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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Casino Royale ou Wirlwind

Às vésperas do Natal de 2007 eu havia passado pelo primeiro dos transplantes de córnea. 
Quando estava recuperada fui assistir o primeiro filme em cinema enxergando sem usar lentes. Eu caminhava pelos corredores do shopping fascinada em poder enxergar os meus dedos dos pés aparecendo nas sandálias, era tremendamente mais encantador do que as vitrines. 
O filme foi escolhido aleatoriamente, e eis que a próxima sessão era 007 - Cassino Royale. James Bond em seu 21° filme, interpretado por Daniel Craig, em sua mais triste e violenta missão. O mais vibrante, envolvente e realista drama da franquia 007. Casino Royale foi escrito por um trio: Robert Wade, Paul Haggis e Neal Purvis, então o filme narra a primeira missão de James Bond com sua licença para matar; é o filme mais feroz que já assisti, porque havia sonhado em ver tudo com nova visão, tudo de bonito que o mundo oferece, assistir este James Bond ainda vulnerável, dirigido por Martin Campbell, me feriu. Saber que a gratuidade da morte acontece assim neste momento em alguns lugares do mundo, e que as mortes são apenas acidentes de percurso nas ações de dominação custe o que custar, não, eu estava só em meu coração aberto, e forma três escritores a tecer a trama terrorismo x agentes secretos da lei.
Crudélissimo! Recomendo a quem queira avaliar a situação do cidadão "comum" apanhado em meio ao encontro de forças tais, mas não abra seu coração ao filme. É sofrimento garantido. Como acabou a aventura para mim? Correndo e me trancando no banheiro do shopping para lavar a córnea nova de dentro para fora. Me diga, eu nunca consegui assistir este filme até o final, tu já o assististes? Para ti também é forte assim? 
Passei anos a reviver aquelas cenas de mortes fúteis, chantagem e crueldade suprema, analisando o que ocorre no jogo do comércio de Seres, então li Turbilhão, de James Clavell, para entender melhor a expulsão do paraíso na gênesis da violência global. 
Não aceito, mas é preciso entender.

O título original do livro Turbilhão, é Whirlwind, foi traduzido para o português por Lea Viveiros de Castro, e publicado no Brasil pela Editora Record.
Foto, detalhe da obra hors concours no 26° Salão de arte de Pinheiros: O Beija Flor, Joseph, Minha Família, Com Chris 

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