Desde que falei pela primeira vez contra o governo do PT, venho sofrendo o assédio de pessoas que desejam demais que a utopia que eles instauram ou corroboram, seja boa, seja o que se declarava no início.
Desde que continuei argumentando contra o governo alienante venho sendo excluída gradativamente dos direitos concernentes a cidadania.
Acho uma pena ter sofrido tantos percalços como punição.
Tem sido extremamente doloroso suportar as consequências de enxergar consequências de entregar todo o poder em mãos de gente dada a tirania e a promoção da tirania, quando a maioria está desesperada para viver uma utopia e age como se as consequências históricas experimentadas por outros povos que se negaram a reagir a tempo, sejam uma exceção, e não uma regra mundial.
E assim, quando Tarso Genro foi eleito vice e Olívio Dutra, prefeito, de Porto Alegre, a capital do RS, no interior a sombra já começava a tomar conta.
Em 1992, Genro sucedeu Dutra na prefeitura da capital. Dutra elegeu-se governador, Genro foi secretário de Educação de Lula, e o RS começou a mudar de cara.
Mudanças são naturais até que deixem de ser e se tornem obrigação geral.
Mudou, no início pela mística da utopia e seus propagadores logo que instalados não pouparam recursos públicos para adquirir as consciências opositoras.
O Rio Grande do Sul foi dominado e remodelado a feição desejada por Lula, Genro e Dutra.
Quando você tem certeza de que a utopia tomou o poder e dominou todos ao seu redor? Ao sentir falta de mobilidade e plasticidade mental na massa. Ela se une de forma radical em torno de um único objetivo, que é eliminar as células dissidentes.
O PT, sacana e esperto, recém escolado no desastre da repressão militar, apesar de treinado e treinador em guerrilhas, determinou então pela asfixia profissional dos opositores ou capitulação monetária.
Mudei-me para São Paulo, para o Pontal do Paranapanema, para acompanhar o marido em seu trabalho e lá conheci o universo dos acampamentos dos sem-terra. Fui vizinha de Deolinda e José Rainha naquela época, concluí que apesar de que todos que moravam provisoriamente não fossem agricultores originalmente, mereciam justiça social. Eram os acampamentos nas cercanias e alguns assentamentos já estavam instalados. O Brasil é um país rico que pode oferecer vida digna aos seus habitantes, mas foi ali que senti que os excluídos de longa data, agora assimilados como vítimas, tinham gana imensa de quem julgavam ser seus algozes; a sociedade tradicional pagaria uma conta amarga pela situação social deles e de seus antepassados. Todos, qualquer um que tivesse aparência do inimigo dominador, do fantasma opressor.
Era a revolução.
Deixáramos de ter a possibilidade de integração por mérito, o sistema anterior havia sido deposto e o dominante estava ávido por desforra. Sinistramente a credencial de admissão no novo sistema exigia um cidadão de joelhos que não visse defeitos nos mandatários, não ouvisse argumentos contrários aos desmandos e corrupção praticados por eles e já evidentes e especialmente punia comentários contrários ao PT, ao divino pai Lula e a sua gerente máxima, Dilma.
Se os adultos receptores das bolsas que o governo instituiu a profusão, guardavam alguma espécie de polidez no trato dos que identificavam como críticos da utopia, suas crianças nunca disfarçaram e logo meus filhos começaram a sofrer ataques.
Mudamo-nos para a capital e tão logo falei da situação política do país, através do blog Flor Amarela, ele saiu do ar, eu reclamava e escrevia cartas públicas, pedindo apoio, socorro e denunciando. Desapareceu algumas vezes, reapareceu e nas vezes que eu ficava sem ele, abria outro canal, através de cartas ou novos blogs.
Agora, dez anos após sair de Teodoro Sampaio, moro novamente no RS, reencontro um estado sucateado e almas ao léu, rencontro desemprego, tristeza e uma realidade de violência inaudita. A tão valorizada educação do gaúcho já não existe mais, em seu lugar os programas ovos para formação de soldados do PT.
Na capital, sempre que possível frequentei os seminários e às palestras do Ministério da Cultura em que o Ministro ou a Ministra estivessem presentes. Inteirei-me das diretrizes e percebi a teatralidade da postura de um Ministério que precisava mostrar a cara a público fazendo um arremedo de Cultura, mas que existia com outra finalidade que não vinha à tona nas reuniões públicas que assisti.
Naquela época, associei-me a uma Cooperativa de artistas, eu precisava desesperadamente de trabalho, era essa minha pretensão, inserir-me no mercado de trabalho. Logo fui identificada pelo meu posicionamento, creio que através dos blogs, e então não tive mais contato com a Cooperativa, mas não antes de saber que ali não era preciso trabalhar, o caso era associar-se e receber mesada do governo.
Comprometer-se politicamente.
Saí de São Paulo quando o PT assumiu a prefeitura, após violência médica, praticamente um estupro coletivo em um posto de saúde da região onde morava. Uma médica acompanhada por duas enfermeiras que mantinham-se em postura militar próximo as minhas pernas, em uma sexta-feira depois das 18:00h, a pretexto de um exame de colposcopia uterina, feriu-me várias vezes com a introdução de gaze e instrumento pontiagudo em meu corpo. Estavam visivelmente tensas e eu sofri com medo de fugir dali e pela dor do exame.
Logo após, fui indicada para tratamento em um hospital que trata pacientes com câncer e na triagem fui designada para radioterapia ou histerectomia. Decidiriam na próxima consulta.
Foi quando decidi retornar ao meu estado natal e deixar São Paulo para o seu novo prefeito.
Viver aqui não é melhor, encontro concidadãos torturadores empoderados e aboletados na máquina pública, são médicos, dentistas, são atendentes formados na lei das sombras instituída pelo PT. São parentes que venderam a consciência, e sofro ameaças, violência e sou vítima de fraudes ímpares.
Leio sobre os exilados políticos da época da ditadura, estes que aí estão retornados e sei que fugiram para o exterior por saberem de amigos torturados, por receio de serem eles os próximos. Fico a imaginar os poderosos através do PT, no meu lugar, sentando-se na cadeira do último dentista público que me atendeu e declarou que meus dentes são horríveis, que deveria lixar as pontas dos dentes incisivos superiores centrais - os mesmos que foram tratados de forma estética por uma engenheira professora doutora na cidade de Presidente Prudente, para apresentarem a harmonia que têm hoje - fico a imaginar o orgulho que sentiriam do país que deformaram, ao serem atendidos por um dentista torturador com as costas quentes, do qual não adianta reclamar para a administração, pois ele é o cidadão que a sociedade atual deseja e privilegia, não eu.
Encontro com o Ministério da Cultura(Mamberti) na Barra Funda
Encontro com Ministério da Cultura(Ana Holanda) na Assembléia em SP
Minc na Assembléia
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