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segunda-feira, 19 de março de 2012

Amor Real

     A rigor, família é uma instituição social que compreende indivíduos
ligados entre si por laços consangüíneos.
     A formação do grupo familiar tem como finalidade a edu­cação,
implicando, porém, outros tantos fatores como amor, aten­ção, compreensão,
coerência e, sobretudo, respeito à individualidade de cada componente do
instituto doméstico.
    Com o Espiritismo, porém, esse conceito de família se alarga, porque
os velhos padrões patriarcais, impositivos e machistas do passado, cedem
lugar a um clã familiar de visão mais ampla de vivência coletiva, dentro das
bases da reencarnação. Por admitir que os laços da parentela são
preexistentes à jornada atual, os preconceitos de cor, de sangue, sociais e
afetivos caem por terra, em face da possibilidade de as almas retornarem ao
mesmo domi­cílio, ocupando roupagens físicas conforme as necessidades
evolutivas.
    As afeições reais do espírito sobrevivem à destruição do corpo e
permanecem indissolúveis e eternas, nutrindo-se cada vez mais de mútuas
afinidades, enquanto que as atrações materiais, cujo único objetivo são as
ilusões passageiras e os interesses do orgulho, extinguem-se com a “causa
que os fez nascer”.
    Assim, vemos famílias que adotam a “eliminação quase total da vida
particular”. A atenção é focalizada de forma exclusiva no grupo familiar,
cujos integrantes vivem neuroticamente uns para os outros. Bloqueiam seus
direitos à própria vida, à liberdade de agir e de pensar e ao processo de
desenvolvimento espiritual, para se ocuparem de cuidados improdutivos e
alienatórios entre si. Vi­vem uns para os outros numa “simbiose doentia”.
    Os elementos que vivem presos a esse relacionamento de permuta egoísta
afirmam para si mesmos: “Se eu me sacrifico pelo outro, exijo que ele se
dedique a mim”. Não se trata de caridade, e sim de compromissos impostos
entre dois ou mais indivíduos de juntos viverem, visando ao “bem-estar
familiar”. Na verdade, não estão exercitando o discernimento necessário para
enxergar a autên­tica satisfação de cada um como pessoa. Não nos referimos aqui ao companheirismo afetivo, tão reconfortante e vital à família, mas a uma postura obrigatória pela qual indivíduos se vigiam e se encarceram reciprocamente.
    Encontramos também outras famílias que não se formaram por afeições
sinceras; fazem comparações e observam caracte­rísticas de outras famílias
que invejam e que buscam copiar a qual­quer custo: são as chamadas
“alpinistas sociais".
    Procuraram formar o lar afeiçoadas a modelos de elegân­cia e a
peculiaridades obstinadas de afetação social, moldando o recinto doméstico
ao que eles idealizam a seu bel-prazer como “chique”.
    Vestem-se à imagem dos outros, comparam carros, mó­veis, gostos e comidas; negam a cada membro, de forma nociva, a verdadeira vocação, tentando sempre copiar modos de viver que não condizem com suas reais motivações.
    Há ainda outras agremiações familiares denominadas “exi­bicionistas”, em que os membros do lar se associam para suprir a necessidade que nutrem de ser vistos, ouvidos, apreciados e admirados. Ajudam-se mutuamente, ressaltando uns a imagem dos ou­tros e focalizando áreas que podem ser valorizadas pelo social, como, por exemplo, a beleza física ou o recurso financeiro. As pessoas vaidosas desse tipo familiar, quando bem sucedidas ou
conceituadas, alimentam exibição sistemática diante dos outros, como forma
de compensação ao orgulho de que estão revestidas.
   Assim considerando, somente os laços de família formados em bases de fidelidade, amor, respeito e dedicação perdurarão pela Eter­nidade e serão cada vez mais fortalecidos. 

    Os espíritos simpáticos envolvidos nessas uniões usufruem indizível felicidade por estar juntos trabalhando para o seu progresso espiritual. “Quanto às pes­soas unidas pelo único móvel do interesse, elas não estão realmente em nada unidas uma à outra: a morte as separa sobre a
Terra e no céu”.



  “... Afeição real de alma a alma, a única que sobrevive à destruição
do corpo, porque os seres que não se unem neste mundo senão pelos sentidos não têm nenhum motivo para se procurarem no mundo dos Espíritos. Não há de duráveis senão as afeições espirituais...” 
(Capítulo 4, item 18.) 




                                  Extraído de O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo 4º item 18.
                         "Detalhes fazem a perfeição e a perfeição não é um detalhe."Michelangelo
                                                                         Recebido de Dé Doellinger/Mahavidya
Foto: Babel, óleo sobre tela, pintei há muito tempo , noutro milênio.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

John Nascimento- Quaresma

O Evangelho de hoje fala-nos do chamamento de Mateus (Levi) que era um cobrador de impostos e, portanto, considerado por todos como um pecador público. Mas Jesus chamou-o e todavia. “Ele, deixando tudo, levantou-se e seguiu-O”. (Lc.5,28).
E, para além disso: “Levi ofereceu-lhe, em sua casa, um grande banquete e encontravam-se com ele, à mesa, grande número de publicanos e de outras pessoas”.(Lc, 5,29).
Ora, toda esta gente (os publicanos) era considerada como sendo pecadores e, como tal, isto causou gande escândalo aos fariseus e aos escribas, que eram considerados aqueles que cumpriam as leis e eram fiéis aos preceitos de Deus. Daí as suas reações: “Os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo aos discípulos: Porque comeis e bebeis com os publicanos e pecadores ?”.(Lc.5,30).
Mas foi Jesus quem lhes respondeu, dizendo-lhes  :
- “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os que estão doentes. Não foram os justos, mas os pecadores, que Eu vim chamar ao arrependimento”.(Lc5,31-32).
E depois disto, seguiu-se uma saturada discussão sobre o Jejum. 
O chamamento de Mateus (Levi), que era considerado como pecador por ser cobrador de impostos, e a sua resposta pronta ao convite de Jesus,
“Segue-me”, é um “Programa de vida”. É uma conversão. Importa, porém, que a preocupação deste programa de vida  se instaure  com tal força na nossa consciência que, de meio se transforme em finalidade. Na verdade, qualquer que seja  a nossa programação quaresmal, ela tem de estar ao serviço duma única finalidade : A promoção do amor que vem de Deus e toma corpo nas nossas relações inter-pessoais. Esse deve ser o programa fundamental de toda a nossa existência  : Um serviço de amor, uma disponibilidade constante para escutar e acolher, uma decisão firme de servir e de dar, uma obediência atenta às inspirações do Espírito Santo.
A conversão que temos de fazer é só uma : Adotarmos aquelas atitudes existenciais, que nos colocam em melhor condição para refletirmos a paciência e a fidelidade do amor de Deus. É no coração daqueles que são fáceis ao amor, que o próprio Deus marca encontro com cada homem a quem chama à aliança consigo como fez com Mateus. Por isso, a nossa conversão tem valor missionário : Convertemo-nos para servir melhor este projeto de Deus e não para melhorarmos a nossa imagem pessoal. Devemos seguir o chamamento de Jesus, caminhar na Sua Luz todos os dias e confiar em que a nossa conversão seja uma resposta aos amáveis planos de Deus para a nossa vida.
imagens e texto recebidos de John Nascimento/Mahavidya

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Todos Somos Um

"Queridos amigos,
A vida deve ser celebrada, valorizada, pois é o nosso maior presente!
No entanto, quase  uma dezena de  jovens Irmãos nossos da etnia Karajá se suicidaram  nesse começo de ano.  E nesse ultimo fim de semana, um  adolescente com 14 anos da Aldeia Santa Isabel do Morro - Município de São Félix do Araguaia, Ilha do Bananal (Tocantins). As causas  estão sendo levantadas: a desesperança, pobreza, invasão do consumismo,  o consumo de bebidas alcoólicas, drogas... Enfim, nossa responsabilidade. 
Uma força tarefa está sendo acionada. 
Mas, podemos ajudar também enviando energia de alegria, conforto, amor, paz, esperança, coragem, verdade; perdão  a essas famílias enlutadas e esse povo irmão.
Proponho:
No dia 13 de fevereiro/2012, segunda que vem às 21 horas, onde vc estiver, junte-se com um grupo de amigos, ou sozinho... e celebre a vida!! 
Coloque música  de alguma etnia indígena e cante, dance e nessa vibração. 
Peça que seja tirado toda energia desqualificada que está comprometendo o povo Karajá. 
E depois envie energia de alegria, conforto, amor, paz, esperança, coragem, verdade; perdão para as crianças, jovens , idosos, mulheres, enfim as famílias que estão sofrendo com essa tragédia. A atuação deve acontecer em todas as dimensões.
Você pode  também orar, vibrar, rezar.... mas direcione a energia como um lazer para esse povo. É uma experiência, é um aprendizado, é uma caridade... é amor ao próximo!!
                                      Tânia Maria Ribeiro Cavalcante, Tocantins - Movimento Pela Vida 
                                                                                  (taniaiansa@gmail.com)"
carta recebida por reencaminhamento da amiga Mirtzi

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

EVANGELHO Jo 19, 28-37

Naquele tempo, sabendo que tudo estava consumado e para que se cumprisse a Escritura, Jesus disse: 
-Tenho sede. 
Estava ali um vaso cheio de vinagre. 
Prenderam a uma vara uma esponja embebida em vinagre e levaram-Lha à boca. Quando Jesus tomou o vinagre, exclamou: «Tudo está consumado». E, inclinando a cabeça, expirou. 
Por ser a Preparação da Páscoa, e para que os corpos não ficassem na cruz durante o sábado – era um grande dia aquele sábado –  os judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. 
Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro, depois ao outro que tinha sido crucificado com ele. 
Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto, não Lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. 
Aquele que viu é que dá testemunho e o seu testemunho é verdadeiro. 
Ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis. 
Assim aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: «Nenhum osso lhe será quebrado». Diz ainda outra passagem da Escritura: «Hão-de olhar para Aquele que trespassaram».
 Compreender a Palavra
Celebramos hoje a Festa das Cinco Chagas do Senhor. O que queremos celebrar é o Mistério da Paixão. Cristo salva-nos dando a vida na cruz que é “loucura para os que se perdem mas, para os que se salvam, para nós, é força de Deus”. 
Estamos, portanto, a celebrar a nossa salvação. As marcas dos cravos e da lança são para nós motivo de louvor.
O evangelho é retirado da narração da paixão descrita por João. Os pormenores pretendem mostrar que Jesus no mistério da sua morte cumpre tudo o que estava dito pelos profetas. Jesus leva à total realização as promessas de salvação anunciadas por Deus através dos profetas.
 Meditar a Palavra
Do lado aberto de Jesus saiu sangue e água. 
Esta afirmação de João no seu evangelho mostra-me Cristo como a fonte de água viva. De facto a minha vida está toda empenhada no mistério da água saída do lado de Jesus. 
Do mistério da sua paixão nasce a água com que fui purificado, lavado e transformado na minha natureza carnal para participar da natureza divina. 
No mistério da morte de Cristo encontra sentido o meu batismo, princípio de vida nova e eterna, que me faz herdeiro do reino inaugurado por Cristo na sua ressurreição. 
O meu coração fica apreensivo diante de tanto amor e a minha alma deseja contemplar este mistério no silêncio sagrado do meu santuário interior.
 Rezar a Palavra
Guarda-me no Teu lado Senhor e banha-me na Tua água purificadora. 
Branqueia a minha veste no teu sangue e deixa-me participar no teu banquete eterno. Reconhece em mim, aquele por quem derramaste o teu sangue e não tenhas em conta o meu pecado, nem fixes os teus olhos sobre a minha culpa. 
Que a tua misericórdia seja a minha proteção e o teu amor o meu advogado.
 Compromisso
O meu coração guarda silêncio diante das Chagas de Cristo.
                                                                          recebido de Mariano Araújo/Mahavidya

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O Cão e o Cavalo

      "No tempo do Rei Moabar havia em Babilônia um jovem chamado Zadig, cuja boa índole se aprimorara pela educação. Embora moço e rico, sabia moderar as paixões  e não afetava nada, não pretendia ter sempre razão, e costumava respeitar a fraqueza dos homens." 
      Zadig casou-se com Azora, que se tornara dificílima de trato, enquanto ele pensava: Ninguém pode ser mais feliz do que um filósofo que lê nesse grande livro colocado por Deus ante nossos olhos. É dono das verdades que descobre; alimenta e eleva a alma; vive tranquilo; nada teme dos homens, e sua extremosa mulher não pode feri-lo.
      Penetrado dessas idéias, retirou-se para uma casa de campo à margem do Eufrates. Ali, não se preocupava ele em calcular quantas polegadas de água corriam por segundo sob os arcos de uma ponte, ou se caía mais uma linha cúbica de chuva no mês do rato do que no mês do carneiro. Não planejava fabricar seda com as teias de aranha, nem porcelana com cacos de garrafa; mas dedicou-se principalmente ao estudo dos animais e das plantas, adquirindo em breve uma agudeza que lhe desvendava mil diferenças onde os outros não viam mais que uniformidade.
      Ora, estando um dia a passear pelas proximidades de um bosque, acorreu-lhe ao encontro um eunuco da rainha, seguido de vários oficiais que demonstravam a maior inquietação e vagavam de um lado para outro, como pessoas desorientadas que houvessem perdido a maior preciosidade deste mundo.
- Jovem - disse-lhe o primeiro eunuco -, não viste o cão da rainha?
- É uma cadela, e não um cão - respondeu Zadig discretamente.
- Tens razão - tornou o primeiro eunuco.
- É caçadeira, e por sinal que muito pequena - acrescentou Zadig. Deu cria há pouco; manqueja da pata dianteira esquerda e tem orelhas muito compridas.
-Viste-a então - perguntou o primeiro eunuco, esbaforido.
- Não - respondeu Zadig -, nunca a vi na minha vida, nem nunca soube se a rainha tinha ou não uma cadela.
       Ao mesmo tempo, por um capricho comum da sorte, sucedeu escapar das mãos de um palafreneiro o mais belo exemplar das cavalariças do rei, extraviando-se nos campos de Babilônia. O monteiro-mor e todos os outros oficiais corriam à sua procura com mais inquietação do que o primeiro eunuco em busca da cadela. O monteiro-mor dirigiu-se a Zadig e perguntou-lhe, se por acaso não vira o cavalo do rei.
- É - respondeu Zadig - o cavalo de melhor galope; tem cinco pés de altura e os cascos pequenos; a cauda mede três pés e meio de comprimento; o freio é de ouro de vinte e três quilates; e as ferraduras de prata de onze denários.
_ Que direção tomou ele? Onde está? - perguntou o monteiro-mor.
- Não o vi - respondeu Zadig - nem nunca ouvi falar nele.
      O monteiro-mor e o primeiro eunuco não tiveram mais dúvidas de que Zadig houvesse roubado o cavalo do rei e a cadela da rainha; levaram-no perante a assembléia do grande desterham, que o condenou ao knut e a passar o resto da vida na Sibéria. Mal se encerrava o julgamento, foram encontrados o cavalo e a cadela. Viram-se os juízes na dolorosa obrigação de reformar sua sentença; mas condenaram Zadig a desembolsar quatrocentas onças de ouro, por haver dito que não vira o que tinha visto. Primeiro foi preciso pagar a multa; depois concedeam-lhe licença para se defender perante o conselho do grande desterham. Zadig falou nos seguintes termos:
_ Estrelas de justiça, abismos de ciência, espelhos da verdade, ó vós que tendes o peso do chumbo, a dureza do ferro, o fulgor do diamante e tanta afinidade com o ouro! Já que me é dado falar perante esta augusta assembléia, juro-vos por Orosmade que jamais vi a respeitável cadela da rainha, nem o sagrado cavalo do rei dos reis. Eis o que me aconteceu. Passeava eu pelas cercanias do bosque onde vim a encontrar o venerável eunuco e o ilustríssimo monteiro-mor, quando vi na areia as pegadas de um animal. Descobri facilmente que eram as de um cão pequeno. Sulcos leves e longos, impressos nos montículos de areia, por entre os traços das patas, revelaram-me que se tratava de uma cadela cujas tetas estavam pendentes e que portanto não fazia muito que dera cria. Outras marcas em sentido diferente, que sempre se mostravam no solo ao lado das patas dianteiras, denotavam que o animal tinha orelhas muito compridas; e, como notei que o chão era sempre manos amolgado por uma das patas que pelas três outras, compreendi que que o animal de nossa augusta rainha manquejava um pouco, se assim posso me exprimir. Quanto ao cavalo do rei dos reis, seja-vos cientificado que, passeando pelos caminhos do referido bosque, divisei marcas de ferradura que se achavam todas em igual distância.
"Eis aqui", considerei, "um cavalo que tem galope perfeito." A poeira dos troncos, num estreito caminho de sete pés de largura, fora levemente removida á esquerda e a à direita, a três pés e meio do centro da estrada.
"Esse cavalo", disse eu comigo, "tem uma cauda de três pés e meio, a qual, movendo-se para um lado e outro, varreu assim a poeira dos troncos." Vi debaixo das árvores, que formavam um dossel de cinco pés de altura, algumas folhas recém tombadas, e concluí que o cavalo lhes tocara com a cabeça, e que tinha, portanto, cinco pés de altura. quanto ao freio, deve ser de ouro de vinte e três quilates; pois ele lhe esfregou a parte externa contra certa pedra que eu identifiquei como uma pedra de toque. E, enfim, pelas marcas que as ferraduras deixaram em pedras de outra espécie, descobri eu que era prata de onze denários.
     Todos os juízes pasmaram do profundo e sutil discernimento de Zadig, o que logo chegou aos ouvidos do rei e da rainha. Só se falava em Zadig nas antecâmaras, na câmara e no gabinete; e, embora vários magos opinassem que o deviam queimar como feiticeiro, ordenou o rei que lhe restituíssem as suas quatrocentas onças de ouro em que fôra multado. O escrivão, os meirinhos, os procuradores compareceram em grande pompa à presença de Zadig, para lhe entregar suas quatrocentas onças; apenas retiveram trezentas e noventa e oito para as custas do processo, e os seus ajudantes reclamaram gratificação.
     Zadig compreendeu como era às vezes perigoso ser demasiado sábio, e jurou consigo que, na próxima ocasião, nada diria do que acaso houvesse testemunhado.
     Essa oportunidade não se fez esperar. Um prisioneiro de estado, que fugira, passou pelas janelas de sua casa. Zadig, interrogado, nada respondeu; mas provaram-lhe que ele olhara pela janela. Foi multado, por esse crime, em quinhentas onças de ouro, e ele agradeceu a indulgência dos juízes, segundo o costume da Babilônia. "Como é lamentável, meu Deus," dizia ele consigo, "ir a gente passear num bosque por onde passaram a cadela da rainha,e o cavalo do rei! Que perigoso chegar à janela! E que difícil ser feliz nessa vida!"
                                   Extraído de "Contos", de Voltaire, Editora Abril, 
tradução de Mário Quintana
Foto que tirei na Estação Ciência/Lapa/2011

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Nicks

"Quanto aos pecados cometidos por um crítico anônimo, a pessoa que publicou e redige uma coisa assim deve ser diretamente responsabilizada como se ela mesmo tivesse escrito a resenha; da mesma maneira que tronamos o mestre artesão responsável pelo trabalho malfeito de seus aprendizes. 
Além disso, deve-se lidar com aquele sujeito da maneira que seu ofício merece, sem a menor cerimônia.
-O anonimato é a canalhice literária contra a qual se deve proclamar: 
"Se você não quer, patife, assumir o que diz contra outras pessoas, cale sua boca difamadora!" 
-Uma resenha anônima, não tem mais autoridade do que uma carta anônima, e por isso deveria ser recebida com a mesma desconfiança. Ou será que o nome de uma pessoa que se presta a liderar uma autêntica societé anônima, deve ser tomado como garantia da veracidade de seus associados?"


Schopenhauer - A arte de Escrever - L&PM POCKET
Foto: Vila Madalena, SP

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Degrau - Diminui, ou Eleva

     A partir de uma notícia que li na Internet, achei alguns links e resolvi compartilhar porque o assunto é importante. Conhecer o que é plágio e combatê-lo permite também que você saiba evitar que material originalmente seu seja copiado por outra pessoa sem lhe dar os devidos créditos. Aí seguem alguns links que podem ser úteis em algum momento: Links de identificação de plágio na Internet: http://www.blogosferalegal.com/2011/03/plagio-academico-uma-cartilha-de.html
Carta ao Presidente do Conselho Federal da OAB (19 de outubro de 2010): http://www.bjournal.com.br/pdf/CombatePlagio%20Documento%20OAB1.pdf
O Plágio Acadêmicos e suas Punições - Uma Revisão - de Roberto G. S. Berlinck: http://quiprona.files.wordpress.com/2011/06/berlinck-o-plagio-e-sua-punicao-uma-revisao1.pdf  Para quem quer uma boa indicação de uma obra que ensina a fazer referências em trabalhos acadêmicos, não há nenhum segredo nem dificuldade, só umas regras meio chatinhas num primeiro momento mas depois fica tranquilo:
Manual para Normalização de Publicações Técnico-Científicas - Júnia Lessa - Ed. UFMG. Custa cerca de R$40,00. O plágio pode acontecer também no local de trabalho, na Internet, com imagens, textos, enfim... Tenha sempre em mente que copiar o que é de outro sem dar os devidos créditos para a/o autora/autor é crime e que você pode processar alguém ou ser processado por isso. E há casos em que não há a possibilidade de citação: não dá pra copiar e pronto! Tem que respeitar. Veja:
Para quem cai na conversa de "amigos" (mui amigos...) e "clientes" e acaba trabalhando de graça, aí vai a dica de um blog de um ilustrador que mostra como agem as pessoas que querem contratar serviços sem pagar por eles:
http://divasca.blogspot.com/
Se você cai nas seguintes conversas:
. Faz de graça pra mim que eu indico seu serviço pra um montão de pessoas;
. Sou seu amigo, você vai cobrar de mim?
. Nossa, tô precisando disso com urgência, não tenho dinheiro, quebra só mais esse galho, vai... É a última vez que eu peço...
Visite o blog de Luis Di Vasca e veja como isso não resulta em mais do que um trabalho gratuito, com direito à reclamação, indignação e, futuramente, mais trabalhos gratuitos:
Recebi a carta acima de Tatiana Leão Marinho/Mahavidya, a questão é o ponto em que chegamos, falando sério não dá para sair daqui sem ter um veredito legal. 
No curso de História da Arte com a professora Rosangela Gonçalves no MuBE, estudamos em uma das aulas o caso de uma fotógrafa internacional (não lembro o nome dela, só do caso, vou consultar a Rô no próximo curso), que visita exposições e fotografa obras que lhe agradam. Interfere minimamente no formato dos trabalhos dos outros, ás vezes nem, imprime e expõe. 
É pimenta pura, fogo na vida de quem registra tudo o que cria e exige créditos. Mas a artista existe, expõe e se posiciona e tem respaldo das galeria que não teem voltado atrás apesar das polêmicas. 
Qualquer que seja a decisão das autoridades especialmente no caso do DJ alemão que copiou a capa que o Benício, o ilustrador brasileiro que criou a imagem para a capa do disco do Erasmo Carlos, o mais ameaçado fica sendo o acervo da internet, no que imagino não menos que 50% do seu conteúdo. 
Penso que com a globalização da informação que inclui criações de Arte, é um tanto difícil controlar a "releitura" de qualquer coisa, e muito difícil controlar a gana feroz ao perceber que é no nosso trabalho que algum charlatão bebe e dá entrevista sobre o que "criou", ás vezes o charlatão é bem premiado, até!
A alternativa é passar a régua e começar do zero: publicou doravante, obedece as lei da citação da fonte, ao menos, os autores poderiam especificar, digo continuar especificando, e sem especificação não se poderia postar, nem o ovo de ouro que difundido é a semente da elevação. 
É crime típico do mesquinho pela vida afora, não citar. 
Alguma imagem que publiquei sem fonte, fiquei sempre no aguardo do contato do autor que por mim não foi esquecido, mas pela fonte divulgadora anterior, mas nunca aconteceu de alguém se manifestar, quem sabe um dia...seria uma honra desagravar o pai de um filho maravilhoso que circula as tontas e sem nome por ai, e no mínimo assunto para bom papo.
A foto que ilustra este texto é uma delas, quem foi o autor da foto, o da ilustração, o das interferências que a loja da internet usa como propaganda das perucas Marilyn, que custam R$25,00?
Aqui no link a Guernica de Picasso "reinterpretada". 
É novidade para ti, que esta releitura foi feita, bem como as menos expressivas que estão na lista ao lado?   http://youtu.be/cSdXZr2_D3A

domingo, 8 de janeiro de 2012

Grupos de Ajuda - Gratuítos

Abaixo alguns grupos de ajuda que são maravilhosos. Todos se caracterizam por serem movimentos filantrópicos, sem fins lucrativos, desvinculado de religiões e política, sigilosos e são coordenados por voluntários rigoramente preparados. Quem sabe tu conheces alguém que precisa de um desses grupos, não é mesmo?
"Só merece a felicidade quem acorda todos os dias disposto(a) a conquistá-la."
Os sites desta lista são de GRUPOS DE AJUDA. São "irmandades" onde todos compartilham suas experiências e dificuldades comuns de forma sigilosa, respeitosa e com um único objetivo: melhorar-se para viver melhor. Nenhum está viculado a qualquer religião ou partido político e todos são totalmente gratuitos.
FUMANTES ANÔNIMOS - GRUPO RENASCER
http://www.fumantesanonimos.org
Fumantes Anônimos é uma irmandade de pessoas
que sentiram o poder da adicção à nicotina.
Encontramos uma solução, uma maneira de viver e crescer sem nicotina, e compartilhamos isto
livremente com os outros e com cada um que deseje juntar-se a nós.


ONEOMANIA - GASTADORES COMPULSIVOS
http://saudealternativa.org/2007/05/oneomania-gastadores-compulsivos-uma-doenca-cada-vez-mais-frequente
O ato de comprar indiscriminadamente é uma doença chamada oneomania, que atinge as pessoas caracterizadas como compradoras compulsivas. A oneomania é um distúrbio bastante controvertido do ponto de vista psiquiátrico e psicológico.


AMOR EXIGENTE
http://web.onda.com.br/charlesb/amorexig/index
Uma proposta de educação destinada a pais e orientadores, como forma de prevenir e solucionar problemas com seus filhos ou alunos.


D.A.S.A - DEPENDENTES DE AMOR E SEXO ANÔNIMOS
http://www.slaa.org.br/br/index
DASA- é uma Irmandade cujos fundamentos são os 12 Passos e as 12 Tradições. Está baseada no modelo adaptado de Alcoólicos Anônimos, para o DASA. O único requisito para ser membro, é ter o sincero desejo de libertar-se da Dependência de Amor e Sexo.


NEURÓTICOS ANÔNIMOS
http://www.neuroticosanonimos.org.br/
Neuróticos Anônimos é uma Irmandade formada por homens e mulheres que compartilham suas experiências, fortaleza e esperança para resolverem seus problemas emocionais comuns e assim, se reabilitarem da doença mental e emocional.


DEVEDORES ANÔNIMOS
http://www.devedoresanonimos-rj.org/informacoes
Para auxiliar pessoas que sofrem da Oneomania foi criado um grupo conhecido como Devedores Anônimos - D.A., tem o propósito de ensinar seus membros a reaprender a lidar com o dinheiro e para isso realizam cálculos das despesas domésticas e as relacionam com os ganhos mensais da pessoa.


EMOCIONAIS ANÔNIMOS
http://www.ajudaemocional.com.br
Reconhecer as nossas limitações é nossa grande vitória! Fazer alguma coisa para vivermos mais felizes é nosso direito!


ALCOÓLICOS ANÔNIMOS
http://www.alcoolicosanonimos.org.br
Alcoólicos Anônimos é uma irmandade de homens e mulheres que compartilham suas experiências, forças e esperanças, a fim de resolver seu problema comum e ajudar outros a se recuperarem do alcoolismo.


AL-ANON
http://www.al-anon.org.br/novosite
Para familiares e amigos dos alcoólicos


COMEDORES COMPULSIVOS ANÔNIMOS
http://www.comedorescompulsivos.com.br
É uma irmandade mundial de indivíduos que, compartilhando experiências e apoio mútuo,
estão se recuperando do comer compulsivo.


DISTÚRBIOS ALIMENTARES - ANOREXIA E BULIMIA
http://www.saskiapsicodrama.com.br/disturbios-alimentares/
Os Distúrbios Alimentares- são doenças de caráter psicológico e sócio-cultural que comprometem a vida e o destino de adolescentes e mulheres jovens. São caracterizados por distúrbios de conduta alimentar, geralmente acompanhados de preocupação com a comida, com a imagem corporal e relacionam-se freqüentemente com os transtornos depressivos.


NARCÓTICOS ANÔNIMOS
http://www.na.org.br/portal
NA é uma irmandade mundial, sem fins lucrativos, ativa em mais de 130 países.Somos adictos em recuperação, que nos reunimos regularmente, sobrevivendo a todas as adversidades. Percebemos que, finalmente há esperança para nós.


MULHERES QUE AMAM DEMAIS ANÔNIMAS
http://www.grupomada.com.br
MADA é um programa de recuperação para mulheres que têm como objetivo primordial se recuperar da dependência de relacionamentos destrutivos, aprendendo a se relacionar de forma saudável consigo mesma e com os outros.


JOGADORES ANÔNIMOS - JOG-ANON
http://www.jogadoresanonimos.org/joganon
Jog-Anon é uma Irmandade de homens e mulheres que são maridos, esposas, parentes e amigos chegados de jogadores compulsivos


Este é para atendimento individual:
CENTRO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA (CVV)
http://www.cvv.org.br/
O CVV é um programa de prevenção ao suicídio e valorização da vida, adotado por diversas instituições mantenedoras pelo Brasil, e concretizando-se como Posto CVV, se caracteriza por ser movimento filantrópico, civil sem fins lucrativos e desvinculado de religiões e política.
Lista que recebi da Ana Lúcia/Grupo Mahavidya
Imagem: Com Cristo, pintei em óleo sobre tela em 2011

Clique aqui para desfrutar do hino ao sol: http://youtu.be/Dmrdn8DUEbE

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Patricia Mattar Oliva - Lua Cheia dia 09/01 às 5h30, em Sampa.


Sol, Plutão e Mercúrio em Capricórnio; Saturno em Libra trígono com Netuno em Aquário - Prenúncio de catástrofes, metas urgentes, escolhas precipitadas. A presença do Tempo, tempo presente, ânsia de ação. Por mais que a história seja contada pelos vencedores, a memória da perda sempre existirá. E os fundamentos procuram terrenos estáveis para enraizar perseverança.
O corpo da humanidade é constituído pelos corpos de cada um. 
A intenção da humanidade é a somatória das intenções individuais.
Rezar justiça, é agir com justiça. Rezar melhor distribuição de renda, é pagar bem pelos serviços contratados. Rezar o fim da ganância, é abrir mão do melhor pedaço do bolo. Só mudando as atitudes individuais conseguiremos transformar o coletivo, independente de sistemas institucionais, leis ou regulamentos.
Infeliz considerar o progresso tecnológico como bem maior e por isso querer cada vez mais para si. Inútil rezar pela paz e saúde, pela honestidade dos políticos, pela sustentabilidade do ser humano no nosso planeta e praticar disputa, sentir-se vítima, inventar doença, mentir, incentivar o apreço pela raridade e o luxo, mesmo em silêncio, entre quatro paredes.
E a Lua nos pergunta: desconhece a eternidade? 


Foto: Flores no Parque Ibirapuera, entre a Oca e o MAM.
Clique aqui e veja As Portas. ainda e sempre, ela, a Lua, regendo as marés e encantamentando os artistas: Moonlight Drive http://youtu.be/9m5kAq1pWs8

domingo, 1 de janeiro de 2012

Para um Recém Chegado

    Quando estou sozinho, tocando o primeiro movimento da Sonata ao Luar, às vezes me dá a sensação de estar na Lua com um piano de cauda, enquanto a Lua, o piano e eu descrevemos a órbita da Terra. Imagino que os acordes que toco podem ser ouvidos em todo o sistema solar, e se não chegam até Plutão, certamente se ouvem em Saturno.
    Ultimamente, comecei a praticar o segundo movimento (o alegretto). Não é muito fácil, mas eu acho lindo quando a minha professora de piano toca para mim. Sempre imagino um monte de bonequinhas mecânicas saltitando para cima e para baixo na escada de um shopping!
   O terceiro movimento da Sonata ao Luar, eu não quero ver nem pintado, não é só porque é difícil mas também porque eu acho um horror ser obrigado a escutá-la. O primeiro movimento (adagio sustenuto) é bonito e talvez um pouco lúgubre, mas o terceiro (presto agitato) é simplesmente ameaçador. Se eu estivesse numa espaçonave e, ao descer num planeta, desse com um pobre extra-terrestre martelando ao piano o terceiro movimento da Sonata ao Luar, daria o fora no mesmo instante, em compensação, se o encontrasse executando o primeiro movimento é bem possível que ficasse uns dias por lá, pelo menos me atreveria a falar com ele e a me informar exatamente sobre a situação do planeta musical no qual aterrissei.
    Uma vez disse à minha professora de piano que Beethoven tinha em si o céu e o inferno ao mesmo tempo. Ela arregalou os olhos. Disse que eu havia compreendido! E me contou uma coisa interessante. Não foi Beethoven quem deu a essa música o título Sonata ao Luar. Ele a chamava de Sonata em dó sustenido maior, opus, 27, número 2, com o apelido Sonata Quase Uma Fantasia. Minha professora de piano acha essa peça dramática demais para se chamar Sonata ao Luar. Diz que o compositor húngaro Franz Liszt descrevia o segundo movimento como "uma flor entre dois abismos". eu diria que é um divertido teatro de fantoches entre duas tragédias. 
Trecho do livro A Garota das Laranjas, de Jostein Gaarder,
publicado pela Cia das Letras.
Foto: Camarim da Expressarte antes da 
apresentação dos alunos de 2011


No link Valentina Lisitsa na Sonata ao Luar:http://youtu.be/t91ry-ev-d4

Feliz 2012, todo meu carinho, e votos de Paz e  Luz