Tudo é verdade nos livros de Hermes. Porém, por ocultá-los tanto aos profanos, terminou-se por torná-los inúteis ao mundo.
Tudo é verdade no dogma de Moisés; o que é falso é o exclusivismo e o depostismo de alguns rabinos.
Tudo é verdade no dogma cristão, porém os sacerdotes católicos cometem as mesmas faltas que os rabinos no judaísmo.
Estes dogmas se completam e se explicam uns aos outros e sua síntese será a religião do porvir.
O erro dos discípulos de Hermes foi o seguinte: É preciso deixar o erro aos profanos e fazer a verdade impenetrável a todo mundo, exceto aos sacerdotes; este o amargo fruto da doutrina.
A idolatria, o depostismo e os atentados aos sacerdotes foram os amargos frutos desta doutrina.
O erro dos judeus foi a crença de que constituíam uma nação única e privilegiada e que eram os únicos herdeiros de Deus.
E os judeus, por represália cruel, foram amaldiçoados e perseguidos por todas as nações.
Os católicos cometeram três erros fundamentais:
1° -Acreditaram que a fé deve ser imposta por força à razão e até à ciência cujos progressos combateu.
2° -Atribuíram ao Papa uma infalibilidade, não somente conservadora e disciplinar, mas absoluta como a Deus.
3° - Acreditaram que o homem deve diminuir-se, anular-se, converter-se em desgraçado nesta vida, para merecer a futura, ao passo que, contrariamente, o homem deve cultivar todas as faculdades, desenvolvê-las, engrandecer a alma, conhecer, amar, embelezar a existência, numa palavra, fazer-se feliz, porque a vida presente é a preparação da futura e a felicidade eterna do homem começará quando tiver conquistado a paz profunda que é a resultante dum equilíbrio perfeito.
A consequência de tais erros foi o protesto da natureza, da ciência e da razão, que fazem crer, por um momento, na perda de toda fé e no aniquilamento de qualquer religião da terra.
Mas o mundo não pode sobreviver sem religião, como sem coração não pode existir o homem!
Quando todas as religiões tiverem morrido, viverá a religião universal e única, será a conformidade de todos os homens na crença e na solidariedade universal, unidade de aspirações, diversidade de expressões, ortodoxia na caridade, universalidade quanto ao fundamento e, não direi indiferença, porém, deferência para as formas análogas ao gênio dos diferentes povos, perfectibilidade dos dogmas, melhoramento possível dos cultos; porém, no fundo de tudo isto, a grande e imutável fé de Israel num único Deus, imaterial, imutável, e insubstancial, em que todas as figuras convencionais e imaginadas são ídolos, numa só razão que é a lei universal de todos os seres, e numa só nação, que é o instrumento de Deus para a criação e conservação dos insetos e dos universos!
Assim é que, sob os auspícios e pela influência comercial de Israel, esperamos que se estabeleça, finalmente, na terra:
A Associação de todos os interesses.
A Federação de todos os povos.
A Aliança de todos os cultos.
E a solidariedade universal.
As Origens da Cabala, editora Pensamento
Carta do abade francês Alphonse Louis Constant
(Eliphas Levi, 1810/1875) para o Barão de Spedalieri.
Foto: Romã -meu atelier em 2010
Os requisitos para se sair airosamente deste estudo são uma grande retidão de juízo e amplo ecletismo.
Não se pode ter preconceitos, a razão
por que Cristo dizia:
"Se não tiverdes a simplicidade da criança,
não entrareis em Malkuth", isto é, no reino da ciência."
Parágrafo do mesmo livro.
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