos e nossos maridos. Tira a esperança e deixa a violência e a dor. Senhor Presidente, É significativo que seja a presidenta de um país emergente, um país que vive praticamente um ambiente de pleno emprego, que venha falar, aqui, hoje, com cores tão vívidas, dessa tragédia que assola, em especial, os países desenvolvidos. Como outros países emergentes, o Brasil tem sido, até agora, menos afetado pela crise mundial. Mas sabemos que nossa capacidade de resistência não é ilimitada. Queremos - e podemos - ajudar, enquanto há tempo, os países onde a crise já é aguda. Um novo tipo de cooperação, entre países emergentes e países desenvolvidos, é a oportunidade histórica para redefinir, de forma solidária e responsável, os compromissos que regem as relações internacionais. O mundo se defronta com uma crise que é ao mesmo tempo econômica, de governança e de coordenação política. Não haverá a retomada da confiança e do crescimento enquanto não se intensificarem os esforços de coordenação entre os países integrantes da ONU e as demais instituições multilaterais, como o G-20, o Fundo Monetário, o Banco Mundial e outros organismos. A ONU e essas organizações precisam emitir, com a máxima urgência, sinais claros de coesão política e de coordenação macroeconômica. As políticas fiscais e monetárias, por exemplo, devem ser objeto de avaliação mútua, de forma a impedir efeitos indesejáveis sobre os outros países, evitando reações defensivas que, por sua vez, levam a um círculo vicioso. Já a solução do problema da dívida deve ser combinada com o crescimento econômico. Há sinais evidentes de que várias economias avançadas se encontram no limiar da recessão, o que dificultará, sobremaneira, a resolução dos problemas fiscais. Está claro que a prioridade da economia mundial, neste momento, deve ser solucionar o problema dos países em crise de dívida soberana e reverter o presente quadro recessivo. Os países mais desenvolvidos precisam praticar políticas coordenadas de estímulo às economias extremamente debilitadas pela crise. Os países emergentes podem ajudar. Países altamente superavitários devem estimular seus mercados internos e, quando for o caso, flexibilizar suas políticas cambiais, de maneira a cooperar para o reequilíbrio da demanda global. Urge aprofundar a regulamentação do sistema financeiro e controlar essa fonte inesgotável de instabilidade. É preciso impor controles à guerra cambial, com a adoção de regimes de câmbio flutuante. Trata-se, senhoras e senhores, de impedir a manipulação do câmbio tanto por políticas monetárias excessivamente expansionistas como pelo artifício do câmbio fixo. A reforma das instituições financeiras multilaterais deve, sem sombra de dúvida, prosseguir, aumentando a participação dos países emergentes, principais responsáveis pelo crescimento da economia mundial. O protecionismo e todas as formas de manipulação comercial devem ser combatidos, pois conferem maior competitividade de maneira espúria e fraudulenta. Senhor Presidente, O Brasil está fazendo a sua parte. Com sacrifício, mas com discernimento, mantemos os gastos do governo sob rigoroso controle, a ponto de gerar vultoso superávit nas contas públicas, sem que isso comprometa o êxito das políticas sociais, nem nosso ritmo de investimento e de crescimento. Estamos tomando precauções adicionais para reforçar nossa capacidade de resistência à crise, fortalecendo nosso mercado interno com políticas de distribuição de renda e inovação tecnológica. Há pelo menos três anos, senhor Presidente, o Brasil repete, nesta mesma tribuna, que é preciso combater as causas, e não só as consequências da instabilidade global. Temos insistido na interrelação entre desenvolvimento, paz e segurança; e que as políticas de desenvolvimento sejam, cada vez mais, associadas às estratégias do Conselho de Segurança na busca por uma paz sustentável. É assim que agimos em nosso compromisso com o Haiti e com a Guiné-Bissau. Na liderança da Minustah, temos promovido, desde 2004, no Haiti, projetos humanitários, que integram segurança e desenvolvimento. Com profundo respeito à soberania haitiana, o Brasil tem o orgulho de cooperar para a consolidação da democracia naquele país. Estamos aptos a prestar também uma contribuição solidária, aos países irmãos do mundo em desenvolvimento, em matéria de segurança alimentar, tecnologia agrícola, geração de energia limpa e renovável e no combate à pobreza e à fome. Senhor Presidente, Desde o final de 2010, assistimos a uma sucessão de manifestações populares que se convencionou denominar "Primavera Árabe". O Brasil é pátria de adoção de muitos imigrantes daquela parte do mundo. Os brasileiros se solidarizam com a busca de um ideal que não pertence a nenhuma cultura, porque é universal: a liberdade. É preciso que as nações aqui reunidas encontrem uma forma legítima e eficaz de ajudar as sociedades que clamam por reforma, sem retirar de seus cidadãos a condução do processo. Repudiamos com veemência as repressões brutais que vitimam populações civis. Estamos convencidos de que, para a comunidade internacional, o recurso à força deve ser sempre a última alternativa. A busca da paz e da segurança no mundo não pode limitar-se a intervenções em situações extremas. Apoiamos o Secretário-Geral no seu esforço de engajar as Nações Unidas na prevenção de conflitos, por meio do exercício incansável da democracia e da promoção do desenvolvimento. O mundo sofre, hoje, as dolorosas consequências de intervenções que agravaram os conflitos, possibilitando a infiltração do terrorismo onde ele não existia, inaugurando novos ciclos de violência, multiplicando os números de vítimas civis. Muito se fala sobre a responsabilidade de proteger; pouco se fala sobre a responsabilidade ao proteger. São conceitos que precisamos amadurecer juntos. Para isso, a atuação do Conselho de Segurança é essencial, e ela será tão mais acertada quanto mais legítimas forem suas decisões. E a legitimidade do próprio Conselho depende, cada dia mais, de sua reforma. Senhor Presidente, A cada ano que passa, mais urgente se faz uma solução para a falta de representatividade do Conselho de Segurança, o que corrói sua eficácia. O ex-presidente Joseph Deiss recordou-me um fato impressionante: o debate em torno da reforma do Conselho já entra em seu 18º ano. Não é possível, senhor Presidente, protelar mais. O mundo precisa de um Conselho de Segurança que venha a refletir a realidade contemporânea; um Conselho que incorpore novos membros permanentes e não-permanentes, em especial representantes dos países em desenvolvimento. O Brasil está pronto a assumir suas responsabilidades como membro permanente do Conselho. Vivemos em paz com nossos vizinhos há mais de 140 anos. Temos promovido com eles bem-sucedidos processos de integração e de cooperação. Abdicamos, por compromisso constitucional, do uso da energia nuclear para fins que não sejam pacíficos. Tenho orgulho de dizer que o Brasil é um vetor de paz, estabilidade e prosperidade em sua região, e até mesmo fora dela. No Conselho de Direitos Humanos, atuamos inspirados por nossa própria história de superação. Queremos para os outros países o que queremos para nós mesmos. O autoritarismo, a xenofobia, a miséria, a pena capital, a discriminação, todos são algozes dos direitos humanos. Há violações em todos os países, sem exceção. Reconheçamos esta realidade e aceitemos, todos, as críticas. Devemos nos beneficiar delas e criticar, sem meias-palavras, os casos flagrantes de violação, onde quer que ocorram. Senhor Presidente, Quero estender ao Sudão do Sul as boas vindas à nossa família de nações. O Brasil está pronto a cooperar com o mais jovem membro das Nações Unidas e contribuir para seu desenvolvimento soberano. Mas lamento ainda não poder saudar, desta tribuna, o ingresso pleno da Palestina na Organização das Nações Unidas. O Brasil já reconhece o Estado palestino como tal, nas fronteiras de 1967, de forma consistente com as resoluções das Nações Unidas. Assim como a maioria dos países nesta Assembléia, acreditamos que é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título. O reconhecimento ao direito legítimo do povo palestino à soberania e à autodeterminação amplia as possibilidades de uma paz duradoura no Oriente Médio. Apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política em seu entorno regional. Venho de um país onde descendentes de árabes e judeus são compatriotas e convivem em harmonia - como deve ser. Senhor Presidente, O Brasil defende um acordo global, abrangente e ambicioso para combater a mudança do clima no marco das Nações Unidas. Para tanto, é preciso que os países assumam as responsabilidades que lhes cabem. Apresentamos uma proposta concreta, voluntária e significativa de redução [de emissões], durante a Cúpula de Copenhague, em 2009. Esperamos poder avançar já na reunião de Durban, apoiando os países em desenvolvimento nos seus esforços de redução de emissões e garantindo que os países desenvolvidos cumprirão suas obrigações, com novas metas no Protocolo de Quioto, para além de 2012. Teremos a honra de sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho do ano que vem. Juntamente com o Secretário-Geral Ban Ki-moon, reitero aqui o convite para que todos os Chefes de Estado e de Governo compareçam. Senhor Presidente e minhas companheiras mulheres de todo mundo, O Brasil descobriu que a melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza. E que uma verdadeira política de direitos humanos tem por base a diminuição da desigualdade e da discriminação entre as pessoas, entre as regiões e entre os gêneros. O Brasil avançou política, econômica e socialmente sem comprometer sequer uma das liberdades democráticas. Cumprimos quase todos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, antes de 2015. Saíram da pobreza e ascenderam para a classe média no meu país quase 40 milhões de brasileiras e brasileiros. Tenho plena convicção de que cumpriremos nossa meta de, até o final do meu governo, erradicar a pobreza extrema no Brasil. No meu país, a mulher tem sido fundamental na superação das desigualdades sociais. Nossos programas de distribuição de renda têm nas mães a figura central. São elas que cuidam dos recursos que permitem às famílias investir na saúde e na educação de seus filhos. Mas o meu país, como todos os países do mundo, ainda precisa fazer muito mais pela valorização e afirmação da mulher. Ao falar disso, cumprimento o secretário-geral Ban Ki-moon pela prioridade que tem conferido às mulheres em sua gestão à frente das Nações Unidas. Saúdo, em especial, a criação da ONU Mulher e sua diretora-executiva, Michelle Bachelet. Senhor Presidente, Além do meu querido Brasil, sinto-me, aqui, representando todas as mulheres do mundo. As mulheres anônimas, aquelas que passam fome e não podem dar de comer aos seus filhos; aquelas que padecem de doenças e não podem se tratar; aquelas que sofrem violência e são discriminadas no emprego, na sociedade e na vida familiar; aquelas cujo trabalho no lar cria as gerações futuras. Junto minha voz às vozes das mulheres que ousaram lutar, que ousaram participar da vida política e da vida profissional, e conquistaram o espaço de poder que me permite estar aqui hoje. Como mulher que sofreu tortura no cárcere, sei como são importantes os valores da democracia, da justiça, dos direitos humanos e da liberdade. E é com a esperança de que estes valores continuem inspirando o trabalho desta Casa das Nações que tenho a honra de iniciar o Debate Geral da 66ª Assembleia Geral da ONU. Muito obrigada." O discurso da Presidente chegou da Ilha da Madeira, me foi enviado pelo Embaixador da Paz, o escritor brasileiro Édison Pereira de Almeida. A parte salientada em cor-de-rosa foi grifada por mim. Foto: "Não Tenho Medo", óleo sobre tela, que pintei em 2008 e foi condecorado com Medalha de Ouro no Salão de Artes de Pinheiros, e pertence ao acervo da Associação Comercial de São Paulo. |
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Erotismo e Mulheres Fatais
Torno a pensar no erotismo lendo os fatos diversos, olhando os rostos daquelas que durante alguns dias são as "heroínas" de primeira página.
Uma tem um grande rosto animal, olhos bovinos, uma ondulação permanente nos cabelos. dois homens se mataram por causa dela. A outra é uma morena magra, sem complexos, exibindo, em seu maiô de banho, duas covas aflitivas nas clavículas e canelas finíssimas. Nove amantes, um dos quais está zangado. a terceira, muito loira, muito pálida, muito insípida, boneca que a gente ganha na feira com um punhado de nozes como prêmio: o padrasto violou-a, o marido matou o padrasto. Paixões sombrias. Ghislaine com cara de porco "inspirava amor ainda que aos sessenta anos", Jeannine que pesa oitenta quilos "disse não uma vez mais". Josyane, apesar do rosto humilde de criança mal alimentada, sem um dente da frente, as duas mãos no bolso do avental de xadrez, era não obstante "libertina" e Renée, "a amante do guarda-caça", tentou com sua 2 CV esborrachar sua rival.
São mulheres fatais, as verdadeiras, aquelas dos fatos diversos, das fotos magenta de Detetive, fotos passadas, poéticas, daquelas que se pavoneiam nos bufês de campo ou nos consolos as habitações populares até hoje...
Leio os fatos diversos. Leio Detetive. Descubro essa evidência, os grandes dramas se desenrolam ante os bufês. Hentique III, as belas paixões se desenvolvem entre as mesas de fórmica e o forno, os corações muito apaixonados não teem água corrente. Não são os agregados da filosofia que matam pelos belos olhos dos manequins da alta-costura, é o entregador de mercadorias que ama a padeira, a cabeleireira que se mata sobre a tumba do leiteiro; é nos bailes de subúrbio e nas cooperativas que se ama ainda à primeira vista e para sempre, é nos pavilhões que se sonha e que se envenena, é nos pequenos botequins que se morre de amor.
E me fazem rir muito esses que se queixam da vaga do erotismo na publicidade, no romance, no cinema. A vala que separa essas pretensas "mulheres fatais" de nossas beldades de minissaia, peruca e meias rendadas demonstra formidavelmente o contrário. É uma tentativa desesperada de reanimar (em proveito do triste consumo) um fogo que foi sagrado e que se apaga. Exactamente como a veneração contrafeita do instinto, da barbárie, do grito, tenta dissimular a impotência crescente de uma arte que tem vergonha de si mesma. Falamos da violência: nossa época não é violenta; é cruel, como todas as épocas de transição e de degenerescência. A violência tem por contra partida o entusiasmo, a barbárie, tem a fé e a simplicidade. A crueldade não possui outro inverso que a mediocridade, a tristeza, o tédio.
E o que se chama hoje erotismo me parece hoje lastimável, não porque desperte os reforce o instinto sexual, mas porque o falseia, o distorce, e de pulsão instintiva o transforma em valor social.
Porque, enfim, será realmente para agradar, no sentido imediato da palavra, que a mulher se veste, se pinta, emagrece, e pensa com angústia em sua linha e seus enfeites, em continuar jovem e ter o ar alegre? Bem se vê que não. as mulheres que suscitam grandes paixões, como aquelas que teem numerosas aventuras, as que procuram unicamente um marido, um amor ou relações passageiras, não correspondem forçosamente e mesmo raramente correspondem ao estereótipo da loja. Não, a mulher que se quer jovem à maneira de uma star, vestida como tal ou tal manequim, delgada ou olho em triângulo como o cronista da moda aconselha, procura encarnar uma imagem mais do que agradar a um ou todos os homens. E, justa reciprocidade das coisas, elas só colherão homens que amam as imagens, e não as mulheres.
O homem que sai com um manequim que não lhe dá mesmo vontade mostra que pode gostar de exibir um valor oficialmente reconhecido. Assim, denunciar "o erotismo ambiente" é cair na esparrela de uma mistificação social.
Mas o social não poderia estar excluído do erotismo, e nele se introduz como qualquer outra deformação, para se tornar um vício, uma realidade portanto. O desejo não se aplica à mulher, mas à valorização que ela proporciona. assim mesmo é um desejo, que acaba por se exprimir fisicamente, comunicando a um erotismo tornado real, mas fetichista (deseja-se uma mulher valorizada pela moda, como se deseja uma prostituta disfarçada de neocomungante), uma tristeza mórbida, um desencanto bem moderno.
Assim, o que temo diante do cartaz, da loja, do filme, da revista, para meus filhos, não é que esse suposto erotismo desperte desejos precoces. É que, quando chegar a hora do desejo e, espero, do amor, eles não saibam reconhecê-la.
Extraído de Casa de Papel, escrito por Françoise Mallet Joris, publicado pela José Olympio Editora
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Édison Pereira de Almeida - Participação e Convite
Na última segunda-feira, em Santana do Parnaíba, aos 92 anos, Dona Marianna Pereira de Sousa expirou e seguiu sua jornada para além da matéria. A sempre elegante e simpática Dona Marianna é mãe do escritor brasileiro Édison Pereira de Almeida, residente na Ilha da Madeira, Portugal. Édison, que é Embaixador da Paz pelo Cercle Universelle de la Paix - Paris, e Chanceler da Cultura Internacional, Brasil-Europa, comovido, participa a perda e agradece os votos de apreço e condolências recebidos em nome da família, bem como, convida para a missa de sétimo dia do falecimento que será oficiada na próxima segunda-feira, dia 19 de setembro, às 18:00h, no Mosteiro de São Bento, o mesmo onde Dona Marianna frequentava missas e levava os filhos quando crianças. Encerra-se um ciclo, e a família espalhada pelo Brasil se unirá em oração neste dia e horário em memória e agradecimento pela longa vida, amável e enérgica presença de Dona Mariana, que na última terça-feira foi sepultada no Cemitério da Paz no Morumbi.
Filhos : Alberto Pereira de Almeida, Maraly Pereira de Almeida, Édison Pereira de Almeida, Solange Pereira de Almeida, netos: Patrícia Battaglini , Debora Battaglini, Diogo Monteiro de Almeida, Tathiana Monteiro de Almeida, Alexandre Pereira de Almeida, Priscila Pereira de Almeida, Filipe Battaglini, André Luis Rubio de Almeida, Alline Brandão de Almeida. In memoriam, o esposo Alipio Pereira de Almeida Filho, e filha Elizabeth de Almeida Battaglini.
Segunda-feira, 18:00h
Mosteiro de São Bento
Mosteiro de São Bento
Largo de São Bento, s/n°
São Paulo -SP
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Mural Amarelo
Começei a pintura no final de julho, começei de noite, depois de uma aula estimulante de história da arte, o fim do curso...
Encontrei um armário elevado onde eu havia guardado tinta há anos e...tenho praticado a multiplicação.
Passam e param para conversar, as mães ensinam aos filhos: "Diga obrigado para a artista, por embelezar nossa rua". Dizem seus nomes...adorável!
A àrvore, ainda não coloquei todas as folhas, ontem peguei o material que faltava.
Uma Pomba da Fé.
E as fotos acabam onde começou o mural, fotos de Camille Luar.
Mimi Kirchhausen & Leslie Marko
A sobrevivente da Shoah, mãe, avó, bisavó, a vivida e sábia escritora Mimi Kirchhausen, no próximo dia 25 de Setembro lança seu livro "Primaveras Perdidas", que tem um lindo e emocionante prefácio escrito pela competente Maria Luiza Tucci Carneiro.
Mimi vive com a família no Peru, e o lançamento será em Augusto Bolognesi, 320, A. San Isidro, em Lima.
Quem participa o lançamento aos amigos brasileiros é Leslie Marko, a filha de Mimi, que vive no Brasil há 25 anos. Leslie foi minha professora na Oficina de Teatro para Educadores, Cenas e Narrativas Sobre o Holocausto. Uma professora marcante e inesquecível, quer seja pelo carinho e sensibilidade com que ministra as aulas, que seja pela bagagem cultural invejável. Leslie é Diretora e Teatro Educadora, formada pela Pontifícia Universidade Católica de Peru e Escola de Comunicação e artes da Universidade de São Paulo, Mestre em artes Cênicas na ECA/USP e desenvolve projetos teatrais pedagógicos estéticos e sociais realizando processos e espetáculos de criação coletiva, seu trabalho focaliza um teatro fora do circuito comercial e em espaços não convencionais. Ela também é professora do Curso de Relações Internacionais do Estado Superior de Propaganda e Marketing.
Parabéns para Mimi, pelo trabalho, pelo sucesso e pela adorável e brilhante filha, a queridíssima, Leslie!Foto do encerramento da Oficina de Teatro ministrada por Leslie no MuBE, Leslie aparece em pé, do lado direito usando cachecol branco, no centro, mãozinha no queixo entre os professores/alunos, a charmosa Eneida Fausto, Coordenadora de Cursos do MuBE, do lado esquerdo da foto, de suéter bordô, o simpático Abrahan Goldstein da B'nai B'tith.
domingo, 11 de setembro de 2011
Ita Liberman e o Equilibrio
Com voz de locutora de FM, a simpática Ita Rosa Liberman monopoliza os olhares e dá asas a imaginação da criançada dos projetos onde narra seus contos, ela é uma inspirada contadora de história do Grupo Era Uma Vez, do Centro de Cultura Judaica, além disso, na semana passada Ita lançou o livro infanto juvenil NEM DE MAIS, NEM DE MENOS, pela Cortez Editora, que já o disponibilizou em seu catálogo http://www.lojacortezeditora.com.br/cortez-1388.html . O livro conta a história dos meninos Paulão e Paulinho, e a gente invariavelmente é ão ou o inho... Todo sucesso e muita Paz e Luz para Ita, que declara que já está muito feliz com esta realização. Votos de sorte, amiga Ita, tu que tão naturalmente propagas e estimula o que é bom, muito mereces.
Sinopse:
Sinopse:
"Quem inventou que todos precisam ser iguais?
Por que eu não posso ser magro e você gordo?"
A questão de ser diferente é o tema tratado no livro.
Além disso, as implicações causadas pelas diferenças
são questionadas pelos personagens Paulinho e Paulão,
que descobrem como superá-las com habilidade.
sábado, 10 de setembro de 2011
Pachamama
"Lá me escapou a decifração do mistério, esse doce mistério de algumas semanas antes, quando Virgília me pareceu um pouco diferente do que era. Um filho!
Um ser tirado do meus ser! Esta era minha preocupação exclusiva daquele tempo. Olhos do mundo, zelos de marido, falecimento de Viegas, nada me interessava por então, nem conflitos políticos, nem revoluções nem terremotos, nem nada.
Eu só pensava naquele embrião anônimo de obscura paternidade, e uma voz secreta me dizia: é teu filho. Meu filho! E repetia estas duas palavras com certa voluptuosidade indecifrável, e não sei que assomos de orgulho. Sentia-me homem.
Um ser tirado do meus ser! Esta era minha preocupação exclusiva daquele tempo. Olhos do mundo, zelos de marido, falecimento de Viegas, nada me interessava por então, nem conflitos políticos, nem revoluções nem terremotos, nem nada.
Eu só pensava naquele embrião anônimo de obscura paternidade, e uma voz secreta me dizia: é teu filho. Meu filho! E repetia estas duas palavras com certa voluptuosidade indecifrável, e não sei que assomos de orgulho. Sentia-me homem.
O melhor é que conversávamos os dois, o embrião e eu, falamos de coisas presentes e futuras.
O maroto amava-me, era um pelintra gracioso, dava-ma pancadinhas na cara com mãozinhas gordas, ou então traçava a beca de bacharel, porque ele havia de ser bacharel e fazia um discurso na Câmara dos Deputados.
E o pai a ouvi-lo de uma tribuna, com os olhos rasos de lágrimas. De bacharel passava outra vez à escola, pequenino, lousa e livros debaixo do braço, ou então caia do berço para tornar a erguer-se homem. Em vão buscava fixar no espírito uma idade, uma atitude; esse embrião tinha a meus olhos todos os tamanhos e gestos: ele mamava, ele escrevia, ele valsava, ele era o interminável nos limites de um quarto de hora -baby e deputado, colegial e pintalegrete.
Às vezes, ao pé de Virgília, esquecia-me dela e de tudo; Virgília sacudia-me, reprochava-me o silêncio; dizia que eu já não lhe queria nada. A verdade é que estava em diálogo com o embrião, era o velho colóquio de Adão e Caim, uma conversa sem palavras entre a vida e a vida, o mistério e o mistério."
E o pai a ouvi-lo de uma tribuna, com os olhos rasos de lágrimas. De bacharel passava outra vez à escola, pequenino, lousa e livros debaixo do braço, ou então caia do berço para tornar a erguer-se homem. Em vão buscava fixar no espírito uma idade, uma atitude; esse embrião tinha a meus olhos todos os tamanhos e gestos: ele mamava, ele escrevia, ele valsava, ele era o interminável nos limites de um quarto de hora -baby e deputado, colegial e pintalegrete.
Às vezes, ao pé de Virgília, esquecia-me dela e de tudo; Virgília sacudia-me, reprochava-me o silêncio; dizia que eu já não lhe queria nada. A verdade é que estava em diálogo com o embrião, era o velho colóquio de Adão e Caim, uma conversa sem palavras entre a vida e a vida, o mistério e o mistério."
Extraído de Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
Publicado pela Ciranda Cultural Editora
Foto: Escultura em fibra
com base de pedra que
realizei em 2009,
é a Pachamama
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Marsicano, Jorge e Rimbaud
Este Rimbaud; Uma Estadia no Inferno, Poemas Escolhidos e A Carta do Vidente, foi traduzido por Daniel Fresnot e publicado pela Martins Claret. O poema O Barco Embriagado foi traduzido em conjunto com Alberto Marsicano, o citarista do Alfa e do Ômega das cordas. Não sei se é o lambrusco há tempos aberto, hoje gelado, ontem uva, sempre dourado África ao entardecer, ou será o cachorro branco perfumado do banho aos meus pés embolado...não sei se é o filho que casa, as mãos loucas, a voz que anda rouca, e ouvir-se a si mesmo em outro tom...bem...gera indagações...mas não sei, talvez tudo:
Enquanto eu acompanhava rios impassíveis,
Não me senti mais guiado pelos rebocadores:
Índios aos berros os tomavam por alvo,
Pregando-os nus aos troncos de cores.
(Os índios que cavalgavam agarrados na ilharga de seus cavalos, achatados como carrapatos ao lado, invisíveis, pelos pampas, eu vou assim, Giane ao lado de Rimbaud, agarrada na barriga de sua poesia, por que é noite de Independência e preciso, ah, o lambrusco! E gritam berros de gelar a alma que parece que fugia pelas costas por uma fenda negra como corte no fígado.)
Não me preocupei com todas as equipagens,
Carregando trigo flamengo ou algodão inglês.
Quando com meus rebocadores acabou a gritaria,
Os rios me deixaram descer onde queria.
(Vão embolando encaracoladas alaranjadas águas. Avisaram que o Tinte desapareceu depois de jantar na granja da namorada e encurtar o caminho da volta, da morte, pelo rio.)
Através dos furiosos murmúrios das marés,
No outro inverno, mais surdo que mentes infantis,
Eu corri! E as penínsulas desgarradas
Nunca tiveram tão triunfais algazarras.
(Sempre chovendo e grama molhada, o milagre e não molhar os dedos e faço o esforço-pé de sandália, apanho azedinhas)
A tempestade abencoou meus despertares marinhos.
Mais leve que a rolha dancei sobra as ondas
que são para as vítimas eternos redemoinhos,
Dez noites, sem lamentar o olho dos faróis!
(Enjoava por saber que árvore não passa correndo pelas janelas do ônibus e constatava que nada do que vemos é verdade, somente o que investigamos, pode.)
Mais doce que às crianças a carne das maçãs,
Penetra a água verde meu casco de pinho
e das manchas de vômitos e do azulado vinho
Me lava, dispersando o leme e o arpão.
(Elas batiam roupa nas pedras do rio. Quando não estavam, as brancas lages reclamavam a falta das pancandas, secas e feias sem as perucas de espumas.)
Desde então mergulhei no Verso
Do Mar, leitoso e de astros mesclado.
Devorando os azuis verdes; onde, lívido imerso
E arrebatado, desce um pensativo afogado;
(Até que os lábios racharam e desdobrou-se aquele pedaço de corpo que ela nunca sentiu que existia, a goela.)
Onde tingindo num instante os azuis, delírios
E ritmos lentos no chão dos dias,
Mais fortes que o álcool, mais vastas que as liras,
Fermentam do amor, acres rubras melancolias!
(Passaram vendendo tapetes, e era só aquele dia, tão grandes quanto a sala, depois que o menino deitou nele, só se podia negociar.)
Sei de céus que estalam em raios, de tormentas
Ressecas e correntes; sei da noite e do Alvorecer
Exaltado tal o revoar da miríades de pombas,
E vi certas vezes o que o homem acredita ver!
(A tempestade vivida dentro dágua!)
Sonhei a verde noite de neves deslumbrantes,
Beijo afluindo aos olhos dos mares lentamente,
A circulação de seivas espantosas,
E o despertar azul amarelo dos fósforos cantantes!
(Então entrei na noite de neve em um túnel com arestas carregando na mão o papel que indicava em chamas iluminando o caminho, noutra ponta era a manhã, a mãe - a saída noutra neve.)
(Então entrei na noite de neve em um túnel com arestas carregando na mão o papel que indicava em chamas iluminando o caminho, noutra ponta era a manhã, a mãe - a saída noutra neve.)
Vaguei por meses como gado histérico,
As ondas arrebentando os recifes,
Sem pensar que os luminosos pés das Marias
Pudessem cavalgar o oceano asmático!
Atingi, como sabem, incríveis Flóridas
Mesclando Às flores olhos de panteras
Com pele humana! Arcos-íris tensos qual rédeas
Som o horizonte dos mares, em glaucos rebanhos!
Vi fermentar enormes pântanos, ardis
Onde entre juncos um Leviatã apodrece!
Despencam águas em meio a calmarias,
E horizontes para os abismos descem!
(Entre as colinas colunas ardis. Testemunho impotente potente traição, não tenho voz!)
Geleiras, sóis de prata, vagas de nácar, céus de brasa!
Encalhe odioso no fundo de golfos negrumes
Onde cobras gigantes devoradas por percevejos
Caem, de tortos ramos, com negros perfumes!
(Andando na encosta serpenteava estradinha, e de barriga pulsante a moça subia, um feto feliz pela viagem sofria, Cavaleiros Semeadores na caravana seguiam, escoltando na encosta o retiro dos dois, ou três...que do martírio fugiam -França!)
Queria mostrar às crianças estas douradas
Na onda azul, estes peixes dourados, estes peixes cantantes,
-Espumas de flores embalaram minhas fugas
E inefáveis ventos me alaram por instantes.
(Longa viagem uma tenda uma veste uma dona - fui vendida
Emboscada decidida longa viagem - Estava salva.)
Ás vezes mártir cansado dos pólos e das zonas,
O mar cujo soluço adoçava os meus vagueios
Me alçou suas flores de sombra de ventosas amarelas
E eu ficava qual mulher de joelhos...
(Ajoelhada com o casal esperando os padres chegarem -era um passeio uma missão um adeus.)
Quase ilha, balançando em minhas margens as brigas
E os excrementos de pássaros dos olhos loiros gritando
E eu navegava quando através dos meus tênues laços
Afogados desciam dormir, recuando!
E eu, barco perdido sobre os cabelos das angras
Pelo furacão no éter sem pássaro lançado,
A quem os Monitores e os veleiros das Hansas
Não teriam a carcaça ébria de água resgatada;
(Saídas ao sol comida frugal vestido forrado cetim e bordado, sapatos, pernas finas algum seio. Corredores, pedras, arcos, pedras grades.)
Livre, fumando, alçado de brumas violetas,
Eu perfurava o céu rubro como o muro,
que traz confeito doce aos bons poetas,
Liquéns de sol e escarros azulados;
(Nas manhãs de São Paulo, mulheres de cabelos secos passeando cães apontam dedos de cigarro.)
Que corria manchado de luas elétricas,
Prancha louca, poripocampos negros escolatado,
Quando julho desmoronava a bastonadas
Os céus ultramarinos ardentes fundados;
(Fundar nova vida de sóbria assembléia rolando os seixos horizonte infinito)
Eu que tremia, ouvindo gemer de ciquenta léguas
O cio dos demônios e dos abismos estreitos,
Tecelão eterno das imobilidades azuis,
Lamento a Europa dos antigos parapeitos!
(Sempre tecendo, nós nos dedos calos dos fios finos vermelhos pretos trançados)
Vi arquipélagos siderais! E ilhas
Cujos céus delirantes se abrem ao vogar:
Tração é nestas noites sem fundo que dormes e exilas.
Bilhão de pássaros de ouro, ô futuro vigor?
(Branca suave luz de múltiplos focos de tarde olhos pequenos sobre o corpo esvoaçavam vaga lumes.)
Mas, verdade, chorei muito!
As auroras são magoantes.
Toda luz é atroz e todo sol, amargo:
O acre amor me inflou de torpezas embriagantes.
(O tempo passava cheio de funções enquanto lutando aguardava a chegada -Joseph!)
Ô que minha quilha estale!
Ô que eu vá ao mar!
Se desejo uma água da Europa, é o charco
Negro e frio onde no crepúsculo perfumado
Cheio de tristeza um menino agachado
Como borboleta de maio solta o tênue barco.
Não posso mais banhado por vossos langores, ô ondas,
Levar seus sulcos dos carregadores de algodões,
Nem atravessar o orgulho das bandeiras e das chamas,
Nem nadar sobre os horríveis lagos dos pontões.
Fotos1 : Cristo na minha visão de 2000, pintura em óleo, registro antes de acabar, e foto 2, durante a gravação do DVD do Show do tremendo Ciro Pessoa no auditório do Ibirapuera em 2010, com a cenografia de Jorge Ferreira e equipe, e participação especial do multi mídia André Petikov o cara das flores astrais e bolhas psicodélicas das imagens projetadas, e Alberto Marsicano que alterou o tecido cósmico com sua citara que perdura, que imprime-se, deeneafica-se, ondulando infinitamente, Marsicano aparelhado, alienado no seu som é must! Estive lá acompanhando meu filho Marcelo, que nos próximos dias se casa com Chrissie. Felicidades e Amor, PAZ E LUZ, sempre com boa música!
São meus votos!
Para ver Marsicano num blues para Hendrix, ative o link:
http//youtu.be/jZzgYW9k4xs:
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