Ao lado da esposa, dona Rosalynn, o presidente Jimmy Carter, volta a construir casas para o Habitat for Humanity após cirurgia no quadril. Imagem Getty |
Ninguém é o centro de um círculo para onde deseje trazer dor e sofrimento, dentro do círculo, só o amor, e a pessoa integralmente, sem reservas e mais forte.
Assim, saiu recentemente de uma hospitalização breve, o presidente Carter, e a seguir se encaminhou para o projeto de casas populares.
Há aquela foto em minha página Clara d Abadia do Facebook, do presidente, sábio ancião, raspando uma parede sorridente.
Se ele apenas posou para a foto após o período de hospitalização, ainda assim, criou uma imagem mágica capaz de levar luz a muitos corações, aos dos sem teto, aos das pessoas que desistem das pequenas ações se estão impedidas por qualquer motivo de praticar as grandes, e aos que o admiram, então, nem dá para imaginar o quanto é inspirador.
Acontece que eu sofria violência e assédio quando criança, já declarei o que nunca tinha mencionado nunca antes para ninguém, que naquela fase criei um círculo e ele me levava onde o presidente Carter dava entrevistas e arrazoava no seu círculo de luz.
Ele nunca soube que eu entrava em seu círculo, mas como era um círculo de produção, de trabalho, e de boas intenções, eu podia entrar e era para ele que eu fugia quando molestada verbalmente pelo meu tio, que a título de piadas, me desmerecia e hostilizava. Infelizmente ele era o líder da família e os protestos tímidos dos meus pais nunca foram suficientes para dissuadi-lo daquela campanha de agressão contra alguém que ele nutria alguma inimizade que não levava em conta a faixa etária.
Quando gargalhava de forma canastrona e estridente apontando um dedo para mim, e com a outra mão segurando a barriga, rindo até as lágrimas dizendo que eu era uma velhinha, que nem conseguia abrir os olhos, que já tinha pés de galinha, que nunca cresceria mais que aqueles meus cinco e seis anos, que só ficaria mais curvada, e eu não tinha argumento suficiente contra o parente adulto, e só podia chorar.
Amar o presidente Carter pela televisão foi minha capa de proteção, minha escolha de sanidade mental: "Uns adultos são ruins, outros são bons, alguns homens nunca passarão dos quilos de carne que são, outros voam pelo ar e chegam através da televisão, resolvendo problemas, trabalhando com seriedade." E assim me protegi correndo para o círculo do presidente.
É claro que isso, naquele meio, seria inexplicável e acarretaria numa pecha de desnorteada, além de pessoa idiota ou incapaz de reação que procuravam me impor.
Sempre que vejo a Vida do presidente Carter me sinto grande e vejo que hoje sou bonita, saudável e que aprendo tudo ao que me dedico, que tenho ambições nobres, que o meu círculo se parece muito com o do presidente Carter, nele há sensibilidade e busca constante pela edificação.
Fiquei emocionada ao ver o ex-presidente Jimmy Carter dando sua energia a um trabalho filantrópico, iluminou meu coração.
Aqui não me entregam correspondências, pedi a minha filha e no final do ano ela trará alguns livros escritos pelo presidente Jimmy Carter, especialmente a sua biografia "Memórias Espirituais", que foi lançado no Brasil pela editora Nexo, em 1998.