Ultimamente, comecei a praticar o segundo movimento (o alegretto). Não é muito fácil, mas eu acho lindo quando a minha professora de piano toca para mim. Sempre imagino um monte de bonequinhas mecânicas saltitando para cima e para baixo na escada de um shopping!
O terceiro movimento da Sonata ao Luar, eu não quero ver nem pintado, não é só porque é difícil mas também porque eu acho um horror ser obrigado a escutá-la. O primeiro movimento (adagio sustenuto) é bonito e talvez um pouco lúgubre, mas o terceiro (presto agitato) é simplesmente ameaçador. Se eu estivesse numa espaçonave e, ao descer num planeta, desse com um pobre extra-terrestre martelando ao piano o terceiro movimento da Sonata ao Luar, daria o fora no mesmo instante, em compensação, se o encontrasse executando o primeiro movimento é bem possível que ficasse uns dias por lá, pelo menos me atreveria a falar com ele e a me informar exatamente sobre a situação do planeta musical no qual aterrissei.
Uma vez disse à minha professora de piano que Beethoven tinha em si o céu e o inferno ao mesmo tempo. Ela arregalou os olhos. Disse que eu havia compreendido! E me contou uma coisa interessante. Não foi Beethoven quem deu a essa música o título Sonata ao Luar. Ele a chamava de Sonata em dó sustenido maior, opus, 27, número 2, com o apelido Sonata Quase Uma Fantasia. Minha professora de piano acha essa peça dramática demais para se chamar Sonata ao Luar. Diz que o compositor húngaro Franz Liszt descrevia o segundo movimento como "uma flor entre dois abismos". eu diria que é um divertido teatro de fantoches entre duas tragédias.
Trecho do livro A Garota das Laranjas, de Jostein Gaarder,
publicado pela Cia das Letras.
Foto: Camarim da Expressarte antes da
apresentação dos alunos de 2011
No link Valentina Lisitsa na Sonata ao Luar:http://youtu.be/t91ry-ev-d4
Feliz 2012, todo meu carinho, e votos de Paz e Luz
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