Esta informação foi divulgada pelo Bispo do Xingu, Dom Erwin Krautler.
Setecentas e oitenta e cinco ciranças indígenas entre zero e cinco anos de idade morreram em um ano na região da construção da usina de Belo Monte. Entre outras faixas etárias há muita morte mais, mas...setecentos e oitententa e cinco pessoas recém nascidas, ou engatinhando, aprendendo andar e caminhar, a falar e interagir com mundo, nesta idade inicial, morreram no município de Altamira.
Também não canso de ler e entender a níveis cada vez mais profundos, o artigo do Walcir Carrasco "Ainda me espanto, onde ele escreve:"
Certa época eu morava em um predio no Leblon, no Rio de Janeiro, em frente ao mar. Dois apartamentos tinham pertencido a Georgina de freitas, a famosa fraudadora do INSS. Há um ano foram vendidos em leilão por cerca de R$5 milhões cada um. Perguntei a uma amigo, antigo morador, por que ela tinha dois.
-Ela usava um dos apartamentos só para dar festas, respondeu.
Não podia dar festas na casa dela? Quando a gente anda à noite, na orla do Leblon e Ipanema, onde estão os apartamentos mais caros do país, espanta-se com o número de andares apagados. Alguém me explicou que a maioria pertence a políticos que mal os usam. Compraram para lavar dinheiro. Não posso dar certeza desta informação, mas parece tão provável!
Um bom empresário com R$ 100 milhões na mão constrói uma empresa capaz de empregar milhares de pessoas.
Mas esse dinheiro nos foi tirado, de R$ 100 em R$ 100. Travado o progresso do país. Eu tenho ações da Petrobrás, poucas. Milhares de trabalhadores, certa época, botaram o Fundo de Garantia nessas ações, atraídos pela promesa de lucros. Seu dinheiro virou pó. é justo?"
Mas que baita reflexão!
O Bispo da Prelazia do Xingu e presidente do Conselho Indigenísta Missionário(CIMI), Dom Erwin Krautler viveu com escolta policial à paisana dia e noite nos últimos nove anos de sua missão. Em 2014 ele foi recebido pelo Papa Francisco na Casa de Santa Marta, onde vive o Papa, em Roma. Ao retornar ao Brasil deu uma entrevista escalerecedora a Bruno Calixto da revista Época.
Como Wall-e, o robozinho abandonado em um planeta completamente contaminado, juntei esta revista em uma lixeira ao lado do Cartório de registros de Taquara, ia usar como forração para a Willow e para ascender a lareira no inverno, mas da pilha que juntei, selecionei muitas e estou lendo artigos muito interessantes, pasma de estranheza por ver tanto conteúdo esclarecedor entregue a um público desrespeitado pelas instituições e apático a ponto de não usar a ferramenta que lhe cai nas mãos para abrir as janelas e deixar entrar luz neste país embolorado pela corrupção.
Juntei meio envergonhada, havia um rapaz encostado ao muro que virou para me observar, mas pensei que aquele vexame era um momento e a coleta seria um benefício duradouro também ao meio ambiente, enfim, a gente encontra desculpas quando quer realmente economizar, reutilizar e acima de tudo se aquecer nas noites do longo inverno gaúcho. Deste modo, fique em paz, vem muito trechinho de Época por ai, salvei dois anos de assinatura!
Então, o jornalista Bruno Calixto, lá pelas tantas pergunta a Dom Erwin sobre sua conversa com o papa:
"O senhor falou sobre temas sociais e da Amazônia?
-Sim. O segundo tema é ligado aos povos indígenas. Falei ao papa que há uma campanha anti-indígena em curso. falei da proposta de emenda que quer mudar direitos indígenas já assegurados na própria Constituição Federal. Detalhei alguns pontos sobre a situação dos guaranis-kaiovás, em Mato Grosso do Sul. Eles enfrentam uma situação insuportável, muitas mortes, e sobre o Vale do Javarí, no Amazonas, onde os índios estão contaminados pelo pior tipo de vírus de hepatite, que não tem cura.
...
O terceiro ponto foi a ecologia. Não podemos deixar para as futuras gerações um deserto. O papa me disse que pensa numa encíclica não somente sobre ecologia, mas também sobre a ecologia humana. A gente não pode separa o meio ambiente do ser humano, também parte do meio ambiente.
O senhor falou de Belo monte com o papa?
- Sim, sim. Quando falamos da questão indígena e da questão da ecologia, falei de Belo Monte. Belo Monte é responsável agora pela trasferência de 40 mil pessoas. A maioria vivia em casas bem feitas, de alvenaria ou madeira. Poucos moravam em palafitas. olocam essa gente em casas feitas em série. Verdadeiras gaiolas, sem pensar na forma de o povo se relacionar. O paraense tem uma cultura de família não só com pais e filhos, mas também vovô, vovó, uma enteada, um parente de passagem, alguém que se hospeda. Nossas famílias são assim. onfnar essas famílias àquelas gaiolas é uma agressão tremenda. Claro que os contrutores dizem que é o melhor do mundo.
Essas casas são responsabilidade das empresas?
- O governo fecha os olhos e tapa aos ouvidos diante dos gritos. Antes de começar a hidrelétrica havia a exigência de cumprir condicionantes. O Ibama exigia 40 delas, a Funai 23. De repente deram a licença para instalar o canteiro de obras, e essas exigências não foram cumpridas. Querem cumpri-las concomitantemente com a obra. O que deveria ter sido feito em em termos de hospital, escola, saneamento básico, se faz agora, enquanto Altamira está um caos. tenho a impressão de que não terminarão de fazer tudo.
O senhor ainda acha que é possível parar Belo Monte?
-Não. O estrago já está feito. O que fazemos agora é lutar para que esse povo seja tratado humanamente.
O senhor já tentou dialogar com o governo sobre essa situação?
-Estive com o presidente Lula duas vezes em 2009. do que o Lula me prometeu, nada foi cumprido. Ele prometeu que não empurraria o projeto goela abaixo, que haveria diálogo. Não houve. Disse que não repetiríamos o monumento de insanidade que era Balbina, que o Brasil tem uma grande dívida para com os atingidos por barragens, e que essa dívida tem que ser paga. Quero ver onde já pagou. E disse que o projeto só sairia se fosse do agrado de todos. Isso é impossível. tudo o que ele falou foi simplesmente para agradar ao bispo. fiquei muito magoado."
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